📝RESUMO DA MATÉRIA

  • Desde doenças do coração e diabetes tipo 2, até câncer, há muito tempo que a resistência à insulina está na base da maioria das doenças crônicas
  • Após descobrirem que muitos lutam contra a resistência à insulina, pesquisadores da Universidade de Copenhague estão agora incentivando os médicos a monitorarem os níveis de açúcar no sangue de seus pacientes com câncer
  • Pacientes com câncer são “marcadamente resistentes à insulina”, revelou na sua revisão sistemática e meta-análise
  • Alimentos processados são os principais culpados pela resistência à insulina, porque são carregados com açúcares adicionados, grãos processados e óleos de sementes ômega-6 processados industrialmente e ricos em ácido linoleico (AL)
  • Mudanças na dieta, restrição de tempo de alimentação e movimentação diária suficiente, pode, geralmente, resolver a resistência à insulina

🩺Por Dr. Mercola

Há muito que alerto que desde doenças cardíacas e diabetes tipo 2, e a maioria das doenças crônicas, até câncer, tem como base a resistência a insulina. Após descobrirem que muitos lutam contra a resistência à insulina, agora, investigadores da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, estão encorajando os médicos a monitorar os níveis de açúcar no sangue dos seus pacientes com câncer.

“Uma das causas críticas de disfunções metabólicas é a resistência à insulina. As taxas mais altas de recorrência do câncer e à redução da sobrevida global estão ligadas a disfunção metabólica, comum em pacientes com câncer. A equipe explicou, que, no entanto, a resistência à insulina é raramente considerada na clínica”. Os pacientes com câncer são “marcadamente resistentes à insulina”, como foi revelado na sua revisão sistemática e meta-análise, o que deve orientar prioridades na prevenção e tratamento.

Muitos pacientes com câncer são resistentes à insulina

Sabe-se que desde a década de 1920 que os pacientes com câncer geralmente apresentam urina com cheiro adocicado devido aos níveis elevados de açúcar no sangue, embora a resistência à insulina ainda não seja considerada no tratamento convencional do câncer.

O autor do estudo, Lykke Sylow, disse ao SciTechDaily :“Esta foi uma das primeiras coisas que aprendemos sobre pacientes com câncer”. “As células não respondem bem ao hormônio insulina em pacientes com câncer. Portanto, para criar o mesmo efeito em pacientes com câncer, é necessária mais insulina. Seu corpo precisa produzir mais insulina do que o normal para poder regular o açúcar no sangue, se você sofre de resistência à insulina.”

A tendência de ser resistente à insulina, no entanto, não atinge apenas pessoas com câncer. A resistência à insulina, que está associada à obesidade e à diabetes tipo 2, bem como à hipertensão e atividade física limitada, está presente em pelo menos 40% dos adultos norte-americanos com idades compreendidas entre 18 e 44 anos. Mesmo que a glicemia em jejum esteja normal, outras estimativas sugerem que ainda mais americanos são resistentes à insulina.

Entre 2017 e 2018, apenas 6,8% dos adultos norte-americanos tinham saúde cardiometabólica ideal, segundo um estudo bombástico publicado e julho de 2022. O significado disso é que a percentagem real dos adultos norte-americanos metabolicamente inaptos é superior a 95%, superando a estimativa de 93%.

O diabetes tipo 2 pode se desenvolver cerca de 10 a 15 anos após o início da resistência à insulina, se não houver mudanças no estilo de vida. Está não é a única consequência. A resistência à insulina acelera o processo de envelhecimento e contribui para o desenvolvimento de doenças degenerativas, embora ela seja essencial para se manter vivo.

O pâncreas, para compensar, secreta mais insulina na corrente sanguínea para diminuir o açúcar no sangue. Transformando em gordura o açúcar no sangue, a insulina é muito eficiente. Mais gordura se acumula em seu corpo à medida que você secreta mais.

Segundo a Biblioteca Nacional de Medicina, “as consequências metabólicas da resistência à insulina podem resultar em hipertensão, dislipidemia, hiperuricemia, hiperglicemia, marcadores inflamatórios elevados, estado pró-trombótico e disfunção endotelial”. Porém, o câncer também está relacionado.

Lyyke Sylow, um dos principais autores do estudo, explicou: “As células não respondem bem ao hormônio insulina em pacientes com câncer.” “Portanto, para criar o mesmo efeito em pacientes com câncer é necessária mais insulina. Seu corpo precisa produzir mais insulina do que o normal para poder regular o açúcar no seu sangue, se você sofre de resistência à insulina." E isso, “pode ser um enorme problema para os pacientes com câncer”, diz o autor principal, Joan Màrmol.

Alzheimer, outras doenças ligadas à resistência à insulina

Para determinar se a resolução da resistência à insulina em pacientes com câncer poderia melhorar os resultados, o estudo apresentado sugeriu mais pesquisas. Na verdade, é importante para uma saúde ideal e para prevenir a maioria das doenças crônicas resolver a resistência à insulina, como já se sabe.

Mesmo uma ligeira elevação do açúcar no sangue está associada a um risco elevado de demência, por isso, a doença de Alzheimer está intrinsecamente ligada à resistência à insulina. “Doenças como diabetes, hipertensão, tumores e doença hepática gordurosa não alcoólica, estão intimamente ligadas com a resistência à insulina, pois, desempenha um papel crucial no desenvolvimento e progressão de doenças relacionadas ao metabolismo. Isso fornece uma base para a compreensão comum destas doenças crônicas.”, conforme observado em Frontiers in Endocrinology.

Também estão ligadas à resistência a insulina doenças cerebrovasculares, síndrome do ovário policístico, rigidez vascular, doença renal crônica, ataque cardíaco e doença arterial coronariana. Incluindo inflamação crônica, promoção da proliferação celular, modificações epigenéticas e disbiose intestinal, em termos de câncer, a resistência à insulina pode aumentar o risco e piorar os resultados mediante múltiplos mecanismos.

Como a resistência à insulina resulta em disfunção mitocondrial, suas consequências para a saúde são significativas e variadas. Como seu corpo não consegue queimar gordura como combustível primário, o processo se inicia. São geradas mais espécies reativas de oxigênio (ROS), que danificam as mitocôndrias de suas células, quando seu corpo depende principalmente do açúcar como combustível.

O que causa a resistência à insulina – e o que fazer a respeito?

Normalmente, fatores de estilo de vida e escolhas alimentares inadequadas são causas da resistência à insulina. Especificamente, alimentos carregados em grãos processados e com adição de açúcares. Mas, ricos em ácido linoleico (AL) — que são os principais culpados pela resistência à insulina, os mais deletérios são os óleos de sementes ômega-6 processados industrialmente.

Eliminar os óleos de sementes processados industrialmente é a mudança mais importante a fazer, pois eles são erroneamente rotulados como óleos vegetais. Soja, semente de algodão, girassol, milho, canola e cártamo são exemplos de óleos de sementes ricos em AL, que aumentam os radicais livres oxidativos, causando disfunção mitocondrial.

Para evitar AL, concentre-se em comida de verdade, ou seja, evite alimentos processados e a maioria dos alimentos de restaurante. Considere reduzir o LA para menos de 7 gramas por dia — para perda de peso e saúde — o que é próximo ao que nossos ancestrais costumavam consumir antes que as condições crônicas de saúde, incluindo a obesidade, se tornassem generalizadas.

Para normalizar os níveis de AL nos tecidos saudáveis são necessários três anos de restrição rígida ao óleo de semente, para a maioria das pessoas. O AL deve representar menos de 2% de suas calorias diárias, para ser específico. Insira seus dados alimentares no Cronometer e ele calculara sua porcentagem automaticamente para um acompanhamento.

Outra estratégia importante é comer com restrição de tempo. Nossa genética é otimizada para ter em intervalos variáveis, não a cada poucas horas, pois nossos ancestrais não tinham acesso a alimentos 24 horas por dia, 7 dias por semana. Seu corpo se esquece de como queimar gordura como combustível, quando você consome alimentos em um intervalo curto de tempo por meses, anos ou décadas, sem nunca perder uma refeição.

O tempo de consumo de alimentos a oito ou dez horas, ou até menos na maioria dos dias da semana, é o modo que a maioria das pessoas que praticam TRE limitam. Num estudo, adultos obesos queles que usaram uma janela alimentar de 12 horas ou mais tiveram menos benefícios do que aqueles que usaram a janela de oito horas, estes perderam mais peso e tiveram mais melhorias na pressão arterial diastólica e no humor.

Levando ao aumento da sensibilidade à insulina, o jejum também é útil para a diabetes tipo 2. Você pode aumentar para 10 ou 12 horas a janela alimentar depois que recuperar a sensibilidade à insulina.

Como acompanhar o seu nível de açúcar no sangue

A zona de perigo de resistência à insulina é demarcada por um nível de açúcar no sangue acima de 90 mg/dl. Existem quatro tipos de medição do açúcar no sangue:

  1. Teste de glicemia plasmática em jejum — Quando você coleta sangue pela manhã, após ter feito jejum a noite toda
  2. Teste oral de tolerância à glicose –O jejum noturno é necessário para medir seu nível de açúcar no sangue em jejum, assim como no teste de glicemia em jejum. Um líquido doce é fornecido e os níveis são testados durante as duas horas subsequentes.
  3. Teste de hemoglobina A1C – Esse teste indicará seu nível médio de açúcar no sangue nos últimos dois ou três meses, ele verifica a porcentagem de açúcar no sangue ligada a hemoglobina.
  4. Teste aleatório de glicose plasmática — Usa-se sangue coletado aleatoriamente

Um simples teste de glicose caseiro, onde você pica o dedo e deposita uma gota de sangue em uma tira de teste de glicose, resolverá o problema, para a maioria das pessoas. Testar três vezes ao dia é o ideal: logo pela manhã, antes da primeira refeição e algumas horas depois da última refeição.

No entanto, os níveis de glicose podem ser enganosos porque, eles aumentam porque seu corpo necessita de uma certa quantidade de glicose e seu corpo aumenta o cortisol para sacrificar proteínas de seus músculos e ossos para produzi-lo; então, após jejuar por um dia ou consumir pouco carboidrato, seus níveis de glicose no sangue diminuirão.

Ao longo do dia seus níveis de açúcar no sangue variarão. Sua glicemia ao acordar em jejum deve estar abaixo de 100 mg/dl, se você é saudável e não tem diabetes, segundo as recomendações convencionais. Minha recomendação, no entanto, é um nível abaixo de 90 mg/dl, ao acordar.

Seu nível de glicose deve estar entre 70 e 99 mg / dL, antes da refeição. Após as refeições – ou o que é chamado de “pós-prandial” e geralmente tomado duas horas depois de comer – o nível deve estar abaixo de 140 mg/dL. Existem duas formas de medidas para glicose no sangue, lembre-se.

A medição é em miligramas de glicose por decilitro de sangue (mg/dL), nos EUA. No Reino Unido e Canadá, é feita em milimols/litro (mmol/L). Portanto, para uma pessoa do Reino Unido para converter mg/dl, multiplique por 18 Se tem um resultado de glicemia de 7 mmol/L, nos EUA é lido como 126 mg/dL.

Berberina ajuda a regular microbioma intestinal e o açúcar no sangue

Com mudanças na dieta, geralmente, a resistência à insulina é fácil de resolver. Considere a berberina, um composto extraído de goldenseal, bérberis, uva Oregon e açafrão, se por acaso você estiver procurando por suporte adicional. Para ajudar a regular a pressão arterial também é promissor. A berberina reduziu os níveis de insulina, sendo a dose ideal de 1,8 gramas por dia, segundo uma revisão sistemática da literatura de 2022.

A berberina tem o funcionamento similar ao metformina, medicamento usado para o tratamento do diabetes. Pelo menos em parte, ambos operam, ativando a proteína quinase, que é ativada pelo monofosfato de adenosina (AMPK). A AMPK é uma enzima que controla como a energia é produzida no corpo e como ela é usada pelas células, conhecida como “interruptor mestre metabólico”.

A berberina e a metformina ajudam a regular as atividades biológicas que normalizam os desequilíbrios lipídicos, glicídicos e energéticos, ao ativar esta enzima. Na medicina chinesa, a berberina é usada para tratar diabetes, também consegue balancear a resistência hepática à insulina em roedores diabéticos.

Incluindo o fortalecimento da função da barreira intestinal e a redução da inflamação, a berberina também pode ajudar a aliviar distúrbios metabólicos através de efeitos favoráveis no microbioma intestinal. Para otimizar o açúcar no sangue, suplementos como a berberina devem ser usados como parte de uma estratégia mais abrangente.

Também são importantes movimentos e exercícios diários. Mesmo uma única sessão de exercícios moderados pode melhorar a forma com que seu corpo regula a glicose e reduz os picos de glicose pós-prandiais, segundo pesquisa publicada na revista Medicine & Science in Sports & Excercise.

Tomar medidas para resolver a resistência à insulina é uma estratégia importante para evitar doenças crônicas e manter uma saúde ideal, quer você esteja visando especificamente o câncer ou não.