RESUMO DA MATÉRIA
- Pessoas com níveis mais elevados de luteína, zeaxantina e beta-criptoxantina tiveram um risco reduzido de desenvolver demência, conforme medido em 7.283 pessoas com mais de 16 anos
- A luteína e a zeaxantina há muito tempo são valorizadas devido sua capacidade de proteger os olhos, quando combinados com vitamina E parecem melhorar a função pulmonar e quando combinados com beta-criptoxantina e vitamina E são correlacionados de forma inversa com insuficiência cardíaca congestiva
- A astaxantina é outro antioxidante associado ao retardamento do envelhecimento cerebral que possui um papel na proteção da pele de dentro para fora e contra a demência, doenças cardíacas e Parkinson
- O sulforafano é um composto organossulfurado que combate a doença de Alzheimer e ativa as respostas antioxidantes e anti-inflamatórias do organismo, inclusive aumentando o papel da glutationa, o "antioxidante mestre"
Por Dr. Mercola
Um estudo apoiado pelo National Institute on Aging e publicado na revista Neurology, demonstra que pessoas que possuem níveis mais elevados de antioxidantes específicos no sangue podem reduzir seu risco potencial de desenvolver demência.
Antioxidantes são substâncias que ajudam a proteger o corpo contra danos celulares causados pelos radicais livres. O organismo produz radicais livres como parte do metabolismo normal, após exposição a alguns poluentes ambientais e exercícios. Em níveis elevados podem danificar células e material genético.
Os radicais livres possuem um elétron a menos, o que os torna instáveis. O radical livre procura roubar o elétron necessário de qualquer substância próxima, transformando essa substância em um radical livre. Os danos dos radicais livres também podem alterar o funcionamento de uma célula, o que leva ao estresse oxidativo e a doenças crônicas.
O organismo utiliza antioxidantes para lutar contra os radicais livres, porque eles doam um elétron extra para o radical livre sem se transformar em um. Alguns dos antioxidantes com os quais você está familiarizado incluem: carotenóides, manganês, selênio, vitamina E, vitamina C e beta-caroteno.
Embora todos os antioxidantes tenham funções semelhantes, nem todos são intercambiáveis, o que significa que eles possuem propriedades únicas e nenhuma substância pode fazer todo o trabalho. Na última década, os pesquisadores descobriram que muitas das doenças crônicas e distúrbios na sociedade moderna estão ligadas a um aumento na inflamação.
Um desequilíbrio de antioxidantes naturais para a produção de radicais livres pode aumentar a resposta inflamatória associada a diabetes, doenças cardiovasculares, doenças inflamatórias intestinais, obesidade e artrite.
Os pesquisadores sabem há muito tempo que os antioxidantes desempenham um papel na prevenção da demência. O estudo em destaque identificou 3 antioxidantes específicos que podem desempenhar um papel na redução do risco de demência.
Luteína, Zeaxantina e Beta-Criptoxantina estão relacionados à um menor risco de desenvolver demência
Os pesquisadores estavam interessados em como os antioxidantes podem afetar o desenvolvimento da demência. Um autor do estudo, May A. Beydoun, Ph.D., MPH, do National Institutes of Health's National Institute on Aging em Baltimore, Maryland, comentou sobre a necessidade de abordar o funcionamento cognitivo em uma população em envelhecimento:
“Ampliar o funcionamento cognitivo das pessoas é um importante desafio de saúde pública. Os antioxidantes podem ajudar a proteger o cérebro do estresse oxidativo, que pode causar danos às células. Mais estudos são necessários, para testar se a adição desses antioxidantes pode ajudar na proteção do cérebro contra demência.”
Segundo a Alzheimer's Association, em 2050, haverá cerca de 13 milhões de pessoas vivendo com a doença de Alzheimer. Hoje em dia, é responsável por mais mortes do que câncer de mama e de próstata combinados e, em 2020, o COVID contribuiu para um aumento de 17% nas mortes de pessoas com demência e Alzheimer.
Uma estimativa publicada em 2022 no Lancet e financiada pela Fundação Bill & Melinda Gates, estimou que o número global de pessoas com todas as formas de demência aumentaria de 57,4 milhões para 152,8 milhões em 2050.
Os autores do estudo observaram então que “o crescimento e o número ressaltam a necessidade de esforços e políticas de planejamento de saúde pública para atender às necessidades desse grupo.” O estudo apoia o investimento da Fundação em demência, incluindo o interesse em vacinas em parceria com a indústria farmacêutica.
Uma revisão sistemática e metanálise publicada em 2020, descobriu que o número de pessoas com demência quase dobra a cada cinco anos e a prevalência é maior em mulheres do que em homens. Esses números ressaltam a importância de encontrar estratégias que possam ajudar a reduzir o risco potencial de Alzheimer e outras demências.
O estudo envolveu 7.283 pessoas que fizeram exames de sangue e um físico e depois foram acompanhadas por uma média de 16 anos. Todos os participantes tinham no mínimo 45 anos de idade no início. Os pesquisadores mediram os níveis de três antioxidantes, luteína, zeaxantina e beta-criptoxantina.
Os pesquisadores dividiram os participantes em três grupos e descobriram que aqueles cujos níveis sanguíneos eram mais altos de luteína e zeaxantina tinham um risco menor de desenvolver demência do que aqueles que tinham os níveis mais baixos. Para cada desvio padrão de aumento desses dois antioxidantes, os participantes tiveram uma redução de 7% no risco.
Eles também descobriram que para cada aumento de desvio padrão na beta-criptoxantina, os participantes tiveram um risco reduzido de 14% de demência. Beydoun apontou que havia várias limitações no estudo, incluindo que quando outros fatores foram considerados na análise como educação e atividade física, o risco de demência foi reduzido.
Os escritores também observaram que os antioxidantes foram medidos no início e no final do estudo. No entanto, isso pode não refletir o nível de antioxidantes que uma pessoa teve ao longo da vida. Alimentos ricos em luteína e zeaxantina incluem folhas verdes escuras como espinafre, ervilha, abobrinha, e brócolis. Alimentos ricos em beta-criptoxantina incluem pimentas, abóbora, laranja e caqui.
Luteína e Zeaxantina são importantes para a saúde dos olhos
Luteína e a zeaxantina há muito tempo são valorizadas por suas propriedades de melhoria da visão, pois são os únicos dois antioxidantes que atingem a retina. Os pesquisadores escrevem que eles estão " de forma exclusiva concentrados na retina e no cristalino, indicando que cada um tem uma possível função específica nesses dois tecidos oculares vitais."
Estudos realizados em animais mostraram que dietas abaixo do ideal em primatas desencadeiam problemas patológicos no mácula. Os pesquisadores acreditam que esses antioxidantes são "nutrientes essenciais."
Os dois são carotenoides que são os principais contribuintes para os pigmentos amarelos e vermelhos encontrados nos vegetais. Existem evidências crescentes de que a luteína pode melhorar ou prevenir a doença macular relacionada à idade e possui um efeito positivo em outras condições de saúde como função cognitiva, câncer e saúde do coração.
Altos níveis desses carotenoides ajudam a evitar doenças oculares relacionadas à idade como catarata e degeneração macular. A dieta influencia o risco de uma visão saudável. Segundo Loren Cordain, biólogo evolucionário da Universidade Estadual do Colorado em Fort Collins, níveis elevados de insulina afetam o desenvolvimento do globo ocular, tornando-o longo de forma anormal, causando miopia.
Altos níveis de insulina devido ao excesso de carboidratos podem aumentar a resistência à insulina e perturbar a delicada coreografia que coordena o alongamento do globo ocular e o crescimento do cristalino. Quando seu globo ocular se alonga, a lente não pode mais se achatar o suficiente para focar uma imagem nítida em sua retina.
Essa teoria é consistente com as observações de que é mais provável que você desenvolva miopia se estiver acima do peso ou tiver diabetes tipo 2, que aumentam os níveis de insulina. A luteína também foi encontrada para promover a saúde de outras maneiras, incluindo:
- Dietas ricas nos carotenoides beta-caroteno, luteína e licopeno conferem maior resistência à oxidação do colesterol de lipoproteína de baixa densidade (LDL), que desempenha um papel no desenvolvimento da aterosclerose. Maior concentração plasmática de carotenoides também foi associada a menor dano ao DNA.
- A luteína e a zeaxantina em combinação com a vitamina E parecem melhorar a função pulmonar.
- Os níveis plasmáticos de antioxidantes como luteína, zeaxantina, vitamina E, beta-criptoxantina, licopeno e alfa e beta-caroteno estão correlacionados de forma inversa com a gravidade da insuficiência cardíaca congestiva.
- Os níveis plasmáticos de carotenoides também estão correlacionados de forma contrária com o câncer de próstata.
Astaxantina retarda o envelhecimento cerebral
Astaxantina é outro carotenoide, que é responsável pela cor rosa ou vermelha do salmão selvagem do Alasca. Segundo a Science Direct, “quando comparado a outros antioxidantes como licopeno, vitamina E e A,” a astaxantina sai no topo e é muitas vezes referida como o “melhor dos antioxidantes.”
É derivado da microalga Haematococcus, que produz astaxantina como um mecanismo de proteção para proteger da luz ultravioleta (UV). Os dados demonstram como a astaxantina ajuda a proteger sua pele de dentro para fora.
Seu corpo utiliza astaxantina para proteger contra espécies reativas de oxigênio (ROS) e oxidação, que desempenha um papel na proteção contra demência, doenças cardíacas, envelhecimento e doença de Parkinson. A suplementação antioxidante ajuda quando você não obtém o suficiente de sua dieta, o que ajuda a aliviar o dano oxidativo.
Pesquisadores que escrevem na revista Marine Drugs reconheceram o desafio de manter a função cerebral enquanto a expectativa de vida humana aumenta. Em sua revisão da literatura, eles identificaram vários caminhos que a astaxantina poderia tomar para retardar o envelhecimento cerebral. Eles encontraram vários estudos onde a astaxantina modulava mecanismos biológicos, um dos principais fatores que era o gene forkhead box 03 (FOXO3).
que é um dos dois únicos genes que causam impacto considerável na longevidade do ser humano. Eles também descobriram que a astaxantina aumenta o fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF) e atenua o dano oxidativo ao DNA, lipídios e proteínas. Após revisar a literatura, eles concluíram que era possível que a astaxantina pudesse promover a longevidade e retardar a taxa de envelhecimento devido às suas propriedades neuroprotetoras.
Retardar o envelhecimento cerebral é significativo, pois o processo de envelhecimento neurológico está relacionado de forma direta à função cognitiva. Algumas alterações cognitivas que podem ocorrer com o envelhecimento, mas não são normais, incluem dificuldade em lembrar palavras, em realizar várias tarefas, lembrar nomes ou ter mais dificuldade em prestar atenção.
Embora a astaxantina seja um carotenoide, a estrutura molecular é única e é mais potente que outros carotenoides. Uma das principais diferenças é que ele possui um excedente de elétrons para doar, pois neutraliza os radicais livres. Outro fator único é que ele pode proteger as partes solúveis em água e gordura da célula. Isso torna a astaxantina um poderoso antioxidante, que os dados mostraram ser maior que o ácido alfa-lipóico, as catequinas do chá verde, a CoQ10 e a vitamina C.
A maioria dos carotenoides antioxidantes são solúveis em água ou em gordura, mas a eficácia da astaxantina se deve à capacidade de interface entre a água e a gordura. Também pode atravessar a barreira hematoencefálica, onde exerce um forte efeito protetor na saúde neurológica. Embora seja encontrado em salmão capturado na natureza, você pode comprar suplementos de astaxantina de alta qualidade ou considerar suplementos de óleo de krill, que possui o benefício adicional de Ácidos gordurosos de omega-3.
Sulforafano Ativa Respostas Antioxidantes
O sulforafano é um composto organossulfurado que os pesquisadores acreditam que pode ser útil para combater Doença de Alzheimer alterando a produção de beta-amiloide e proteína tau. Esses são dois fatores principais conhecidos por contribuir para o desenvolvimento da doença. Os níveis de proteínas beta-amiloides podem se tornar altos de forma anormal, aglomerando-se para formar placas que interrompem a função dos neurônios.
O acúmulo anormal da proteína tau também pode se acumular dentro dos neurônios, formando emaranhados neurofibrilares que interrompem a comunicação. Um estudo realizado em animais da doença de Alzheimer mostrou que o sulforafano melhorou os depósitos de beta-amiloide e a função cognitiva. Isso sugeriu um tratamento potencial que também pode ser útil em humanos.
O sulforafano é um ativador de Nrf2 que funciona de forma dose-dependente para interromper a desregulação. Um estudo realizado em animais sugeriu que a desregulação do Nrf2 pode ser atenuada através do h sulforafano. Dados de laboratório também mostram que o sulforafano “ativa as respostas antioxidantes e anti-inflamatórias induzindo as vias Nrf2” e possui relevância na prevenção da neurodegeneração e dos sinais de envelhecimento.
Consumir mais vegetais crucíferos ricos em sulforafano ou ingerir um suplemento de alta qualidade é útil para muito mais do que somente a saúde do cérebro. Por exemplo, o sulforafano pode ser útil no tratamento do diabetes, além de diminuir os níveis de glicose no sangue e melhorar a expressão gênica no fígado.
O sulforafano também pode melhorar a apoptose em células de câncer de cólon e pulmão. Também pode reduzir ROS prejudiciais em até 73%, o que diminui o risco de inflamação.
O sulforafano desempenha um papel no aumento da glutationa. A glutationa é referida como o antioxidante mestre, pois é o antioxidante mais poderoso, sendo encontrado dentro de todas as células do corpo. A glutationa é diferente de outros antioxidantes, pois funciona de forma intracelular e possui a capacidade única de maximizar a atividade de outros antioxidantes.
O estresse oxidativo excessivo possui um impacto significativo na fisiopatologia dos distúrbios cerebrais. Um estudo encontrou uma correlação entre os níveis periféricos de glutationa e seus níveis encontrados no cérebro. Eles também descobriram que o sulforafano aumentou os níveis sanguíneos de glutationa em humanos após apenas sete dias de suplementação oral.
Os resultados do estudo piloto sugeriram que há uma relação significativa entre glutationa e sulforafano que vale a pena explorar, pois parece possuir um impacto nas medidas neuropsicológicas que são alteradas nos distúrbios neuropsiquiátricos.
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