Salmão selvagem do Alasca é muito importante para a nutrição

RESUMO DA MATÉRIA

• Pesquisas sugerem que consumir peixe oleoso uma ou duas vezes por semana, pode aumentar sua expectativa de vida em mais de 2 anos e reduzir o risco de morrer de doença cardiovascular em 35%
• Em comparação com as pessoas apresentando um percentual mais baixo, aqueles com níveis sanguíneos de ômega-3 nos 20% mais altos tinham 27% menos probabilidade de morrer por alguma causa qualquer e 40% menos probabilidade de morrer de doença cardíaca coronária e 48% de arritmia
• Se você deseja maximizar os benefícios para a saúde dos peixes, evite peixes de viveiro, sobretudo salmão de viveiro, e para ser mais exato, salmão de viveiro geneticamente modificado, que pode acabar sendo aprovado nos próximos 2 anos, sobretudo se você estiver procurando melhorar sua proporção de ômega-3 para ômega-6
• Evite o salmão do Atlântico, pois o salmão rotulado como "Salmão do Atlântico" vem de fazendas de peixes. Procure por "salmão do Alasca" e "salmão-vermelho," pois o salmão-vermelho do Alasca não pode ser cultivado e, portanto, deve ser selvagem

Por Dr. Mercola

Uma série de reportagens na mídia incentivando você a consumir mais peixe surgiram de maneira recente, após a publicação de um estudo a respeito de gorduras ômega-3 e saúde. A pesquisa, publicada no The Annals of Internal Medicine, sugere que consumir peixe oleoso uma ou duas vezes por semana pode aumentar sua expectativa de vida.

Ainda há a questão da poluição e contaminação ambiental, que não foi abordada nesse estudo. Os benefícios de consumir peixe de fato superam os riscos de contaminação?

Na minha opinião, acredito que os benefícios PODEM superar os riscos, desde que você faça escolhas que de fato sejam sábias. Existem poucos peixes não contaminados disponíveis nos dias atuais, então você precisa saber o que procurar. Desnecessário seria dizer que toxinas como mercúrio e PCB não terão nenhum benefício para sua saúde.

Nos últimos dias, mudei um pouco minha própria dieta e agora estou consumindo 85 gramas de salmão selvagem do Alasca a cada 2 dias. Mas este é de fato o ÚNICO peixe que consumo de maneira regular, e o único que me sinto confortável em recomendar como uma boa fonte de gorduras saudáveis.

Níveis sanguíneos mais altos de ômega-3 relacionados a uma vida útil mais longa

O estudo em destaque investigou como consumir peixe gordo afetava a saúde. Quase 2.700 idosos americanos na casa dos setenta foram incluídos no estudo. Nenhum deles tinha doença coronariana prevalente (DAC), acidente vascular cerebral ou insuficiência cardíaca no início do estudo.

Em vez de depender de diários alimentares, os pesquisadores mediram os níveis sanguíneos de ômega-3. Como nenhum dos participantes tomou suplementos de ômega-3, seus níveis eram indicativos de seu consumo de ômega-3 sobretudo de peixes.

Níveis de ácidos graxos fosfolipídicos e fatores de risco cardiovascular foram medidos em 1992, e as relações com mortalidade e incidentes de doença coronariana fatal ou não e acidente vascular cerebral foram avaliadas até 2008, um total de 16 anos. Segundo o estudo em destaque:

"Após controlar fatores como idade, sexo e estilo de vida, os pesquisadores descobriram que, em média, os adultos com os níveis mais altos de ácidos graxos ômega-3 no sangue viviam 2,2 anos a mais. Em particular, esses adultos tiveram um risco 35% menor de morrer de doenças cardiovasculares, o que está de acordo com outros estudos que vincularam o ômega-3 aos benefícios cardiovasculares.

Níveis mais elevados de ácidos graxos foram associados à redução do risco de doença cardíaca coronária e acidente vascular cerebral."

Em comparação com aqueles que apresentam percentual mais baixo, aqueles com níveis sanguíneos de ômega-3 nos 20% mais elevados foram:

• 27% menos probabilidade de morrer por qualquer causa
• 40% menos probabilidade de morrer de doença cardíaca coronária, e
• 48% menos probabilidade de morrer de uma arritmia

Uma desvantagem é que como não foi um estudo randomizado os resultados não podem provar a causa, o que significa que não há como dizer se os níveis sanguíneos mais altos de ômega-3 foram os únicos responsáveis pelos efeitos na saúde. Dito isso, existe uma grande evidência de que o ômega-3 é crucial para a saúde ideal, sobretudo a saúde cardiovascular, portanto, essa pesquisa fornece suporte adicional para o valor de otimizar sua ingestão de ômega-3.

Como identificar salmão selvagem de fazenda

É infeliz o fato de que, o salmão é muitas vezes rotulado de maneira errônea (e quando são rotulados dessa maneira, a partir de 1º de janeiro de 2022, são rotulados como "bioengenharia," um termo que o USDA inventou, completo com um rótulo verde, branco e amarelo). Além disso, alguns estudos mostraram que até 70% a 80% dos peixes marcados como "selvagens" são de fato cultivados. Isso inclui restaurantes, onde 90% a 95% do salmão é cultivado, mas muitas vezes listado no menu como "selvagem."

Então, como você pode dizer se um salmão é selvagem ou criado em fazenda? O salmão sockeye selvagem é vermelho vivo, graças ao seu conteúdo natural de astaxantina. Também é muito magro, então as marcas de gordura, aquelas listras brancas você observa na carne, são muito finas. Peixes criados em cativeiro são rosa claro e têm muito mais gordura. É por isso que você deve evitar o salmão do Atlântico que, como eu disse, vem apenas de pisciculturas.

As duas designações a serem procuradas são “salmão do Alasca” e “salmão vermelho,” já que ambos não podem ser criados em regime de piscicultura. Portanto, o salmão enlatado rotulado como "Salmão do Alasca" é uma boa aposta e, se você encontrar o vermelho, é provável que seja selvagem. Outra vez, você pode diferenciar o salmão vermelho de outro salmão pela cor, sua carne é vermelha brilhante em oposição ao rosa, cortesia de seu conteúdo superior de astaxantina. Na verdade, o salmão vermelho tem uma das maiores concentrações de astaxantina natural de qualquer alimento.

Por que o salmão de viveiro é uma escolha inferior

Como o primeiro vídeo discute, existem 3 grandes diferenças entre o salmão capturado na natureza e o salmão de viveiro, e quando você perceber como os peixes diferem, com base em como eles foram criados, você verá por que optar pela alternativa mais barata não é a melhor opção. Seja esperto em sua escolha, sobretudo se você estiver procurando melhorar sua proporção de ômega-3 para ômega-6:

1.       Conteúdo nutricional — Salmões selvagens nadam na natureza, se alimentando do que a natureza os programou para se alimentar. Por isso, seu perfil nutricional é mais completo, com micronutrientes, gorduras, minerais, vitaminas e antioxidantes como a astaxantina (que dá ao salmão sua cor rosada, ou no caso do vermelho, carne vermelha).

O salmão de viveiro, por outro lado, é alimentado com uma dieta artificial composta por produtos de grãos como milho e soja (a maioria dos quais é geneticamente modificado), óleos vegetais, vitaminas, proteínas vegetais e minerais, junto com farinha de frango e penas, corantes artificiais e astaxantina sintética, que não é aprovada para consumo humano, mas pode ser utilizada na alimentação de peixes.

A Mãe Natureza nunca pretendeu que os peixes se alimentassem dessas coisas e, como consequência dessa dieta antinatural, o conteúdo nutricional de sua carne também é alterado, e não para melhor. O salmão de viveiro tem um sabor diferente do pescado na natureza, e muito disso tem a ver com a proporção de gordura alterada, que é muito diferente. O salmão de viveiro contém muito mais ômega-6, cortesia de sua dieta baseada em grãos.

A proporção de gordura ômega-3 e ômega-6 do salmão selvagem é muito superior à de criação. O salmão selvagem possui 600 a 1.000% mais ômega-3 em comparação com ômega-6. Portanto, enquanto o salmão de viveiro possui uma proporção de 1 para 1 de ômega-3 e ômega-6 (outra vez devido à sua dieta “junk food”), a proporção para o salmão selvagem é entre 6 e 9 para 1.

Isso é importante, porque se você está tentando melhorar seu equilíbrio de ômega-3 para ômega-6, você apenas não conseguirá com salmão de viveiro.

2.       Saúde dos Peixes — O salmão selvagem regressa todos os anos aos seus locais de desova nativos, sem que tenha de fazer nada, enquanto o salmão de viveiro é mantido em cercados. Os peixes que nadam na natureza fazem mais exercício, e isso por si só torna os peixes selvagens mais saudáveis do que os seus homólogos encarcerados.

3.       Meio Ambiente — Quase 99% do salmão de viveiro é criado em tanques-rede em mar aberto. Todo o excesso de alimento que é jogado acaba indo para o meio ambiente, os ingredientes geneticamente modificados, os pesticidas, os antibióticos e aditivos químicos. Tudo o que os peixes não consomem, junto com todos os seus resíduos agora não naturais, acaba contaminando o meio ambiente.

Existe também o aspecto ético vegetariano ou vegano. Salmão sockeye selvagem representam os vegetarianos do mundo do salmão. Sua dieta consiste em krill, plâncton e algas, e eles são capturados no final de seu ciclo de vida. No momento em que entram nos pesqueiros, eles já viveram 95% de sua vida natural na natureza. No final de sua vida, eles lutam rio acima para desovar, após o que morrem de morte natural – a menos que sejam capturados por pescadores ou comidos por algum outro predador.

Vírus letal de salmão encontrado em fazendas de salmão instaladas

Em 2011, segundo o denunciante Rick Routledge, professor e estatístico de pesca da Universidade Simon Fraser, no Canadá, descobriu-se que o sockeye da entrada do rio selvagem estava infectado com o vírus da anemia infecciosa do salmão (ISA), também conhecido como gripe do salmão. Esse vírus letal e muito temido é atribuído direto ao salmão de viveiro e se proliferou em todas as regiões do mundo onde as fazendas de salmão do Atlântico foram instaladas.

No mínimo 11 espécies de peixes no rio Fraser, na Colúmbia Britânica, também foram infectadas com ISA, mas a agência canadense de inspeção de alimentos refutou de maneira agressiva as descobertas. Na verdade, todos que falaram a respeito desses vírus do salmão, que podem ser rastreados até as fazendas de salmão, foram encerrados de uma forma ou de outra.

Ao amordaçar os cientistas que investigavam esse problema, o governo canadense estava permitindo que o salmão criado em fazendas contaminado de maneira potencial fosse vendido, exportado e consumido, o que é mais uma razão para evitar o salmão cultivado.

Uma coisa que as autoridades fizeram em 2011, no entanto, foi exigir que a ISA fosse relatada quando e onde quer que fosse encontrada, 10 meses completos antes de Routledge fazer de fato como a nova regra dizia e relatar. Hoje em dia, sabemos que inúmeras doenças do salmão podem se espalhar a partir de fazendas de peixes de salmão e que:

• A ISA só apareceu onde o salmão é criado na aquicultura e se espalhou pelo mundo desde que foi relatado pela primeira vez na Noruega em 1984.
• ISA pode infectar arenque como salmão. A ISA foi relatada pela primeira vez no leste do Canadá em 1996 e continua a causar problemas lá.
• Em 2007, a ISA começou de forma não letal no Chile e se tornou uma epidemia virulenta matando 70% dos salmões das fazendas. O Chile não tem salmão selvagem.
• Em janeiro de 2009, um grupo de cientistas canadenses, incluindo David Suzuki, assinou uma carta alertando o Ministro das Pescas do Canadá sobre os riscos da introdução da ISA no B.C.

Em 2022, à medida que as pisciculturas continuam a crescer em número, a ISA não é a única preocupação. De fato, o Gizmodo relata que um vírus diferente conhecido como Piscine orthoreovirus-1, ou PRV-1, pode ter se espalhado de fazendas aquáticas de salmão do Atlântico para salmão selvagem do Pacífico. A doença pode causar diversas complicações no salmão, incluindo glóbulos vermelhos que explodem em seu abdômen e corroem seus corações e músculos esqueléticos.

Além dos efeitos desconhecidos a respeito da saúde humana do consumo de salmão com vírus letais de peixes como esse, tais salmões de criação contaminados também podem representar uma ameaça para bacias hidrográficas locais distantes do local de origem, pois os vírus são preservados pelo frio, portanto, quando você lava o peixe, os vírus são jogados no ralo.

O melhor e o pior peixe em termos de toxinas ambientais

É curioso e bom para nós, o fato de que os tipos de peixes que tendem a sofrer a menor quantidade de contaminação tóxica também são algumas das melhores fontes de gordura e antioxidantes. Assim, escolhendo de maneira sábia, os benefícios de uma dieta rica em peixes ainda podem superar os riscos.

A maioria dos principais cursos de água do mundo está contaminada com mercúrio, metais pesados e produtos químicos como dioxinas, PCBs e outros produtos químicos agrícolas que acabam no meio ambiente.

No entanto, o risco do autêntico salmão vermelho do Alasca, capturado na natureza, acumular grandes quantidades de mercúrio e outras toxinas é reduzido devido ao seu curto ciclo de vida, que é de apenas três anos. Além disso, a bioacumulação de toxinas também é reduzida pelo fato de não se alimentar de outros peixes já contaminados.

Se você ainda quiser tomar precauções, pode fazer o que eu faço: sempre que consumo peixe, como com pastilhas de chlorella. A chlorella é um potente aglutinante de mercúrio e, se tomada com peixe, ajudará a ligar o mercúrio antes que seu corpo possa absorvê-lo, para que possa ser excretado com segurança nas fezes.

Outros peixes com ciclos de vida curtos também tendem a ser melhores alternativas em termos de teor de gordura, por isso é uma situação vantajosa para todos, menor risco de contaminação e maior valor nutricional. Uma orientação geral é que quanto mais baixo o peixe está na cadeia alimentar, menos contaminação ele acumula. Essas incluem:

• Sardinhas
• Anchovas
• Arenque

Se você insiste em consumir peixes típicos comprados em lojas e quer saber mais a respeito da extensão de sua exposição ao mercúrio, recomendo que você verifique a calculadora de mercúrio online para ter uma ideia dos riscos. Além disso, como mencionado acima, você pode considerar fazer uso de quelantes naturais de mercúrio com qualquer jantar de peixe. Isso inclui zeólita (argila verde), chlorella e vegetais fermentados.

Também sabemos que os peixes maiores, que tendem a viver mais, que possuem os mais altos níveis de contaminação e devem ser evitados, incluem (observe que esta não é uma lista exaustiva):