📝RESUMO DA MATÉRIA
- A gastroparesia é uma condição gastrointestinal crônica incomum que interfere na capacidade do estômago de digerir os alimentos de maneira adequada, provocando náuseas, vômitos, saciedade precoce, dor abdominal, inchaço e perda de peso
- Até o presente momento, não existe uma cura conhecida para a gastroparesia. Seu plano de tratamento envolve sobretudo modificações na dieta e no estilo de vida para controlar seus sintomas e mantê-lo em remissão
- Recomenda-se que indivíduos que apresentam a gastroparesia sigam uma dieta com baixo teor de gordura e fibras, pois a gordura tende a retardar o processo digestivo e a fibra é difícil de digerir. Você pode consumir cerca de 40 gramas de gorduras e 10 a 12 gramas de fibras por dia se for diagnosticado com essa condição
- Se você não foi diagnosticado com essa condição, mas sofre de seus fatores de risco associados, fazer mudanças em seu estilo de vida o mais rápido possível pode ajudar na redução do risco de desenvolver gastroparesia
🩺Por Dr. Mercola
A gastroparesia, também conhecida como estase gástrica ou esvaziamento gástrico retardado, é uma condição gastrointestinal crônica (GI) incomum que interfere na capacidade do estômago de digerir os alimentos de maneira adequada. Causa náuseas, vômitos, saciedade precoce, dor abdominal, distensão abdominal e perda de peso, podendo interferir nas atividades do dia a dia e levar a uma pior qualidade de vida.
Como os dados e estudos a respeito dessa condição ainda são limitados, a gastroparesia é difícil de diagnosticar e o culpado exato por trás dela é mais difícil de determinar. De fato, um estudo conduzido pela The Korean Society of Neurogastroenterology and Motility considera a gastroparesia uma área “ainda desconhecida do gastroenterologista asiático,” destacando a necessidade de divulgar mais informações a respeito dela em toda a Ásia.
Se você está procurando mais informações a respeito da gastroparesia, continue lendo para aprender sobre suas possíveis causas, sintomas comuns e as estratégias recomendadas de dieta e estilo de vida para reduzir o risco ou ajudar no controle dessa doença.
O que é gastroparesia?
O termo gastroparesia é derivado das palavras gregas “gaster” e “paresis,” que significa estômago e paralisia. É um termo adequado para descrever essa condição, pois é caracterizada pela incapacidade dos músculos do estômago de se contrair e mover o alimento para o intestino delgado, reduzindo a velocidade e provocando um atraso no processo digestivo. Em algumas pessoas diagnosticadas com essa doença, a motilidade do estômago pode ficar 100% ausente.
A gastroparesia é considerada um tipo de distúrbio crônico de motilidade, pois o problema está no movimento anormal do estômago, sem obstruções físicas. Seus sintomas são fáceis de identificar, mas também podem ser descartados como problemas digestivos triviais ou confundidos com sintomas de outras doenças digestivas. Alguns desses sintomas incluem:
Dor abdominal |
Náusea |
Vômito |
Azia |
Inchaço abdominal |
Perda do apetite |
Saciedade precoce |
Abdômen inchado |
Flatulência |
Perda de peso
inesperada |
Se não for tratada de maneira imediata, a gastroparesia pode levar a diversas complicações, como desnutrição, desidratação, níveis incontroláveis de açúcar no sangue e bezoares (massa sólida de alimentos não digeridos acumulados). Embora a maioria dos casos de gastroparesia não tenha uma causa conhecida, seu início também foi associado a danos no nervo vago, responsável pelo controle da motilidade do estômago.
Os maiores fatores de risco para danos ao nervo vago são diabetes mal controlado e cirurgia gástrica. Além desses, outros possíveis fatores que podem predispor ao esvaziamento gástrico retardado incluem infecções virais, medicamentos, distúrbios endócrinos ou do tecido conjuntivo, condições neurológicas ou psicológicas e distúrbios alimentares.
Até o presente momento, não existe uma cura conhecida para a gastroparesia. Seu plano de tratamento envolve sobretudo modificações na dieta e no estilo de vida para controlar seus sintomas e mantê-lo em remissão. Os métodos farmacológicos e cirúrgicos também podem ser considerados como último recurso, caso venha tudo a falhar.
Quais alimentos você deve consumir se tiver gastroparesia?
É recomendado que indivíduos com gastroparesia sigam uma dieta com baixo teor de gordura, pois a gordura tende a retardar o processo digestivo. Porém, isso não significa que você não deva consumir nenhuma gordura, pois seu corpo necessita de gorduras saudáveis para funcionar de modo correto. Caso tenha gastroparesia, você pode consumir cerca de 40 gramas de gorduras por dia. Para maximizar essa cota limitada, certifique-se de escolher boas fontes de gorduras saudáveis, como abacate, manteiga natural e coco (incluindo óleo de coco).
Uma dieta com pouca quantidade de fibras também é sugerida, pois os alimentos ricos em fibras são difíceis de digerir, podendo formar bezoares ao longo do tempo. Não elimine 100% a fibra de sua dieta, pois você precisa de suas fontes para uma saúde ideal. Legumes e frutas são alimentos ricos em fibras que também oferecem outros nutrientes que promovem a saúde. Em vez disso, limite seu consumo diário de fibras a 10 a 12 gramas, cerca de 2 a 3 gramas por refeição. Optar por vegetais bem cozidos e frutas tenras como abacate, banana, pêssego e melão maduro são ideais para evitar sobrecarregar o estômago. Bater frutas e legumes em um liquidificador, conforme necessário.
Essas porções são um bom começo para adaptar uma dieta compatível com gastroparesia. Você pode aumentar ou diminuir a quantidade de gordura e fibra que consome, dependendo da tolerância de seu estômago. Quanto às proteínas, recomendam-se porções magras de carne bovina ou suína, junto com aves e ovos caipiras, bem como peixes selvagens como o salmão do Alasca. Além disso, consumir os seguintes alimentos pode ajudar a manter a saúde digestiva ideal e controlar a gastroparesia:
- Gengibre — Segundo um estudo publicado no European Journal of Gastroenterology and Hepatology, o gengibre ajudou a estimular a motilidade do estômago e a acelerar o esvaziamento gástrico. Embora o estudo tenha envolvido cápsulas de gengibre, você também pode vaporizar o gengibre para aproveitar seus benefícios à saúde.
- Chá — Essa bebida é um dos alimentos recomendados por indivíduos com gastroparesia. Diferentes variedades de chá, incluindo chá verde, oolong e escuro, foram estudados por seu efeito benéfico no sistema GI, e os resultados mostraram que ajudam a acelerar o esvaziamento gástrico e a melhorar a microflora intestinal.
- Caldo de osso — Esse alimento curativo é fácil de digerir e fornece uma variedade de nutrientes ao seu corpo, incluindo proteínas, minerais, aminoácidos e colágeno. Também possui propriedades anti-inflamatórias, que podem ajudar a aliviar os sintomas da gastroparesia.
- Alimentos ricos em probióticos — Os probióticos podem ajudar a melhorar a saúde intestinal e aliviar o desconforto gastrointestinal. Alguns alimentos ricos em probióticos que você pode adicionar à sua dieta incluem iogurte natural, kefir e vegetais fermentados como kimchi (mas escolha o kimchi branco não picante para evitar irritar o estômago). Ao consumir vegetais fermentados, certifique-se de mastigar bem para facilitar a digestão.
Alimentos para se evitar caso tenha gastroparesia
Existem certos alimentos que podem piorar os sintomas da gastroparesia e, portanto, devem ser eliminados de sua dieta, ao qual incluem:
- Alimentos ultraprocessados — Alimentos ultraprocessados têm sido implicados em muitos distúrbios gastrointestinais. A maioria desses alimentos contém carboidratos refinados, glúten, óleos vegetais e quantidades excessivas de açúcar, o que pode exacerbar os fatores de risco associados à gastroparesia, sobretudo a diabetes. Alguns exemplos comuns de alimentos ultraprocessados incluem carnes processadas, doces, sorvetes, cereais, biscoitos e sucos de frutas.
- Alimentos contendo gordura trans — Encontrada em frituras, produtos de panificação comprados em lojas, pipoca de micro-ondas, rosquinhas e outros itens de fast food, a gordura trans pode aumentar o risco de níveis elevados de açúcar no sangue e desencadear inflamação do intestino.
- Bebidas gaseificadas, com cafeína e alcoólicas — Essas bebidas podem intensificar os sintomas e complicações da gastroparesia. Consuma quantidades adequadas de água pura e filtrada para se manter hidratado.
- Alimentos picantes ou ácidos — Um estudo publicado na Digestive Diseases and Sciences, descobriu que alimentos condimentados e ácidos podem desencadear os sintomas da gastroparesia.
- Grãos — Grãos não são apenas ricos em fibras, eles também são ricos em antinutrientes como lectinas, que podem danificar o intestino, então é melhor evitá-los em geral.
Nove dicas de estilo de vida para ajudar na prevenção ou no controle da gastroparesia
Os hábitos de estilo de vida podem ter um impacto significativo no manejo dos sintomas da gastroparesia. Abaixo, discuto algumas das estratégias de estilo de vida que você pode adotar para evitar que essa doença afete sua qualidade de vida. Caso não tenha sido diagnosticado com essa condição, mas é diabético, passou por cirurgia gástrica ou sofre de outros fatores de risco associados, seguir essas mudanças no estilo de vida o mais rápido possível pode ajudar na redução do risco de desenvolver gastroparesia.
1. Modifique seus hábitos alimentares — Consumir alimentos devagar, mastigar bem e distribuir a ingestão em refeições pequenas e frequentes sobrecarregará menos o estômago.
2. Considere o tratamento com acupuntura — Um estudo publicado na revista Pain Research and Management, descobriu que tratamento de acupuntura pode ajudar a aliviar os sintomas de gastroparesia e pode ser um método eficaz no tratamento dessa condição.
3. Gerencie seus níveis de estresse — O estresse não causa gastroparesia, mas pode desencadear ou exacerbar seus sintomas e causar uma variedade de efeitos negativos na saúde gastrointestinal, incluindo alterar o microbioma intestinal, diminuir a motilidade e aumentar a permeabilidade intestinal.
Existem diversas maneiras de gerenciar seus níveis de estresse, incluindo praticar meditação, fazer técnicas de respiração profunda, ouvir música e fazer técnicas de libertação emocional (EFT), uma forma de acupressão psicológica que envolve bater com as pontas dos dedos nos pontos de acupuntura enquanto expressa as palavras. de afirmação.
4. Praticar ioga — Segundo um estudo da Medical Hypotheses, práticas como a ioga podem ajudar a estimular o nervo vago. Também é uma boa maneira de aliviar o estresse.
5. Faça atividade física moderada após as refeições — Fazer um exercício leve, como caminhar após uma refeição, pode ajudar a aumentar o metabolismo e acelerar a digestão. Exercitar-se de maneira regular, não apenas após uma refeição, também pode ajudar a melhorar sua saúde digestiva geral e reduzir os níveis de estresse.
6. Monitore seu nível de açúcar no sangue — Se você sofre de diabetes, certifique-se de monitorar sua glicose com frequência para mantê-la dentro da faixa normal, pois altos níveis de glicose podem danificar o nervo vago ou retardar ainda mais o esvaziamento gástrico.
7. Evite utilizar certos tipos medicamentos — Os medicamentos associados à ocorrência de gastroparesia incluem narcóticos, antidepressivos, agonistas da dopamina e progesterona. Evite esses medicamentos para manter seu intestino saudável, se possível. Se lhe for prescrito um destes medicamentos, pergunte ao seu médico se existem alternativas.
8. Parar de fumar — Descobriu-se que fumar cigarros compromete a motilidade e diminui a taxa de esvaziamento gástrico, portanto, tanto quanto possível, evite esse mau hábito.
9. Tenha uma boa noite de sono — Tendo quantidades adequadas de sono de alta qualidade todas as noites pode ajudar na redução dos níveis de estresse, melhorar o microbioma intestinal e reduzir o risco de doenças gastrointestinais.
Viver com uma doença grave como a gastroparesia pode ser avassalador e desafiador. Mas mesmo que nos dias atuais seja incurável, ainda existe esperança de viver bem com essa condição. As estratégias dietéticas e de estilo de vida que discuti neste artigo podem ajudá-lo a analisar seu diagnóstico e encontrar o plano de tratamento certo que funciona melhor para você.
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