📝RESUMO DA MATÉRIA

  • A depressão é um transtorno do humor tratado com antidepressivos; dados revelam que 24,3% das mulheres com 60 anos ou mais utilizam antidepressivos, sendo mais do que o dobro das mulheres de 18 a 39 anos
  • O número de mulheres em uso de antidepressivos é maior que o de homens considerando todas as faixas etárias. Enquanto as mulheres apresentam 3 vezes mais chances de tentar cometer suicídio do que os homens, 1 mulher morre para cada 4 homens devido ao suicídio
  • Especialistas reconheceram um crescente número de pessoas com depressão nas últimas 2 décadas, mas houve um salto acentuado no número durante a pandemia e os níveis permaneceram elevados
  • Evidências científicas demonstram que os antidepressivos não melhoram a qualidade de vida do usuário, e o efeito é apenas um pouco maior que o placebo a curto prazo e apresenta resultados negativos a longo prazo. Isso levou muitos médicos a considerar outras opções mais eficazes

🩺Por Dr. Mercola

A depressão é uma doença mental, responsável por afetar a maneira como você entende e se relaciona com seu ambiente e com as pessoas em seu redor. É mais profundo do que a tristeza ou o mau humor e inclui sintomas que variam de leves a graves. Pessoas deprimidas podem ter problemas para dormir, perda de energia, alterações no apetite ou perda de interesse em atividades que antes gostavam.

A depressão interfere nas relações pessoais e de trabalho, reduz o desempenho profissional e acadêmico, além de afetar a saúde física. A condição também pode ser letal, pois é um dos fatores de risco mais relevantes que podem provocar o suicídio.

A depressão é um transtorno de humor diferente da tristeza. A reação normal à perda, decepção ou situações difíceis é a tristeza. De vez em quando, todos ficam triste, mas os sentimentos passam rápido e não atrapalham suas atividades diárias.

As mulheres experimentam mais depressão durante a menopausa

Embora a maioria das pessoas utilize o termo menopausa para descrever os estágios de perimenopausa e pós-menopausa no ciclo de vida reprodutivo de uma mulher, segundo a Johns Hopkins Medicine, a menopausa é de certo modo apenas um dia. Ocorre 12 meses após a mulher ter tido sua última menstruação. Antes desse período, as mulheres estão em um estágio de perimenopausa, durante o qual os hormônios estão mudando e as mulheres correm um maior risco de depressão acentuada.

Segundo a Sociedade Norte-Americana de Menopausa, a maior parte das mulheres começa a perimenopausa entre os 40 e os 58 anos, sendo a idade média de 51 anos. A perimenopausa pode durar até 8 anos, sendo caracterizada por mudanças físicas e emocionais que variam de mulher para mulher, mas são baseadas em mudanças hormonais significativas que ocorrem durante esse período.

Como observa o The Wall Street Journal a partir dos dados apresentados pelo Centro Nacional de Estatísticas de Saúde, a porcentagem de mulheres diagnosticadas com depressão quase dobra após completar 40 anos, o que de fato corresponde a quando a maioria das mulheres começa a perimenopausa.

Como observa um artigo da Scientific Reports, “... A menopausa humana é uma transição neurológica dinâmica que afeta de maneira significativa a estrutura do cérebro, a conectividade e o perfil metabólico durante o envelhecimento endócrino da meia-idade do cérebro feminino.” Além dos desafios fisiológicos da menopausa, as mulheres nessa faixa etária também podem sofrer maior estresse durante a meia-idade, pois cuidam dos pais idosos, criam os filhos e muitas vezes fazem malabarismos com a carreira, podendo contribuir para a depressão.

Segundo a North American Menopause Society e o American College of Obstetricians and Gynecologists, a terapia de reposição hormonal (TRH) é o tratamento de escolha para ondas de calor e suores noturnos. A Dra. Lucy Hutner, uma psiquiatra reprodutiva em Nova York que falou com um repórter do The Wall Street Journal explicou:

“O estrogênio e a progesterona estão oscilando muito. Essas mudanças podem ser difíceis para o nosso cérebro aceitar … Vocês [mulheres] têm muita "carga" em seus ombros e não há muito espaço para reservar um tempo para si mesmas.”

Uma das razões pelas quais tantas mulheres estão utilizando antidepressivos, que são menos eficazes do que a TRH, é devido aos médicos lhes “indicar” com medo de prescrever terapia de reposição hormonal, Stephanie Faubion, diretora médica da North American Menopause Society e diretora do Mayo Clinic Women's Health, disse ao Journal.

Pesquisas estão em andamento no Instituto Nacional de Saúde Mental para outras intervenções farmacêuticas que atuam nos receptores de estrogênio no cérebro, mas acredito que existam maneiras mais naturais de tratar os sintomas da menopausa.

Estratégias naturais para os sintomas da menopausa

Levar um estilo de vida saudável, incluindo priorizar dieta, sono e alívio do estresse é importante durante a perimenopausa. Manter um peso saudável também pode ajudar a aliviar os sintomas, incluindo ondas de calor, enquanto permanecer de forma física ativa e promover a saúde física e mental durante a menopausa.

Consumir uma dieta rica em carboidratos refinados como bebidas adoçadas e outros alimentos ultraprocessados, está relacionada à depressão em mulheres na pós-menopausa e pode ter um efeito semelhante durante a perimenopausa. Intervenções nutricionais como gorduras ômega-3, também se mostram promissoras para controlar os sintomas de humor e ansiedade em mulheres durante a transição da menopausa.

Como a perimenopausa e a menopausa são complexas e únicas para o indivíduo, trabalhar com um profissional de saúde holístico pode ajudá-lo a desenvolver um plano de saúde abrangente para abordar seus sintomas e objetivos. Para obter mais informações a respeito da menopausa e como lidar com os sintomas, consulte meu artigo, “A ciência explica o que acontece durante a menopausa.”

As preocupações com a saúde mental estavam crescendo antes mesmo do COVID

Conforme os números divulgados pelo Centro Nacional de Estatísticas de Saúde, a porcentagem geral de adultos tratados com antidepressivos foi de 13,2% nos anos de 2015 a 2018. Esse é um aumento significativo dos 10% relatados que tomavam antidepressivos a partir de 2005, e mais de 1 em cada 10 pessoas com mais de 12 anos relatadas por pesquisadores do governo em 2011.

A Inglaterra também está relatando o aumento do uso de antidepressivos. Segundo o Pharmaceutical Journal, a prescrição aumentou 34,8% em 6 anos e aumentou de 2021 a 2022 pelo 6° ano consecutivo. O real número de indivíduos que preencheram uma receita de antidepressivos de 2020/2021 a 2021/2022 também aumentou.

Com as estimativas populacionais do Censo de 2021, o Pharmaceutical Journal estima que esses números significam que 14,7% da população geral da Inglaterra recebeu no mínimo uma prescrição de medicamentos antidepressivos.

Segundo dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, o uso de antidepressivos em 18 países europeus aumentou 2,5 vezes nos últimos 20 anos, com a Islândia tendo o maior consumo de antidepressivos em 2020 e a Hungria, o menor.

Depois da Islândia, os seguintes países em ordem de consumo de antidepressivos foram Portugal, Reino Unido, Suécia e Espanha. Dados de diversas fontes, incluindo o Instituto Nacional de Saúde Mental, a Aliança Nacional de Doenças Mentais e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças mostram:

  • Quase 6 em cada 10 pessoas que apresentam uma doença mental não recebem tratamento.
  • Doenças mentais graves custam mais de US$ 190 (R$ 960,00 bilhões) bilhões em ganhos perdidos.
  • Suicídio é a 10° principal causa de morte nos EUA Por faixa etária, é a 3° principal causa de morte em pessoas de 15 a 24 anos; a 2° principal causa em pessoas com 44 anos ou menos; e a 5° principal causa em pessoas de 45 a 54 anos.
  • As mulheres são 3 vezes mais propensas a tentar cometer suicídio do que os homens.
  • Embora as mulheres sofram de depressão quase 2 vezes mais do que os homens, 4 homens morrem por suicídio para 1 mulher.

Número crescente com depressão durante a pandemia

Em outubro de 2021, a Universidade de Boston informou que a depressão triplicou nos primeiros meses de 2020 após a declaração da pandemia e só continuou a aumentar. Segundo dados da Escola de Saúde Pública da Universidade de Boston, esse número subiu para 32,8%, afetando 1 em cada 3 adultos.

Seus dados revelaram que preditores significativos de sintomas incluíam ser solteiro, enfrentar diversos estressores relacionados à pandemia e estar uma família de baixa renda. Segundo um pesquisador, o padrão de depressão não segue outros eventos traumáticos anteriores.

“Em geral, esperaríamos que a depressão chegasse ao pico após o evento traumático e depois diminuísse com o tempo. Em vez disso, descobrimos que 12 meses após o início da pandemia, os níveis de depressão permaneceram altos.”

O Psychiatric Times observa que, além de aumentar a necessidade de cuidados de saúde mental, a pandemia restringiu o acesso de maneira simultânea. No relatório State of Mental Health in America de 2023, as principais descobertas incluíram informações de que 22,87% dos adultos relataram ter experimentado no mínimo 14 dias por mês, mas não conseguiram ajuda devido ao custo.

Estudo: antidepressivos não melhoram a qualidade de vida

Segundo a World Population Review, os EUA ocupam o 3° lugar no consumo de antidepressivos no mundo. Segundo a Definitive Healthcare, o diagnóstico de saúde mental mais comum em 2021 foi um episódio de transtorno depressivo maior. A Definitive Healthcare classificou os 20 principais medicamentos antidepressivos em 2021 por volume de prescrição.

O antidepressivo nº 1 em vendas foi a sertralina (Zoloft), que pertence a uma classe de medicamentos chamada inibidores seletivos da recaptação da serotonina (SSRIs). Em 2021, houve 18.337.255 prescrições de Zoloft, mais de 3 milhões a mais do que o segundo antidepressivo, trazodona (Desyrel). O antidepressivo mais vendido foi a doxepina, sendo um antidepressivo tricíclico, com 1.249.531 prescrições escritas em 2021.

Evidências científicas questionam a eficácia dos antidepressivos e demonstram que seu uso não melhora a qualidade de vida do usuário ao longo do tempo. Um pesquisador disse ao US News que ficou “surpreso com os resultados” que encontraram medidas semelhantes de qualidade de vida em pessoas que utilizavam medicamentos antidepressivos e naquelas que não faziam uso.

Ele também disse que os médicos podem estar “subutilizando ou subestimando o papel e o impacto de intervenções não terapêuticas.” Outros pesquisadores descobriram que a teoria da serotonina na depressão não é apoiada por evidências.

Somado a isso, pode-se argumentar que os ISRSs podem diminuir a qualidade de vida em indivíduos que experimentam até mesmo alguns de sua longa lista de efeitos colaterais adversos comuns, como:

Se sentir ansioso ou agitado

Indigestão

Consipação ou diarreia

Perda de apetite

Visão turva

Distúrbios do sono

Perda de libido

Dificuldade em atingir o orgasmo

Disfunção erétil

Os SSRIs também estão ligados à síndrome da serotonina, que aumenta os níveis de serotonina no cérebro, podendo convulsões, batimentos cardíacos irregulares, confusão, sudorese, febre alta e perda de consciência. Outro efeito colateral é o aumento dos pensamentos suicidas ou do desejo de se machucar.

O efeito placebo não está ligado a efeitos colaterais

A pesquisa também demonstrou que muito do benefício dos antidepressivos medido em estudos pode ser atribuído ao efeito placebo. O New York Times observa que um estudo publicado na PLOS Medicine, mostrou que os antidepressivos melhoraram os sintomas de uma pessoa em 9,6 pontos em uma escala de depressão, enquanto aqueles que tomaram o placebo melhoraram em 7,8 pontos.

Como explica o Times, isso significava “que 80% dos benefícios experimentados pelas pessoas poderiam ser atribuídos a um efeito placebo.” Uma revisão sistemática e meta-análise de 2018 de diversos bancos de dados e agências reguladoras encontrou diferenças menores do que o esperado entre medicamentos ativos e placebos quando foram incluídos ensaios controlados por placebo.

Por outro lado, o Cochrane Database of Systematic Reviews examinou ISRSs e antidepressivos tricíclicos e descobriu que, em adultos com ordem depressiva maior, todos os antidepressivos superaram o placebo, com certos antidepressivos superando a eficácia da reboxetina, trazodona e fluvoxamina.

Os autores do estudo observaram, que “muitos estudos não relataram informações adequadas a respeito da randomização e ocultação de alocação, o que restringe a interpretação desses resultados.”

Além disso, a pesquisa também demonstrou que os pacientes que tomam antidepressivos apresentam benefícios a curto prazo, mas resultados ruins a longo prazo e pesquisas comparando exercícios e tratamento medicamentoso para depressão sugerem que aqueles que não utilizam medicamentos apresentam menor risco de recaída. Um artigo do PLOS One observa:

“O efeito no mundo real do uso de medicamentos antidepressivos não continua a melhorar a QVRS [qualidade de vida relacionada à saúde] dos pacientes ao longo do tempo. Estudos futuros não devem focar apenas no efeito de curto prazo da farmacoterapia, mas sim investigar o impacto de longo prazo de intervenções farmacológicas e não farmacológicas na QVRS desses pacientes.”

Caso esteja interessado em seguir as recomendações baseadas na ciência, colocará os antidepressivos no final de sua lista de opções de tratamento. Caso esteja utilizando um antidepressivo e queira parar, sempre trabalhe com seu médico em um cronograma de desmame, após incorporar as seguintes estratégias em sua rotina.

Os resultados negativos do uso de antidepressivos e uma lista de eventos adversos levaram muitos médicos a considerar outras recomendações eficazes no tratamento da depressão.

  • Exercícios
  • Intervenção nutricional

o Gorduras ômega-3 de origem marinha

o   Vitaminas B (incluindo B1, B2, B3, B6, B9 e B12)

o Magnésio

o Vitamina D

  • Terapia com luz
  • Probióticos
  • Técnica de Libertação Emocional (EFT)

Estratégias extras que podem ajudar na melhora de sua saúde mental:

Reduza a exposição ao campo eletromagnético (EMF)

Cuide da qualidade de seu sono

Adaptógenos

Melhore sua saúde intestinal

Visualização

Terapia Cognitiva Comportamental (TCC)

Certifique-se de que seus níveis de colesterol não estão baixos demais

Ecoterapia

Exercícios de respiração

Suplementos úteis:

·        Erva de São João (Hypericum perforatum)

·        S-adenosilmetionina (SAMe)

·        5-Hidroxitriptofano (5-HTP)

·        XingPiJieYu