📝RESUMO DA MATÉRIA

  • Lumbroquinase, serrapeptase e nattoquinase são enzimas proteolíticas que agem como anticoagulantes naturais ao quebrar a fibrina que forma o sangue
  • As enzimas fibrinolíticas são agentes anti-hipertensivos, anti-ateroscleróticos, hipolipemiantes e anti-plaquetários, que também apresentam efeitos neuroprotetores
  • Nattokinase em uma dose de 10.800 unidades fibrinolíticas (FU) por dia durante 12 meses “controlou de maneira efetiva a progressão da aterosclerose e hiperlipidemia” em um estudo
  • Apenas uma dose de 2.000 FU de nattokinase melhorou a fibrinólise e a anticoagulação, ativando diversas vias fibrinolíticas e antitrombóticas de maneira simultânea
  • Lumbrokinase é quase 30 vezes mais forte que nattokinase e 300 vezes mais forte que serrapeptase; caso esteja utilizando uma enzima fibrinolítica, minha forte preferência e recomendação pessoal é usar lumbroquinase

🩺Por Dr. Mercola

Os agentes fibrinolíticos, às vezes chamados de agentes trombolíticos, são capazes de dissolver coágulos sanguíneos que podem bloquear suas veias ou artérias. Em geral, artérias mais limpas são um benefício para a saúde cardiovascular, que é uma das razões pelas quais enzimas fibrinolíticas como lumbroquinase, nattoquinase e serrapeptase devem estar ao seu alcance.

Em seu corpo, as enzimas regulam a taxa de diversas reações biológicas, acelerando-as para que funções necessárias como digestão, contrações musculares e outros aspectos do metabolismo celular possam ocorrer.

Lumbroquinase, serrapeptase e nattoquinase são enzimas proteolíticas que agem como anticoagulantes naturais ao quebrar a fibrina que forma o sangue. A fibrina é um material de coagulação que restringe o fluxo sanguíneo, o mesmo encontrado tanto na corrente sanguínea quanto no tecido conjuntivo, como os músculos. O acúmulo de fibrina também é responsável pelo tecido cicatricial.

É importante entender que ao utilizar essas enzimas para terapia fibrinolítica, elas precisam ser ingeridas com o estômago vazio, no mínimo uma hora antes ou duas horas após as refeições que contêm proteínas. Caso contrário, essas enzimas serão desperdiçadas na digestão da proteína em sua alimentação e não servirão ao seu propósito fibrinolítico.

Enzimas fibrinolíticas ajudam no controle de doenças cardíacas

As enzimas fibrinolíticas são agentes anti-hipertensivos, anti-ateroscleróticos, hipolipemiantes e anti-plaquetários, que também apresentam efeitos neuroprotetores. Muitas pesquisas a respeito das enzimas fibrinolíticas se concentraram na nattokinase (NK), um ingrediente ativo do natto, ou soja fermentada. É provável que devido ao seu elevado teor de nattokinase que o consumo de natto esteja ligado a uma diminuição do risco de mortalidade por doenças cardíacas e aumento da longevidade na população japonesa.

A nattokinase, produzida pela bactéria Bacillus subtilis durante a fermentação da soja para produzir natto, é um forte trombolítico, comparável à aspirina, mas sem os possíveis efeitos colaterais. É importante observar que a lumbroquinase é quase 30 vezes mais potente que a nattoquinase e 300 vezes mais que a serrapeptase.

Portanto, embora todas as enzimas fibrinolíticas sejam eficazes e benéficas, você precisará de doses muito mais elevadas de nattokinase e, sobretudo serrapeptase, do que lumbrokinase para conseguir efeitos semelhantes. Caso esteja utilizando uma enzima fibrinolítica, minha forte preferência e recomendação pessoal é usar a lumbroquinase.

Dito isso, você pode ter uma ideia do potencial de saúde dessas enzimas através de estudos feitos em qualquer um dos tipos. Um desses estudos envolveu 1.062 pessoas com hiperlipidemia leve e/ou aterosclerose leve. Eles utilizaram nattokinase em uma dose de 10.800 unidades fibrinolíticas (FU) por dia durante 12 meses, o que “controlou de maneira efetiva a progressão da aterosclerose e hiperlipidemia com uma melhora significativa no perfil lipídico.”

Observou-se uma redução significativa na espessura médio-intimal da artéria carótida, uma medida da extensão da doença vascular aterosclerótica, com taxas de melhora variando de 66,5% a 95,4%. Aqueles que fumavam, consumiam álcool ou tinham um IMC mais alto experimentaram os maiores efeitos redutores de lipídios. Não foram observados efeitos adversos da nattokinase.

Também é interessante notar que o exercício regular melhorou ainda mais os efeitos benéficos da nattokinase e também funcionou de maneira sinérgica com o consumo de vitamina K2 e aspirina. Em uma dose menor de 3.600 FU por dia, a nattokinase foi ineficaz na redução de lipídios ou na supressão da progressão da aterosclerose, destacando a importância da dosagem adequada e “desafiando a dose recomendada de 2.000 FU por dia,” explicaram os pesquisadores. E mais:

“Os dados disponíveis sugerem que os efeitos antiateroscleróticos de NK são devidos aos efeitos coletivos da combinação das propriedades antitrombóticas, anticoagulantes, antioxidantes e hipolipemiantes de NK ou do extrato de natto contendo NK … Um possível mecanismo [para os efeitos hipolipemiantes de NK] é através da atividade proteolítica NK em certos alvos proteicos envolvidos no metabolismo lipídico, resultando em alterações no metabolismo lipídico.”

Uma única dose de fibrinolítico apresenta benefícios anticoagulantes

Um estudo com 12 homens, revelou que apenas uma dose de 2.000 FU de nattokinase aumentou a fibrinólise e a anticoagulação. Ele ativou diversas vias fibrinolíticas e antitrombóticas de maneira simultânea, explicaram os pesquisadores. Após 6 e 8 horas de administração da nattoquinase, as concentrações de D-dímero foram muito elevadas.

D-dímero é um fragmento de proteína produzida pelo organismo quando um coágulo de sangue se dissolve. Em geral é indetectável ou está presente apenas em níveis muito baixos, mas seu nível pode aumentar de maneira significativa quando o corpo está formando e quebrando coágulos sanguíneos, como ocorreu após uma dose de nattokinase nesse estudo. Os pesquisadores acrescentaram:

“Com base na atividade fibrinolítica/anticoagulante única e, de certo modo, forte de NK, estabilidade no trato gastrointestinal e longa biodisponibilidade in vivo, NK parece oferecer vantagens potenciais sobre outros agentes muito utilizados para tratamento e/ou prevenção de processos de doenças selecionadas…
A NK pode ter um impacto não apenas nas vias fibrinolíticas/anticoagulantes, mas também em outros fatores de risco para trombose, o que implica na possibilidade de uma NK na prevenção e/ou tratamento das doenças.”

Conforme mencionado, as enzimas fibrinolíticas inibem a agregação plaquetária e a formação de coágulos sanguíneos de forma semelhante à aspirina. Em um estudo realizado com animais, uma dose de 500 mg/kg de nattokinase impediu uma artéria bloqueada, assim como a aspirina na dose de 30 mg/kg, demonstrando sua eficácia na melhoria do fluxo sanguíneo:

“Os resultados indicam que a natoquinase extraída da soja fermentada inibe a agregação plaquetária bloqueando a formação de tromboxano [um vasoconstritor], atrasando a trombose após lesão oxidativa da parede arterial. Portanto, sugere-se que a nattokinase pode ser um bom candidato sem efeitos adversos para a melhora do fluxo sanguíneo.”

Os benefícios cerebrais também são aparentes das enzimas fibrinolíticas, incluindo nattokinase e serrapeptase (SP). Em um estudo realizado em ratos, a administração de qualquer enzima por 45 dias modulou com sucesso vários marcadores da doença de Alzheimer. Um aumento significativo no fator neurotrópico derivado do cérebro (BDNF) também foi observado. O BDNF é um membro dos fatores de crescimento cerebral que contribui para a neuroplasticidade, melhorando muito o desempenho cognitivo.

Enzimas fibrinolíticas para COVID-19

Outro candidato para aplicação de terapia fibrinolítica é o COVID-19, pois a coagulopatia parece desempenhar um papel importante no COVID-19 grave. Os pesquisadores escreveram no Journal of Thrombosis and Haemostasis:

“Há evidências observadas em animais e humanos de que a terapia fibrinolítica na lesão pulmonar aguda e na síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) melhora a sobrevida, o que também aponta para a deposição de fibrina na microvasculatura pulmonar como uma causa contributiva da SDRA.
Espera-se que isso seja visto em pacientes com SDRA e diagnósticos concomitantes de DIC [coagulação intravascular disseminada] em seus valores laboratoriais, como o que é observado em mais de 70% daqueles que morrem por COVID-19.”

Os pesquisadores relataram 3 estudos de caso de pacientes com insuficiência respiratória grave por COVID-19 que foram tratados com ativador de plasminogênio tecidual (TPA), uma enzima serina protease encontrada em células endoteliais que está envolvida na fibrinólise ou na quebra de coágulos sanguíneos.

Todos os 3 pacientes se beneficiaram com o tratamento, com relação pressão parcial de oxigênio/FiO2 (P/F), uma medida da função pulmonar, melhorando de 38% para 100%. Uma avaliação de tecidos de órgãos de pessoas que morreram de COVID-19 também revelou extensos danos pulmonares, incluindo coagulação e persistência a longo prazo de células virais em pneumócitos e células endoteliais.

As descobertas indicam que as células infectadas pelo vírus podem persistir por longos períodos dentro dos pulmões, contribuindo para o tecido cicatricial. Em entrevista à Reuters, o coautor do estudo Mauro Giacca, professor do King's College de Londres, descreveu "uma destruição vasta da arquitetura dos pulmões," com tecido saudável "quase 100% substituído por tecido cicatricial," que pode ser responsável por casos de “COVID de longa duração,” em que os sintomas persistem por meses.

“Pode-se muito bem prever que uma das razões pelas quais existem casos de COVID prolongado é porque há uma grande destruição do pulmão (tecido),” disse ele à Reuters. “Mesmo que alguém se recupere do COVID, o dano causado pode ser enorme.” A dissolução do tecido cicatricial é outra área na qual as enzimas, sobretudo as enzimas proteolíticas, podem ser úteis.

O potencial para coágulos sanguíneos é uma das razões pelas quais o internista e cardiologista Dr. Peter McCullough usa aspirina em dose completa, 325 miligramas por dia, em quase todas as pessoas com síndrome de COVID longa que não apresentam um coágulo sanguíneo importante, além de outros medicamentos.

No entanto, uma alternativa mais segura e de certo modo eficaz à aspirina é a lumbroquinase e a serrapeptase. Você pode alternar entre às 2 enzimas, ingerindo um dia a lumbroquinase e no próximo aserrapeptase, pois precisará fazer o uso cerca de 3 meses, podendo desenvolver alguma sensibilidade a elas, a longo prazo.

Uma análise dos 3 principais fibrinolíticos

As enzimas fibrinolíticas são ideais para uso direcionado; como mencionado, se você pretende usá-los todos os dias, certifique-se de alternar entre os seguintes tipos para não desenvolver sensibilidade ou alergia a eles. Além disso, lembre-se de que devem ser ingeridos com o estômago vazio, no mínimo uma hora antes ou duas horas após as refeições que contêm proteínas.

1. Lumbroquinase — Como eu disse antes, essa enzima é cerca de 300 vezes mais forte que a serrapeptase e quase 30 vezes mais forte que a nattokinase, tornando-a minha principal recomendação se você estiver utilizando uma enzima fibrinolítica. Extraída de minhocas, a lumbroquinase é um agente antitrombótico muito eficaz que reduz a viscosidade do sangue e a agregação plaquetária, ao mesmo tempo em que degrada a fibrina, que é um fator chave na formação de coágulos.

Eu recomendo que todos mantenham um pouco de lumbroquinase de alta qualidade em seu kit de emergência. Há pouco, tive uma contusão significativa de uma lesão de treinamento de peso. Utilizei uma dose elevada de lumbroquinase por uma semana e melhorou.

Eu também utilizei lumbroquinase há pouco tempo após ser picado por 3 vespas na minha testa pouco antes de dormir, que inchou quase do tamanho de meia bola de tênis. Ocorreu-me que, como o veneno de vespa contém proteínas que as enzimas fibrinolíticas podem quebrar, utilizei meia dúzia e fui dormir.

Fiquei surpreso ao ver quase todo o inchaço diminuir. Se você for tentar isso, quanto mais cedo você for mordido, melhor funcionará, pois desnatura as proteínas do veneno antes que elas causem danos ao seu corpo.

2. Serrapeptase — Também conhecida como serratiopeptidase, a serrapeptase é produzida no intestino de bichos-da-seda Bombyx mori recém-nascidos, permitindo que eles se dissolvam e escapem de seus casulos. A pesquisa mostrou que pode ajudar pacientes com doença crônica das vias aéreas, reduzindo a viscosidade do escarro e reduzindo a tosse. A serrapeptase também decompõe a fibrina e ajuda a dissolver o tecido morto ou danificado sem prejudicar o tecido saudável.

3. Natoquinase — Foi demonstrado que a nattoquinase quebra os coágulos sanguíneos e reduz o risco de coagulação grave, dissolvendo o excesso de fibrina nos vasos sanguíneos, melhorando a circulação e diminuindo a viscosidade do sangue. Em um estudo in vitro, a atividade trombolítica de quantidades equivalentes de nattokinase e TPA foi idêntica, TPA, lembre-se, é a enzima que levou à melhora nos 3 estudos de caso do COVID-19.