📝RESUMO DA MATÉRIA

  • Uma revisão sistemática de 9 estudos de 2018, descobriu que não havia evidências robustas de alta qualidade disponíveis para apoiar ou refutar o uso de uma dieta com baixo teor de sódio para pessoas com insuficiência cardíaca
  • Ingerir poucas quantidades de sal pode levar a perigos muito sérios para a saúde, e as recomendações de toda a população para limitar a ingestão do mesmo a níveis muito baixos podem, de fato, colocá-lo em risco de várias doenças e problemas de saúde
  • A pesquisa mostra que a verdadeira chave para normalizar a pressão arterial e proteger a saúde do coração é, na verdade, gerenciar a proporção de sódio para potássio, não apenas moderar a ingestão de sódio
  • Certifique-se de escolher sempre o sal de mesa natural, não refinado e processado. Contém 84% de cloreto de sódio e 16% de minerais naturais como vanádio, silício e fósforo

🩺Por Dr. Mercola

Durante décadas, o sal de mesa comum foi retratado como uma espécie de "vilão" da dieta, com os chamados especialistas culpando-o pelas taxas vertiginosas de pressão alta, doenças cardiovasculares, ataques cardíacos e derrames. Isso é por que a American Heart Association (AHA) agora recomenda limitar o consumo de sal a não mais de 2.300 miligramas (mg) por dia, com uma ingestão ideal de 1.500 mg por dia para adultos.

Mas você sabia que há muito tempo atrás, as pessoas consumiam mais de 10 vezes a quantidade de sal que consumimos nos dias de hoje? Utilizado como conservante primário de alimentos, o sal tem sido uma parte importante da sociedade e está entrelaçado em inúmeras civilizações. Na verdade, era tão valorizado e a produção restrita que era até utilizada como método de comércio e moeda.

Hoje em dia as taxas de hipertensão são muito mais altas do que eram naquela época, e a alta ingestão de sal está sendo apontada como uma das principais razões, mas é de fato o principal fator culpado? Qual é de fato a razão para o aumento das taxas de pressão alta e doenças cardíacas? Aqui está uma análise detalhada de porque o sal se tornou muito ruim e quais outros fatores estão em jogo que levam a essas estatísticas de doenças.

Mas em primeiro lugar, o que é a pressão alta?

A American Heart Association define pressão alta ou hipertensão, “quando a pressão sanguínea, a força do sangue contra as paredes dos vasos sanguíneos, é alta demais.”

Conforme o sangue se move pelas artérias, ele exerce pressão ao longo das paredes dos vasos. Quando a pressão necessária para circular o sangue é alta, ela coloca uma quantidade anormal de estresse no músculo cardíaco e nas artérias menores e reduz a quantidade de oxigênio fornecida aos menores vasos sanguíneos do corpo. Ambas as consequências são responsáveis por muitos dos efeitos secundários da hipertensão.

A hipertensão arterial é uma das condições de saúde mais prevalentes não apenas nos EUA, mas também em todo o mundo. Estima-se que 47,3% dos adultos americanos tenham essa condição e, em todo o mundo, cerca de 1,3 bilhão de pessoas lutam contra ela. É um importante fator de risco para doenças cardiovasculares e acidentes vasculares cerebrais, que estão na primeira e na quinta posição entre as principais causas de morte nos EUA.

Recomendações de baixo teor de sal são baseadas em um estudo falho

A ideia de que a ingestão de sal se correlaciona com a pressão alta foi popularizada pelo estudo Dietary Approaches to Stop Hypertension (DASH). Publicado em 1999, esse plano de nutrição foi promovido pelo Instituto Nacional do Coração, Pulmão e Sangue como meio de prevenir e controlar a hipertensão arterial, e dá ênfase ao tamanho da porção, reduzindo alimentos processados e consumindo uma grande variedade de alimentos.

A menor ingestão de sal foi uma das abordagens dietéticas empregadas naquele estudo, mas não foi a única, limitar a ingestão de álcool e perder peso também são mencionados. A dieta DASH também é baixa em alimentos processados e açúcares, podendo ter um impacto muito maior na pressão arterial do que o sal.

Mas enquanto medições de pressão arterial diminuíram com a dieta DASH, os pesquisadores observaram que melhores preditores de doença cardíaca, como proporções de níveis de colesterol tenha piorado. Os triglicerídeos e a insulina também aumentaram.

Houve estudos mais rigorosos publicados a o respeito dos efeitos ou da falta deles, de uma dieta com baixo teor de sódio em doenças cardíacas. Por exemplo, em 2011, uma revisão sistemática de dados envolvendo 6.500 pessoas, encontrou evidências insuficientes para recomendar a restrição de sal. Os pesquisadores descobriram que em pessoas com pressão alta ou pressão arterial normal, a restrição de sal não foi muito associada à mortalidade geral ou mortalidade cardiovascular. Enquanto isso, aqueles com insuficiência cardíaca congestiva tiveram um aumento do risco de mortalidade quando o sal foi restrito.

Uma revisão sistemática de 9 estudos de 2018, descobriu que não havia evidências robustas de alta qualidade disponíveis para apoiar ou refutar o uso de uma dieta com baixo teor de sódio para pessoas com insuficiência cardíaca.

Uma dieta com muito pouco sal pode ter efeitos prejudiciais à sua saúde

Ingerir poucas quantidades de sal pode levar a perigos muito sérios para a saúde, e as recomendações de toda a população para limitar a ingestão do mesmo a níveis muito baixos podem, de fato, colocá-loem risco de várias doenças e problemas de saúde.

Por um lado, seu status de sal controla seus níveis de magnésio e cálcio. Se você não ingerir o suficiente, seu corpo retalia extraindo sódio do osso, além de retirar o magnésio e o cálcio do osso para manter um nível normal de sódio.

Seu corpo também tentará manter o sódio limitando sua quantidade perdida no suor, excretando magnésio e cálcio. Apresentar baixos níveis de sódio também elevará o hormônio de retenção de sódio chamado aldosterona, isso também seca seus estoques de magnésio, permitindo que ele seja excretado pela urina.

Lembre-se de que o magnésio é um dos minerais mais importantes para a função biológica, portanto, ter baixo teor de sódio pode afetar a saúde do coração e dos ossos. Na verdade, ter níveis sanguíneos de magnésio abaixo do ideal tem sido associado a diabetes tipo 2, doença vascular aterosclerótica e morte súbita cardíaca.

O sódio também atua como um eletrólito, e seu corpo precisa dele para manter o equilíbrio de fluidos, função muscular e impulsos nervosos. É essencial para regular a quantidade de água dentro e ao redor das células, portanto, se você tiver níveis muito baixos, pode acabar ficando desidratado. Os eletrólitos também são fundamentais para regular a pressão arterial.

Por fim, apresentar poucas quantidades de sal pode aumentar o risco de desenvolver resistência à insulina, pois uma das maneiras pelas quais seu corpo preserva o sal é aumentando seus níveis de insulina. Ter insulina mais elevada ajuda seus rins na retenção de mais sal.

Em vez de reduzir o sal, concentre-se em otimizar sua relação sódio-potássio

Apesar de ser considerado muito ruim nas recomendações convencionais de saúde, o sal não é o culpado pelo aumento do risco de pressão alta e doenças cardíacas; na verdade, há outro nutriente crucial em jogo aqui: o potássio. A pesquisa mostra que a verdadeira chave para normalizar a pressão arterial e proteger a saúde do coração é, na verdade, gerenciar a proporção de sódio para potássio, não apenas moderar a ingestão de sódio.

O potássio funciona relaxando as paredes arteriais, evitando cãibras nos músculos e reduzindo a pressão arterial, e estudos descobriram que essa capacidade de reduzir os níveis de pressão arterial foi associada a uma incidência reduzida de derrame.

Em um estudo de 2018 publicado na revista The Lancet, os pesquisadores analisaram a ingestão de potássio e sódio, além de como isso afeta a pressão arterial em 369 comunidades e seu efeito sobre doenças cardíacas e mortalidade em 255 comunidades, totalizando 178.3111 participantes envolvidos. Os pesquisadores destacam:

“Todos os principais desfechos cardiovasculares diminuíram com o aumento da ingestão de potássio em todos os países. A ingestão de sódio foi associada a doenças cardiovasculares e derrames apenas em comunidades onde a ingestão média foi superior a 5 g/dia.”

No entanto, se você consumir muitos alimentos processados (que em geral contém grandes quantidades de sal processado) e não muitos vegetais, há uma boa chance de que sua proporção de sódio para potássio esteja desequilibrada. Portanto, você deve aumentar a ingestão de alimentos integrais saudáveis que são carregados com potássio, enquanto elimina os alimentos processados de sua dieta.

As bananas são boas fontes de potássio, mas observe que elas são ricas em açúcar, contendo até 7 gramas de frutose total por fruta. Em vez disso, considere alimentos como o espinafre, folhas de beterraba, folhas verdes, cogumelos, batata-doce e abóbora, todos com potássio, mas sem grandes quantidades de açúcar.

O sal é fundamental, mas certifique-se de escolher o tipo certo

Quanto ao sal, não pense que todo tipo é bom para você, existe sal processado e em geral não é recomendado. Por exemplo, o sal de mesa processado contém mais de 97% de cloreto de sódio; o resto são produtos químicos artificiais, como absorventes de umidade e agentes de fluxo. Em alguns casos, uma pequena quantidade de iodo é adicionada. Além disso, há descobertas recentes de que cerca de 90% dos sais de mesa estão contaminados com microplásticos.

Portanto, certifique-se de sempre escolher o sal de mesa natural, não refinado e processado. Contém 84% de cloreto de sódio e 16% de minerais naturais como vanádio, silício e fósforo. Um dos meus favoritos pessoais é o sal rosa do Himalaia, pois também é rico em minerais de ocorrência natural necessários para ossos saudáveis, equilíbrio de fluidos e saúde geral. Redmond Real Salt é outra boa escolha. Como o sal do Himalaia, é extraído de um antigo depósito de sal oceânico.

Outras estratégias para ajudar a baixar a pressão alta

Não existe uma escolha de estilo de vida que desencadeie toda a hipertensão, mas existem escolhas de estilo de vida que podem aumentar o risco, como tabagismo e uso de álcool. A obesidade também contribui. Portanto, fazer mudanças cruciais em seu estilo de vida pode ajudar a reduzir seu risco e manter sua pressão arterial em um nível mais saudável. Aqui estão alguns exemplos:

Otimize seu nível de vitamina D — A falta desse nutriente está ligada à rigidez arterial e à hipertensão. Para uma saúde ideal, mantenha um nível de vitamina D entre 60 e 80 nanogramas por mililitro, durante todo o ano. Você pode fazer isso através da exposição solar sensata ou utilizando um suplemento de vitamina D3.

Considere o jejum intermitente — O jejum intermitente é uma das maneiras mais eficazes que descobri para normalizar sua sensibilidade à insulina / leptina, sendo a causa raiz da hipertensão.

Pratique exercícios — Um programa de condição física abrangente, pode ajudar muito a recuperar a sensibilidade à insulina e normalizar a pressão arterial.

Experimente andar descalço — Testes mostram que andar descalço fora de casa, eleva a viscosidade e o fluxo do sangue, ajudando a regular a pressão.

Utilize óleos essenciais — Um estudo descobriu que a exposição ao óleo essencial por uma hora reduziu o estresse medido por uma redução na frequência cardíaca e na pressão arterial dos participantes. Alguns óleos que você pode experimentar incluem incenso, lavanda, manjerona, alecrim e bergamota.

Resolva seu estresse — Métodos como as Técnicas de Libertação Emocional (EFT) podem ajudar a liberar emoções negativas.