📝RESUMO DA MATÉRIA

  • O número epidêmico de pessoas com diabetes tem feito a indústria farmacêutica redobrar os esforços para identificar possíveis intervenções; o remédio com aprovação mais recente do FDA está amplamente disponível, mas seus efeitos colaterais envolvem pancreatite, depressão, confusão, falha renal e pensamentos de suicídio
  • Evidências científicas com humanos e animais demonstram que o gengibre pode baixar o açúcar no sangue, melhorar a sensibilidade e reduzir a resistência à insulina. Combinado com mudanças no estilo de vida que envolvem comer menos e se exercitar mais, pode ser tudo que você precisa para atingir seus objetivos
  • O gengibre ajuda a diminuir a resposta inflamatória do corpo, um marcador para praticamente todas as doenças, incluindo obesidade, câncer e problemas cardíacos. O gengibre ajuda a reduzir a percepção de dor e promove um microbioma intestinal saudável
  • O seu microbioma intestinal está ligado ao desenvolvimento e manutenção da diabetes. A maioria das estratégias para promover a saúde intestinais envolve o consumo de alimentos fermentados, suplementos probióticos, o aumento da ingestão de fibras e lavar manualmente a louça em vez de usar um lava-louças automático

🩺Por Dr. Mercola

O número de pessoas diagnosticadas com diabetes cresceu para níveis "epidêmicos". Complicações da diabetes incluem retinopatia, ataque cardíaco, derrame, neuropatia diabética, danos aos nervos e problemas sexuais em homens e mulheres. O número de pessoas expostas a esses riscos aumenta muito todo ano.

Em 2004, especialistas estimaram que o número global de pessoas com diabetes aumentaria de 171 milhões em 2000 para 366 milhões em 2030. No entanto, a Federação Internacional de Diabetes estimou que havia 151 milhões de pessoas com diabetes em todo o mundo em 2000 e 536 milhões em 2021. Isso é mais de 150 milhões a mais do que os especialistas estimam que seriam diagnosticados 9 anos depois, em 2030.

O crescente número de pessoas com diabetes e obesidade fez com que a indústria farmacêutica lutasse para identificar intervenções farmacêuticas. O mais novo remédio aprovado pelo FDA, o Wegovy (semaglutida), veio com a esperança de aumentar a perda de peso.

Relatou-se que o Wegovy atua suprimindo o apetite natural das pessoas, o que deveria diminuir o consumo de calorias e proporcionar a perda de peso. A Novo Nordisk, fabricante do Wegovy, limitou o número de doses que os pacientes devem tomar, porque a demanda pelo remédio é maior do que a capacidade da empresa de fabricá-lo.

O medicamento vem com um aviso de risco de tumores de célula C da tireoide, incluindo carcinoma medular tireoide, em estudos com animais. Os graves efeitos colaterais do remédio incluem ansiedade, visão borrada, confusão, depressão, dificuldade de engolir, convulsões, fala arrastada e dificuldade de respirar. O Wegovy cita mais possíveis efeitos colaterais que incluem pancreatite, baixo açúcar no sangue, aumento do ritmo cardíaco e pensamentos de suicídio.

Enquanto a indústria farmacêutica desenvolve medicamentos que requerem o uso de mais medicamentos para tratar efeitos colaterais, pesquisadores também descobriram que antioxidantes como o gengibre podem ajudar a diminuir o açúcar no sangue, reduzir a resistência e aumentar a sensibilidade à insulina. Combine isso a mudanças comportamentais como comer menos e se exercitar mais, e o gengibre pode ser tudo que você precisa para atingir seus objetivos.

O gengibre baixa o açúcar no sangue e melhora a sensibilidade à insulina

Como o Dr. Michael Greger, fundador do NutritionFacts.org descreve em seu vídeo, há mais e mais dados científicos que apoiam o uso de gengibre para baixar o açúcar no sangue e melhorar a sensibilidade à insulina. Ele começa descrevendo um estudo de caso de um empresário de 45 anos na Áustria que parou de usar remédios para diabetes, mudou sua dieta e incluiu ingredientes nutricionais específicos.

O empresário conseguiu ficar seu sua medicação oral após quatro semanas, baixou sua hemoglobina A1c para 6.4% após três meses e 6.0% após seis meses. A hemoglobina A1c em pessoas que não têm diabetes é menor do que 5.7%. No caso de pacientes com pré-diabetes, o número varia entre 5.7% e 6.4%. Os autores apontaram que normalmente vários medicamentos são necessários para lidar com os níveis de glicose. O gengibre não é potencialmente eficiente apenas no tratamento, mas também na prevenção.

Em um estudo feito em 2014, pesquisadores demonstraram que expor as células musculares aos componentes do gengibre em uma placa de petri resultou em uma absorção de açúcar no sangue comparável à metformina, medicamento para diabetes. Embora esses estudos aparentem eficiência em roedores, testes com humanos ainda são necessários para demonstrar a eficácia na saúde humana.

Um estudo de 2013 buscou a resposta para esse problema observando como o gengibre afeta pacientes com diabetes tipo 2. Em um estudo randomizado, duplo-cego e controlado por placebo, 64 pacientes receberam gengibre ou um placebo. Os dados demonstraram "... que a suplementação com gengibre melhora a sensibilidade à insulina e algumas frações do perfil lipídico em pacientes DM2."

Pesquisadores também acompanharam o efeito de 1,600 mg de gengibre durante 12 semanas em participantes com diabetes tipo 2 e descobriram que o gengibre diminuiu vários parâmetros, incluindo plasma glicose em jejum, HbA1C, insulina, triglicerídeos e proteína reativa C. Os pesquisadores concluíram que "... o gengibre pode ser considerado um tratamento eficiente para a prevenção de complicações na diabetes."

Depois, os pesquisadores testaram o gengibre após oito semanas utilizando uma dose maior. Dados desse estudo demonstraram que consumir uma cápsula com 3 gramas de pó de gengibre por oito semanas ajuda a diminuir o açúcar no sangue em jejum e a hemoglobina A1c, além de aumentar a resistência à insulina.

Em um estudo similar, pesquisadores administraram 2 gramas de pó de gengibre ao dia em participantes com diabetes tipo 2 e descobriram que a suplementação "diminuiu significativamente os níveis de açúcar no sangue em jejum, hemoglobina A1c," e melhorou outros biomarcadores quando comparados aos valores-base e ao grupo de controle.

Finalmente, Greger mostrou os resultados de um estudo no qual participantes receberam 3 gramas de pó de gengibre e os participantes do grupo de intervenção melhoraram significativamente vários biomarcadores, incluindo glicose e hemoglobina A1c, enquanto os biomarcadores do grupo de controle pioraram.

O gengibre diminui a dor e os biomarcadores inflamatórios

A inflamação crônica é uma marca registrada de praticamente todas as doenças, incluindo câncer, obesidade e problemas cardíacos. Embora a resposta inflamatória seja normal e benéfica por mobilizar os glóbulos brancos e químicos que protegem o corpo de invasores externos como vírus e bactérias, a inflamação crônica tem o efeito oposto.

Sua alimentação desempenha um papel significativo e é a forma perfeita de começar a mudar seu quadro. Certos suplementos nutricionais são conhecidos por seu poder anti-inflamatório, incluindo o gengibre. Porém, apenas adicionar o gengibre não mitiga os efeitos de consumir alimentos ultraprocessados, ricos em carboidratos, cheios de açúcar refinado e ácido linoleico ômega-6.

Parte importante de baixar a resposta inflamatória no corpo envolve excluir óleos refinados vegetais, já que eles claramente estão entre os venenos mais perigosos e perniciosos em todos os alimentos. Você pode evitá-los deixando de consumir alimentos processadose a maioria das comidas de restaurante. Outra ação simples e impactante na dieta é eliminar óleos de sementes.

Acredito que o ácido linoleico ômega-6 é o principal vilão por trás de todas as doenças crônicas, pois, quando consumido em quantidades excessivas, age como um veneno metabólico que limita radicalmente a função mitocondrial e a habilidade de suas células de produzir energia.

Segundo um trabalho acadêmico de 2012, "cravo, gengibre, alecrim e açafrão podem reduzir significativamente a expressão induzida por LDL oxidada de TNF-α" ou fator de necrose tumoral, uma citocina envolvida na inflamação sistêmica. O gengibre diminui os biomarcadores inflamatórios, sugerindo uma poderosa ação anti-inflamatória.

A inflamação também tem um papel significativo na percepção de dor. Dados científicos demonstram que o extrato de gengibre ajuda a mitigar a dor e várias situações. Um estudo de 2001 concluiu que o extrato altamente purificado e padronizado utilizado na intervenção teve um "efeito estatisticamente significativo na redução dos sintomas de OA [osteoartrite] nos joelhos. O efeito foi moderado. O perfil de segurança foi bom, principalmente com eventos adversos gastrointestinais leves no grupo do extrato de gengibre.”

Um estudo de 2018 publicado no Taiwanese Journal of Obstetrics and Gynecology demonstrou que o gengibre é tão eficiente quanto o Novafen, um remédio não-esteroide anti-inflamatório (NSAID), no alívio de dores menstruais em mulheres com dismenorreia primária. Os pesquisadores concluíram que o "Tratamento com ervas da medicina natural, remédio não sintético, é recomendado para reduzir dismenorreia primária."

O gengibre também demonstrou ter propriedades que aumentam o alívio da dor, sugerindo que ele pode reduzir inflamação, a dor da osteoartrite, agir em benefício de pessoas com dores de cabeça, além de ser utilizado em conjunto com a massagem suíça em sua forma de óleo aromático. Após uma análise dos principais componentes do gengibre, o 6-gingerol e 6-shogaol, os pesquisadores documentaram um efeito analgésico.

O gengibre promove a saúde intestinal

O gingerol e shogaol têm conhecidas propriedades medicinais quando incluídos em formulações nutracêuticas, protegendo contra problemas do coração, diabetes e fígado. Temperos como gengibre também são conhecidos por ter um efeito benéfico no microbioma intestinal, que pode afetar positivamente na prevenção e combate a diabetes. Um estudo concluiu:

“Neste estudo transversal, a maior diversidade do microbioma, bem como mais bactérias intestinais produtoras de butirato, foi associado a menos diabetes tipo 2 e menor resistência à insulina entre indivíduos sem diabetes.”

Em 2022, pesquisadores demonstraram que a canela, gengibre, orégano, pimenta-preta e caiena alteram positivamente as bactérias intestinais após quatro semanas em adultos com risco de doenças cardiovasculares. Os pesquisadores de Penn State notaram que mais diversidade no microbioma promove melhor a saúde do que um microbioma menos diverso. Especificamente, foi observado um aumento no grupo bacteriano Ruminococcaceae, benéfico para a função imunológica e o metabolismo hepático.

Pesquisas anteriores sugerem que o aumento da família Ruminococcaceae também pode suprimir o ganho de peso a longo prazo e a obesidade induzida pela dieta. O aumento dos gêneros Faecalibacterium e Agathobacter também foi observado. Esses grupos são conhecidos por produzir ácidos graxos anti-inflamatórios de cadeia curta (SCFAs), incluindo butirato e ácido propiônico.

Os SCFAs têm um papel importante na produção da barreira intestinal, tornando o intestino menos permeável a microorganismos causadores de doenças. Os pesquisadores explicaram que o butirato é a primeira fonte de energia para os colonócitos (células epiteliais do cólon), que ajudam a moldar a composição da microbiota intestinal.

Os componentes bioativos no gengibre, gingeróis e shogaóis, também está associado à gestão da dor neuropática e à atividade anti-inflamatória. Quando dois extratos de raiz de gengibre foram avaliados acerca de seus efeitos na sensibilidade à dor e comportamentos análogos à ansiedade em estudos com animais, os dados mostraram que os extratos modularam o microbioma intestinal, reduziram significativamente a dor e os comportamentos análogos à ansiedade.

Mais formas de aliviar a inflamação e proteger o microbioma intestinal

Também conhecido como “Haldi ka Doodh” em hindi, o leite dourado faz parte da cultura indiana há séculos. É uma bebida ayurvédica, muitas vezes feita com açafrão, gengibre, canela, mel e leite de sua escolha. Algumas receitas incluem a adição de noz-moscada, pimenta-do-reino, entre outras especiarias.

A mistura é aquecida e pode ser servida quente ou com gelo para uma bebida refrescante nos dias de verão. O leite dourado tem efeitos vários efeitos benéficos, desde as propriedades anti-inflamatórias dos temperos, incluindo a prevenção e tratamento do câncer, controle da dor, neuroproteção, anti-idade e perda de peso.

Não há dúvidas de que incluir uma variedade de alimentos integrais, incluindo ervas e temperos, é ótimo para o intestino. E o que mais mantém sua microbiota em boa forma? Considere a seguinte lista de indicações e contra-indicações:

Indicações

Consuma muitos alimentos fermentados — Escolhas saudáveis ​​incluem lassi, kefir fermentado de forma orgânica, natto (soja fermentada) e vegetais fermentados.

Consuma um suplemento probiótico. — Se você não consome alimentos fermentados de forma regular, um esse suplemento pode ser útil.

Aumente seu consumo de fibra solúvel e insolúvel, focando nos vegetais, nozes e sementes, incluindo sementes germinadas.

Coloque a mão na massa no jardim — A exposição a bactérias e vírus no solo pode ajudar a fortalecer seu sistema imunológico e fornecer imunidade duradoura contra doenças.

Abra suas janelas — Pesquisas mostram que abrir uma janela e aumentar o fluxo de ar natural pode melhorar a diversidade e a saúde dos micróbios em sua casa, o que, por sua vez, beneficia você.

Lave sua louça na pia em vez de usar uma máquina de lavar — Dados comprovam que a lavagem à mão deixa mais bactérias nos recipientes do que lavar na máquina. Comer nesses pratos não estéreis pode diminuir o risco de alergias através do estímulo do seu sistema imunológico.

Contra-indicações

Antibióticos, a menos que seja absolutamente necessário — quando o utilizar, volte a nutrir seu intestino com alimentos fermentados e/ou um suplemento probiótico de alta qualidade.

Carnes criadas de forma convencional e outros produtos de origem animal, já que os animais CAFO são alimentados com doses baixas de antibióticos.

Água clorada e/ou fluoretada — Isso inclui o banho ou ducha.

Alimentos processados — Açúcares em excesso, juntamente com outros nutrientes "mortos", alimentam as bactérias patogênicas. Emulsificantes de alimentos como polissorbato 80, lecitina, carragenina, poligliceróis e goma xantana podem ter um efeito adverso na flora intestinal. Os adoçantes artificiais também podem alterar as bactérias do intestino de formas adversas.

Produtos químicos agrícolas. O glifosato (Roundup), em particular, é um antibiótico conhecido e pode matar muitos micróbios intestinais benéficos se você ingerir alimentos contaminados com ele.

Sabonete antibacteriano, pois ele mata bactérias boas e más e contribui para o desenvolvimento da resistência a antibióticos.