📝RESUMO DA MATÉRIA
- Uma equipe de pesquisadores da Oregon State University, encontrou um efeito positivo significativo quando homens mais velhos utilizaram multivitaminas
- O estudo envolvendo 35 homens saudáveis com 68 anos ou mais; metade utilizou um suplemento multivitamínico enquanto a outra metade utilizou um placebo, durante todos os dias por 6 meses
- O grupo multivitamínico melhorou os biomarcadores de nutrição, enquanto o grupo placebo não
- O grupo placebo apresentou redução no consumo de oxigênio celular, que é um marcador da função celular; o grupo multivitamínico não
- Ao melhorar o status vitamínico ou prevenir declínios, assim como reduzir o consumo de oxigênio celular, o uso de multivitamínicos “pode ter implicações importantes para o metabolismo e a saúde imunológica em homens idosos saudáveis”
🩺Por Dr. Mercola
Suplementos multivitamínicos e minerais são os mais consumidos nos EUA. Estima-se que 1/3 dos adultos americanos e 1/4 das crianças e adolescentes os use. Porém, apesar de sua popularidade, os multivitamínicos são controversos, com estudos mostrando resultados diversos a respeito de seus benefícios.
Uma equipe de pesquisadores da Oregon State University (OSU), no entanto, encontrou um efeito positivo significativo quando homens mais velhos utilizaram multivitaminas, na medida em que concluíram: "Nossas evidências indicam que muitos homens mais velhos podem se beneficiar de um multivitamínico diário."
Os multivitamínicos melhoram os principais biomarcadores da nutrição
O estudo envolveu 35 homens saudáveis com 68 anos ou mais. Metade utilizou um suplemento multivitamínico (MV/MM), enquanto a outra metade utilizou um placebo todos os dias durante 6 meses. Os homens não utilizaram outros suplementos durante o período do estudo, com exceção da vitamina D prescrita pelo médico.
“Nossos testes quando o estudo começou mostraram que muitos desses homens mais velhos não estavam obtendo os níveis ideais de diversas vitaminas,” disse Tory Hagen, investigador principal e Helen P. Rumbel professor de pesquisa sobre envelhecimento saudável no Linus Pauling Institute. "Portanto, havia espaço para melhorias."
No entanto, diferenças significativas foram observadas entre os 2 grupos no final do período de estudo. O grupo multivitamínico melhorou os biomarcadores de nutrição, enquanto o grupo placebo não. Na verdade, os biomarcadores nutricionais caíram em alguns dos participantes do placebo, o que "sugere que o alimento sozinho não foi suficiente para manter os níveis de vitaminas e carotenóides elevados," explicou Hagen.
No entanto, o grupo placebo também apresentou redução no consumo de oxigênio celular, que é um marcador da função celular. "Isso não foi observado em homens que utilizaram o multivitamínico, sugerindo uma ligação entre o status da vitamina e a função dos glóbulos brancos que estamos ansiosos para explorar mais," disse Hagen em um comunicado à imprensa da OSU.
Ao melhorar o status vitamínico ou prevenir declínios, bem como limitar as reduções no consumo de oxigênio celular, a equipe afirmou que o uso de multivitamínicos "pode ter implicações importantes para o metabolismo e a saúde imunológica em homens idosos saudáveis." Embora as deficiências de vitaminas e minerais não fossem comuns entre os indivíduos saudáveis que participaram do estudo, os pesquisadores ainda descobriram que multivitaminas valem a pena, explicando:
"[O] uso de suplementos MV/MM pode melhorar ou prevenir declínios no estado de diversas vitaminas e pode prevenir declínios no estado bioenergético celular. Embora a suplementação de MV/MM seja uma estratégia "tamanho único" e não tenha como alvo as necessidades específicas de micronutrientes, é uma abordagem econômica para melhorar o status de micronutrientes em homens mais velhos e pode ter um impacto ainda não apreciado na manutenção metabólica funcionam nas células.”
Multivitaminas são benéficas para a memória
Outra pesquisa, realizada por cientistas da Harvard Medical School e da Columbia University, demonstrou que os adultos mais velhos que utilizam uma suplementação multivitamínica podem experimentar melhorias na memória.
Os dados foram coletados do COcoa Supplement and Multivitamin Outcomes Study Web (COSMOS-Web), que foi um estudo auxiliar do COSMOS. Nesse grupo de 3,562 idosos, os participantes receberam um suplemento multivitamínico (Centrum Silver) ou um placebo.
Os participantes foram avaliados no início do estudo e a cada ano utilizando uma bateria de testes neuropsicológicos, durante um período de 3 anos. Os dados mostraram que os participantes que utilizaram o suplemento multivitamínico tiveram melhor recordação imediata no primeiro ano, o que foi mantido durante o acompanhamento.
Os pesquisadores estimaram que fazer uso de um multivitamínico melhorou o desempenho em "o equivalente a 3,1 anos de mudança de memória relacionada à idade" em comparação com o placebo. A equipe concluiu:
"A suplementação multivitamínica diária, em comparação com o placebo, melhora a memória em adultos mais velhos. A suplementação multivitamínica é promissora como uma abordagem segura e acessível para manter a saúde cognitiva na velhice.”
Os multivitamínicos reduzem o risco de doenças crônicas?
O objetivo do estudo COSMOS foi avaliar a suplementação de extrato de cacau com e sem um multivitamínico padrão contra o risco de desenvolver doenças cardiovasculares e câncer. O estudo maior com 21,442 participantes e descobriu que a suplementação de flavanol de cacau não mostrou um impacto significativo na redução do número total de eventos cardiovasculares.
No entanto, quando os dados foram avaliados de maneira mais profunda, eles também descobriram que multivitaminas diárias reduziram o câncer de pulmão em 38% e "pareceram melhorar os níveis de diversos biomarcadores nutricionais." Pesquisas anteriores também descobriram que a suplementação multivitamínica diária levou a uma significativa redução na incidência total de câncer entre homens com 50 anos ou mais.
Outra pesquisa descobriu que o uso de multivitamínicos foi ligado a uma redução de 70% no risco de câncer gástrico não cardíaco entre os participantes negros do Southern Community Cohort Study que estavam abaixo do índice de alimentação saudável médio, que mostra que eles tinham uma alimentação de qualidade inferior.
Por que os adultos mais velhos podem estar em risco de deficiências nutricionais
É importante ressaltar que envelhecer não significa o aparecimento deficiências nutricionais. De fato, dada a falta de deficiências de nutrientes que a equipe da OSU encontrou entre seus indivíduos mais velhos, eles disseram: "Essa é uma evidência que sugere que as deficiências de micronutrientes observadas em relatórios anteriores podem não ser uma função da idade em si, mas uma consequência de condições de saúde subjacentes. ou maus hábitos alimentares."
No entanto, existe uma série de fatores que podem predispor os adultos mais velhos a deficiências e inadequações em micronutrientes e caso seja deficiente, é possível que um multivitamínico possa ser de fato útil. Mudanças nos hábitos alimentares junto com alterações fisiológicas podem contribuir para inadequações de micronutrientes. Segundo a equipe da OSU:
"Por exemplo, tanto as escolhas alimentares quanto as alterações na absorção de nutrientes podem diminuir como resultado de uma saúde bucal ruim, alterações do pH gastrointestinal, inflamação crônica de baixo grau do intestino (ou seja, gastrite atrófica), doenças comorbidas, polifarmácia ou perda de paladar e olfato, e qualquer combinação desses fatores.
Existe também a possibilidade de que o avanço da idade possa levar ao aumento da utilização de micronutrientes, tornando mais difícil para os idosos manter os níveis ideais de nutrientes no sangue. Eventos inflamatórios agudos ou crônicos, que muitas vezes afetam indivíduos mais velhos, podem reduzir as concentrações circulantes de diversas vitaminas e minerais.”
As deficiências nutricionais mais comuns
A melhor maneira de evitar deficiências nutricionais é fortalecendo suas refeições com alimentos integrais e ricos em nutrientes. Suplementos direcionados também podem ser benéficos para compensar lacunas nutricionais, assim como multivitaminas quando for necessário.
Nos EUA, descobriu-se que 31% da população dos EUA corre o risco de no mínimo uma deficiência de vitamina ou anemia, aumentando o risco de problemas de saúde ao longo da vida. É estimado que 1 em cada 3 pessoas seja deficiente em no mínimo 10 minerais, colocando-as em risco de problemas crônicos, como doenças cardíacas e diabetes. Mesmo em nível subclínico, a falta de vitaminas e minerais pode causar uma série de sintomas, incluindo:
- Fadiga
- Irritabilidade
- Dores
- Diminuição da função imunológica
- Palpitações
Algumas das deficiências nutricionais mais comuns incluem:
1. Vitamina D — É estimado que 40% dos europeus apresentam falta de vitamina D, enquanto 13% são muito deficientes. Entre os americanos mais velhos, no entanto, estima-se que até 100% podem ser deficientes, em grande parte devido ao menor tempo gasto ao ar livre.
A única maneira de avaliar se você precisa de suplementação (e quanto) é testar de maneira periódica seus níveis, sendo ideal 2 vezes por ano, no final do inverno ou logo no início da primavera e no início do outono, quando seus níveis estão nos pontos mínimo e máximo. A vitamina D é obtida de maneira mais fácil através de exposição solar sensata, mas a suplementação pode ser necessária em alguns casos.
2. Magnésio — É estimado que mais da metade da população pode não estar consumindo magnésio suficiente. Você só precisa de cerca de 150 mg a 180 mg por dia para prevenir a deficiência, mas os níveis ideais estão mais próximos dos 600 mg/dia. Para efeito de comparação, a RDA de magnésio é de cerca de 310 mg a 420 mg por dia, dependendo da sua idade e sexo.
Os vegetais de cor verde-escuros são uma boa fonte de magnésio, e o suco de suas verduras é uma excelente maneira de aumentar sua ingestão, embora a suplementação seja de certo modo necessária para a maioria das pessoas.
3. Vitamina K2 — Conhecida por sua função na saúde dos ossos e do coração, a vitamina K2 é encontrada em produtos animais pasteurizados, como carne, ovos, fígado e laticínios, bem como em alimentos fermentados, incluindo chucrute, certos queijos e o alimento de soja fermentado natto, itens que muitos americanos não consomem o suficiente.
4. Vitamina B12 — A vitamina B12, uma vitamina solúvel em água também conhecida como cobalamina, desempenha um papel em diversas reações bioquímicas e neurológicas do corpo, incluindo a síntese de DNA. 22 Seu corpo não consegue produzir vitamina B12 por conta própria, portanto, ela deve ser obtida através da alimentação ou suplementação.
Acredita-se que quase 2/5 dos norte-americanos podem ter níveis de vitamina B12 abaixo do ideal, 9% deles apresentando deficiência e 16% abaixo de 185 pmol/L, que é considerado o limite para deficiência. Embora os vegetarianos e veganos sejam mais suscetíveis, visto que a vitamina B12 é derivada de produtos de origem animal, mesmo aqueles que consomem carne podem apresentar uma deficiência dessa vitamina, pois é comum haver problemas de absorção.
5. Vitamina A — Estima-se que 51% dos adultos não estão consumindo vitamina A suficiente, aumentando o risco de doenças degenerativas como a degeneração macular, uma das principais causas de cegueira nos EUA.
A vitamina A é um grupo de nutrientes que se enquadra em duas categorias diferentes: retinoides encontrados em alimentos de origem animal e carotenoides encontrados em alimentos vegetais. Os dois são diferentes quimicamente e fornecem diferentes benefícios à saúde, mas ambos são necessários para uma saúde ideal. Alimentos vegetais ricos em beta-caroteno incluem batata-doce, cenoura, melão e manga. Alimentos de origem animal ricos em vitamina A incluem fígado, gema de ovo e manteiga natural.
A melhor maneira de conseguir seus nutrientes é através de alimentos
Como afirmei há um tempo, consumir alimentos frescos e integrais é a melhor opção para se manter saudável e obter as vitaminas e minerais de que seu corpo precisa. Evitar alimentos ultra processados desprovidos de nutrientes, é essencial, porém, para aumentar o desafio, os pesquisadores documentaram o declínio do valor nutricional em relação aos alimentos integrais que as pessoas estão consumindo.
Em um estudo maior, os pesquisadores descobriram um declínio confiável em 6 nutrientes em 43 alimentos. Com níveis de proteína, cálcio, fósforo, vitamina C e outros nutrientes mais baixos em muitas frutas e vegetais em comparação com décadas anteriores, agora é mais importante do que nunca escolher alimentos orgânicos para manter a saúde ideal.
Se pensa que não está recebendo nutrição suficiente de sua alimentação, um multivitamínico pode ajudar a preencher algumas lacunas. Ao escolher qualquer suplemento multivitamínico ou mineral, procure um fabricante que tenha verificações e equilíbrios para garantir a qualidade do produto.
🔍Recursos e Referências
- NIH, Multivitamin/mineral Supplements, Fact Sheet for Health Professionals
- Nutrients 2023, 15(12), 2691; doi: 10.3390/nu15122691
- Oregon State University June 14, 2023
- American Journal of Clinical Nutrition, 2023; doi: 10.1016/j.ajcnut.2023.05.011
- COcoa Supplement and Multivitamin Outcomes Study, Multivitamin Findings
- JAMA. 2012 Nov 14;308(18):1871-80. doi: 10.1001/jama.2012.14641
- Cancer Causes Control. 2023 Jun 13. doi: 10.1007/s10552-023-01734-7
- Nutrients. 2017 Jul; 9(7): 655., Abstract
- Amazon, The Mineral Fix
- Nutrients. 2017 Jul; 9(7): 655
- European Journal of Clinical Nutrition volume 74, pages 1498–1513 (2020)
- J Aging Gerontol. 2014 Dec; 2(2): 60–71
- Oregon State University, Micronutrient Inadequacies, Magnesium
- National Institutes of Health, Magnesium
- Journal of Clinical Nephrology & Kidney Diseases August 31, 2018
- USDA, Agricultural Research August 2000
- Oregon State University, Micronutrient Inadequacies, Vitamin A
- U.S. CDC, Macular Degeneration
- National Institutes of Health, Vitamin A, Sources Of Vitamin A, Table 2
- Journal of the American College of Nutrition, 2004; 23(6)
- National Geographic May 3, 2022