📝RESUMO DA MATÉRIA

  • Não é verdade que as gorduras saturadas promovem problemas cardíacos e obstruem as artérias. Na verdade, elas combatem muitas doenças crônicas da atualidade, incluindo problemas cardíacos, sendo muito importantes para uma saúde ideal.
  • Uma descoberta chegou para acabar com o estigma do leite integral como vilão da saúde: mais de 2.900 adultos tiveram a gordura no sangue examinada durante um estudo que revelou que a taxa de mortalidade em um período de 22 anos era idêntica entre pessoas que tomam leite integral e o grupo de controle.
  • Segundo a análise, pessoas com altos níveis de ácido heptadecanoico, um componente da manteiga, têm 42% menos risco de ter um derrame.
  • Os dados atuais contrariam as diretrizes que desencorajam o consumo de gordura saturada, segundo uma revisão sistêmica feita em 2014.
  • Considerado um agente protetor contra problemas cardíacos e doenças metabólicas, o colesterol de lipoproteína de alta densidade, ou HDL, está presente em queijos com alto teor de gordura.

🩺Por Dr. Mercola

Por conterem gordura saturada, o leite integral, manteiga e queijo são erroneamente taxados como fatores de obesidade e demonizados como supostos promotores de problemas cardíacos e outras doenças relacionadas. Hoje em dia, já sabemos que consumir gordura não é o que engorda. Aquela história de que as gorduras saturadas promovemdoenças cardíacas e entopem as artérias já foi refutada pela ciência. Na verdade, elas combatem muitas doenças crônicas da atualidade, incluindo problemas cardíacos, sendo muito importantes para uma saúde ideal.

As Diretrizes Dietéticas para Americanos de 2015 reconhecem que a redução da ingestão TOTAL de gordura não afeta a obesidade ou o risco de doenças cardíacas. Ainda assim, o mito do baixo teor de gordura continua.

Em vez disso, devemos olhar para os verdadeiros culpados, e as diretrizes apontam para os grãos refinados e o açúcar. Porém, nem as diretrizes acertaram completamente, pois recomendam laticínios com baixo teor de gordura e sugerem um limite de 10% para gorduras saturadas nos laticínios. É claro que isso não muda o fato de que o consumo de laticínios integrais é recomendado por pesquisas recentes em detrimento aos produtos com baixo teor de gordura.

As taxas de mortalidade não são alteradas pelo consumo de laticínios.

O Dr. James Hamblin, editor sênior, discute em um artigo do The Atlantic a pesquisa que descarta as recomendações de baixo teor de gordura e a "redenção" dos latcínios integrais. A taxa de mortalidade em 22 anos é idêntica para quaisquer níveis de gordura no sangue, como comprovado em dos estudos mais recentes sobre o tema, que contou com exames de mais de 2,900 adultos. "Leite integral, desnatado ou 2%, não importa o que as pessoas tomavam..." Escreve Hamblin.

Parece que o consumo de gorduras derivadas do leite não influencia no risco de morte, seja ele alto ou baixo. "Parece que a grande boa notícia aqui é que os laticínios integrais não são ruins para a saúde, ao contrário do que diz a sabedoria popular", disse Marcia de Oliveira Otto, professora assistente de epidemiologia, genética humana e ciência ambiental na University of Texas School of Public Health, diz a Hamblin. "E não estamos sozinhos nesse pensamento. Resultados parecidos foram encontrados por uma série de estudos recentes."

Parece que "as evidências que temos agora não corroboram com as diretrizes cardiovasculares que incentivam o baixo consumo de gorduras saturadas totais e o alto consumo de ácidos graxos poli-insaturados", pelo menos foi o que concluiu uma meta-análise e revisão sistemática publicada em 2014, que avaliou 32 estudos observacionais com mais de meio milhão de participantes.

Otto observou que o consumo excessivo de açúcar, como você pode imaginar, aumenta o risco de quase todas as doenças crônicas existentes, mas que o leite integral pode estar entre as escolhas mais saudáveis justamente por ter baixa adição de açúcar.

A equipe de Otto descobriu que certas gorduras derivadas do leite têm benefícios específicos para a saúde, além do consumo de laticínios não causar impacto na taxa de mortalidade. Segundo a análise, pessoas com altos níveis de ácido heptadecanoico, um componente da manteiga, têm 42% menos risco de ter um derrame. Estudos confirmaram que o leite integral leite integral está associado a um menor risco de diabetes tipo 2 e que o ácido heptadecanoico também ajuda a reverter o pré-diabetes.

A discussão entre o leite pasteurizado e o integral

Se não falarmos sobre as diferenças entre o leite integral e o pasteurizado, deixaríamos uma parte muito importante da discussão de fora. Apenas o leite de vacas terminadas a pasto pode ser consumido em sua forma integral e não pasteurizada.O leite fica impróprio para o consumo e promove doenças que requerem a pasteurização quando vem de animais criados em esquemas de alimentação concentrada (CAFOs), uma vez que essa operação envolve o uso de antibióticos e outros medicamentos.

As diferenças na dieta também são muito importantes do ponto de vista nutricional.O leite CAFO pasteurizado simplesmente não contém vários componentes benéficos para a saúde, que você só encontra no leite de vacas terminadas a pasto.

As vacas CAFO sofrem alterações na saúde digestiva e na composição nutricional do leite por conta da dieta à base de grãos. Crianças que tomam leite integral têm menos infecções virais e do trato respiratório, incluindo a gripe comum, é o que diz um estudo de 2015 que saiu no The Journal of Allergy and Clinical Immunology. Os autores explicam:

"O consumo de leite de vaca integral baixou o risco de febre e infecções respiratórias manifestas em cerca de 30%... Dada a grande prevalência dos custos diretos e indiretos associados a infecções respiratórias no primeiro ano de vida, o impacto do leite minimamente processado e livre de patógenos pode ser enorme para a saúde pública."

O leite integral reduz a inflamação e melhora a função imunológica, o que foi comprovado em outros estudos por conta das reduções dos valores da proteína C-reativa em pessoas que tomam leite integral. Você também encontra no leite integral:

Probióticos, bactérias saudáveis que nutrem o microbioma intestinal

Aminoácidos, proteínas e gorduras integrais benéficas, todos 100% digeríveis e em uma forma altamente biodisponível

Imunoglobulinas (anticorpos), fatores de crescimento e mais de 60 enzimas digestivas. Inclusive, o leite pasteurizado é mais difícil de digerir porque essas enzimas são destruídas no processo de pasteurização.

Vitaminas A, B, C, D, E e K em formas altamente biodisponíveis. Uma mistura de minerais como fósforo, cálcio, magnésio e ferro, sendo todos melhor absorvidos graças aos lactobacilos vivos.

Fosfatase e lipase, a primeira melhora e auxilia a absorção do cálcio para os ossos e a segundo ajuda a hidrolisar e absorver gorduras.

Colesterol saudável e não oxidado

Baixo teor do inflamatório ômega 6 e grandes quantidades de ômega-3

Ácido linoleico conjugado (CLA), que, além de anticancerígeno, possui muitos outros benefícios de saúde

Há algum perigo em tomar leite integral?

Toda a propaganda oficial sobre leite integral parece visar muito mais a proteção das indústrias de laticínios de produção CAFO do que os consumidores. Isso segue sendo verdade, embora os autores apontem que o leite integral possa ter riscos de saúde a serem superados. Nesse sentido, quaisquer riscos são amplamente exagerados.

O órgão americano Food and Drug Administration (FDA) e o Departamento de Agricultura (USDA) insistem em dizer que o consumo do leite integral pode aumentar o risco de doenças e morte. A questão é que lugares nos quais o consumo de leite integral é muito mais amplo e comum, como a Europa, não estão lidando com esses problemas e as estatísticas relacionadas ao alimento não apoiam essas alegações. Muito pelo contrário, o Dr. Ted Beals e sua pesquisa demonstram que quaisquer outros alimentos têm 35,000 vezes mais chances do que o leite integral de deixar alguém doente.

Ignorando totalmente o fato de que as bactérias causadoras de doenças são resultado das práticas agrícolas industriais e que são elas que deixam os animais doentes, o FDA e o USDA insistem em colocar a culpa no leite integral. Animais saudáveis e terminados a pasto não têm quantidades perigosas de bactérias patogênicas, simples assim. Se o aviso tivesse como objetivo especificar que não se deve tomar leite CAFO não pasteurizado, talvez fizesse mais sentido, pois fazer isso seria um desastre.

Basta que o produtor siga práticas sanitárias adequadas e as fazendas leiteiras orgânicas sigam protocolos rígidos de qualidade e o leite das vacas terminadas a pasto dificilmente representará quaisquer riscos à saúde. Veja o que revelou uma pesquisa de Mark MacAfee, CEO da Organic Pastures Dairy. Durante a pesquisa a seguir, FOIA pediu que os Centros de Prevenção e Controle de Doenças enviassem dados sobre mortes supostamente relacionadas ao leite integral:

  • Em toda califórnia, não houve nenhuma morte relacionada ao leite integral
  • O queijo mexicano ilegal e feito em más condições sanitárias foi o causador das únicas duas mortes que o CDC lista como relacionadas ao leite integral nos Estados Unidos.
  • O leite pasteurizado contaminado foi a causa das últimas pessoas a morrer por conta de leite.
  • 1.100 doenças foram relacionadas ao leite cru entre 1973 e 2009, segundo um estudo da Cornell realizado com dados do CDC. Já o leite pasteurizado é responsável por nada menos do que 422.000 doenças. Houve pelo menos 50 mortes creditadas ao leite e queijo pasteurizados, mas nenhuma ligada ao leite integral

Pesquisa faz justiça ao queijo com alto teor de gordura

As pesquisas sobre os efeitos do queijo na saúde chegaram a resultados muito parecidos com as do leite. Joana Maricato, analista da New Nutrition Busines, relatou em 2015:

"Antigamente, o foco das pesquisas era analisar os nutrientes individualmente e seus efeitos no corpo. Hoje em dia, a tendência crescente é ver como alimentos e grupos de alimentos atuam como um todo... Isso tem trazido resultados surpreendentes, provando que a combinação de nutrientes de laticínios, particularmente o queijo, tem benefícios de saúde que simplesmente passaram despercebidos no passado."

Por exemplo, uma pesquisa publicada em 2016 descobriu que consumir queijo rico em gordura ajuda a melhorar sua saúde, aumentando o colesterol de lipoproteína de alta densidade (HDL). Níveis mais elevados de HDL são protegem a saúde contra doenças metabólicas ecardíacas. Por 12 semanas, quase 140 adultos participaram do estudo que analisava os efeitos biológicos do queijo com alto teor de gordura.

Essas pessoas foram divididas em três grupos. Os dois primeiros grupos foram instruídos a consumir 80 gramas de queijo com alto ou baixo teor de gordura diariamente. Já o terceiro deveria consumir 90 gramas de pão e geleia por dia, sem queijo. Embora o grupo que comeu queijo com alto teor de gordura tenha aumentado os níveis de LFC, nenhum dos grupos teve mudanças significativas no colesterol de lipoproteína de baixa densidade (LDL).

Além de prevenir esteatose hepática, outro estudo publicado no mesmo ano  mostrou que o consumo de queijo ajuda a melhorar os níveis de triglicerídeos e colesterol, ambos parâmetros para avaliar o risco de doenças cardíacas. Estudos também descobriram que o queijo gordo pode ser útil para o controle de peso. Em um deles, eles descobriram que ajuda a acelerar o metabolismo, reduzindo assim o risco de obesidade.

O queijo Roquefort, em particular, tem sido associado à saúde cardiovascular e maior longevidade, cortesia de suas propriedades anti-inflamatórias. O queijo — especialmente quando feito com leite de animais criados a pasto — também é uma excelente fonte de vários nutrientes importantes para a saúde, incluindo:

  • Aminoácidos e proteínas de alta qualidade
  • Gorduras ômega-3 e gorduras saturadas de alta qualidade
  • Minerais e vitaminas, incluindo cálcio, vitaminas A, D, B2 (riboflavina), B12, zinco e fósforo.
  • Vitamina K2 (presente em grandes quantidades nos queijos Gouda, Brie e Edam. Queijos como Cheddar, Colby, queijo de cabra duro, suíço e gruyere têm valores bem menos significativos de K2)
  • CLA, um poderoso componente do combate ao câncer que também melhora o metabolismo

As melhores escolhas são manteiga e laticínios integrais

Fique atento caso você siga uma dieta cetogênica cíclica: o leite integral possui vários benefícios de saúde valiosos, mas é rico em açúcares naturais e irá tirá-lo facilmente do estado de cetose. Laticínios integrais, incluindo queijo, manteiga e produtos fermentados como kefir ou iogurte feito de leite integral terminado a pasto são todas opções válidas com grandes benefícios de saúde.

Eu costumo consumir entre meio quilo e um quilo de manteiga integral toda semana, geralmente após minhas sessões de treino de força, acompanhada com batata-doce. Um menor risco de doenças cardíacas, artrite, câncer, obesidade, asma e osteoporose são todos benefícios da manteiga para a saúde que já foram associados por estudos. A manteiga também melhora a fertilidade, promove a saúde da tireoide e ajuda no crescimento e desenvolvimento das crianças.

O Iogurteintegral e orgânico e o kefir contê, menos açúcar e oferecem grandes quantidades de probióticos, ambos efeitos colaterais do processo de fermentação.É claro que não estamos falando aqui do iogurte e kefir comprados em lojas. A enorme quantidade de adição de açúcares nesses produtos nutrem as bactérias que causam doenças intestinais. Além disso, o iogurte e kefir comercializados só têm os probióticos adicionados após a pasteurização. E isso vale tanto para marcas orgânicas quanto para não orgânicas.

Além disso, corantes, aditivos artificiais e adoçantes também estarão presentes nesses produtos, todos fazendo mal à sua saúde intestinal e geral. É claro que, desde que você tenha o leite integral em casa, fazer iogurte e kefir é muito fácil, então essa é a boa notícia. Para mais instruções e orientações, consulte "Como fazer iogurte fresco caseiro". O Relatório de Iogurtes do Coruncopia Institute pode ajudá-lo a escolher produtos prontos, caso você ainda prefira comprar do que fazer em casa.