📝RESUMO DA MATÉRIA
- O processo pelo qual o chocolate passa faz uma enorme diferença na saúde. Seu teor de cacau — que é amargo — a quantidade de açúcares adicionado, podem trazer ou não benefícios ao seu corpo
- Os polifenóis presentes no cacau cru, responsáveis pelo sabor amargo, são responsáveis pelas benesses à saúde ligadas ao chocolate amargo
- O cacau contém centenas de compostos naturais, —antioxidantes poderosos—, como a epicatequina, resveratrol. A feniletilamina, que ajuda a melhorar o humor e a teobromina, que possui efeitos similares aos da cafeína
- Testes revelam que para o chocolate ser benéfico, deve conter, pelo menos, 70% de cacau e ser adoçado com cana-de-açúcar orgânica. Esse tipo de chocolate melhora as funções da memória, diminui o estresse, melhora o humor e a função imunológica, além de reduzir inflamações
- O cacau ajuda a combater o diabete e outros tipos de inflamação, de acordo com inúmeras pesquisas, o chocolate amargo também é benéfico ao coração, vasos sanguíneos, cérebro e sistema nervoso
🩺Por Dr. Mercola
Através da história, por 4.000 anos, o chocolate foi símbolo de poder, luxo e riqueza. Maias e Astecas usavam grãos de cacau como moeda no século XIV. Se você estiver disposto a desistir do chocolate ao leite — estudos atuais demonstram que o chocolate amargo pode colaborar muito para a melhora da saúde.
O processo pelo qual o chocolate passa faz uma enorme diferença na saúde. Seu teor de cacau — que é amargo, não doce — a quantidade de açúcares adicionado, podem trazer ou não benefícios ao seu corpo.
Os polifenóis presentes no cacau cru, responsáveis pelo sabor amargo, são responsáveis pelas benesses à saúde ligadas ao chocolate amargo. No entanto, o chocolate ao leite , quase não obtém qualidades, por ser repleta de açúcar e contém baixos níveis de cacau rico em flavonoides.
O cacau é rico em químicos que promovem a saúde
Os compostos naturais contidos no cacau são inúmeros, e sabidamente benéficos à saúde. A Epicatequina (um flavonoide) e resveratrol, que possuem respectivamente propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, auxiliam na proteção contra danos nas células nevosas.
O professor de medicina Norman Hollenberg, de Harvand, passou anos pesquisando o povo Kuna do Panamá. Eles ingerem até 40 xícaras de cacau por semana. A epicatequina, encontrada no cacau, é tida em tão alta conta, que deveria ser classificada como vitamina.
Descobriu-se que doenças como derrame, ataques cardíacos, câncer e diabete, as quais são algumas das doenças mais relevantes mundialmente, tem 10% de incidência entre o povo Kuna. O elevado consumo do cacau também atribuiu aos anciãos do povo Kuna um baixíssimo índice de pressão arterial elevada.
Em muitas pesquisas recentes, o resveratrol, um poderoso estimulador da sirtuína, conhecido por seus efeitos neuroprotetores e, parece trabalhar em sinergia com o NAD, que aumenta a longevidade. Seu poder de atravessar a barreira hematoencefálica permite a controlar a inflamação no sistema nervoso central. As inflamações no CSN são as principais causas de doenças neuro-degenerativas, por isso tamanha importância.
O resvaratrol possui benefícios mitocondriais semelhantes aos do exercício, estimulando AMPK e PKC-1alfa, elevando biogênese mitocondrial e mitofagia, como demonstrado nas pesquisas. A feniletilamina, outra substância encontrada no cacau, demonstrou ser um melhorador de humor que funciona de mofo semelhante ao triptofano, que corpo transforma em serotonina.
Sem o nervosismo, mas com os efeitos energéticos da cafeína, há a teobromina. Minerais importantes como magnésio, zinco e ferro podem ser encontrados no cacau. O magnésio ajuda no relaxamento dos músculos e também é imprescindível para saúde dos ossos, o ferro age na produção de glóbulos vermelhos e o zinco age na renovação celular.
Para evitar o erro que cometi, tome cuidado. Supus que o cacau era tão incrível que eu poderia ingeri-lo todos os dias, sem pausas. Desenvolvi uma sensibilidade a ele, pois usei nibs de cacau, crus, em minhas vitaminas todos os dias, por quase um ano. Para não desenvolver uma sensibilidade, é melhor tirar alguns dias de folga na semana.
Chocolate amargo como auxiliador da saúde do cérebro
Recentemente apresentados no encontro anual Experimental Biology 2018 em San Diego, dados de testes em humanos da Loma Linda University, mostraram que o chocolate contribui na diminuição dos níveis de estresse, inflamação, melhora o humor, a memória e o sistema imunológico. Um aviso? O chocolate deve conter pelo menos 70% de teor de cacau e ser adoçado com açúcar de cana orgânico. Segundo a Universidade Loma Linda:
“Pela primeira vez estudos foram feitos em humanos, demonstrando que de fato o cacau é uma rica fonte de flavonoides e pode colaborar para a saúde endócrina, cognitiva e cardiovascular. Segundo tais pesquisas, quanto maior a concentração de cacau, mais positivo os efeitos benéficos sobre humor, imunidade, memória e cognição.”
Na primeira pesquisa, a ingestão de chocolate com 70% de cacau foi ligada ao controle positivo de diversas vias de sinalização intracelular que envolvem a ativação das células T, na resposta imune das células e no genes que envolvem a sinalização entre células do cérebro e na percepção sensorial. Descobriu-se, então, que o chocolate meio amargo melhora a plasticidade cerebral, os processos de retenção e armazenamento de novas informações, aumentar a resistência imune, bem como a habilidade de aprendizagem.
Já o segundo estudo testou com EEG a resposta cerebral ao ingerir 48 gramas de chocolate 70%cacau; 30 minutos logo após, e depois, duas horas posteriores a ingestão. Percebeu-se que o chocolate amargo, aumenta a neuroplasticidade, assim como demonstrado no primeiro estudo.
Chocolate amargo é um doce tratamento para o seu coração
De acordo com inúmeras pesquisas, o cacau, combate o diabetes, reduz processos inflamatórios, por beneficiar não só o cérebro, como também o sistema nervoso, vasos sanguíneos e coração. Segundo artigo divulgado pela revista Oxidative Medicine and Cellular Longevity:
“O cacau contém mais fenólicos, capacidade antioxidante maior do que o chá-verde, chá-preto ou vinho tinto… Ele também contém aproximadamente 380 substâncias químicas conhecidas, 10 das quais são psicoativas… Os fenólicos do cacau talvez possam auxiliar na proteção contra doenças nas quais o estresse oxidativo contribuem ou causam câncer.
Eles também podem fornecer propriedades anti-carcinogênicas, antimutagênicas, antiproliferativas e quimioprotetoras.”
Segundo uma meta-análise de 2012, ingerir chocolate pode diminuir o risco de derrame em 29% e o risco de doenças cardiovasculares em até 37%. No mesmo ano descobriu-se, por meio de outra análise de dados, que o cacau/chocolate diminuía a resistência à insulina, aumentava a elasticidade dos vasos sanguíneos, reduzia a pressão arterial, e atenuava levemente o colesterol de lipoproteína de baixa densidade (LDL).
Em 2015, uma publicação de pesquisa na revista Heart, incluindo também uma revisão aprofundada de nove outros estudos, correlacionou uso do chocolate com menores riscos de derrames e incidentes cardíacos. Quase 21.000 homens e mulheres inclusos na análise foram acompanhados por 12 anos. Conforme os autores:
“ Um total de nove pesquisas contendo 157.809 participantes foram incluídos na seguinte análise de dados: O número de participantes com doença cardíaca coronária (CHD) no quintil mais alto e mais baixo de ingestão de chocolate foi de 9,7 por cento e 13,8 por cento, e as suas taxas de acidente vascular cerebral foram de 3,1 por cento e 5,4 por cento, respectivamente…
O risco menor de doença coronariana estava associado ao maior consumo de chocolate … AVC… resultado adverso cardiovascular composto … e mortalidade cardiovascular…
Embora a confusão residual não possa ser excluída, comprovações cumulativas incutem que um maior consumo de chocolate ligado a menores probabilidades de incidentes cardiovasculares futuramente. Parece não haver comprovação científica que diga que pessoas com risco de doenças cardiovasculares não devam ingerir chocolate.”
Benefícios para diabéticos podem advir da ingestão de alimentos ricos em flavonoides
Por ser rico em polifenóis, o cacau também pode ser muito benéfico para diabéticos. Uma pesquisa demonstrou que pessoas que ingeriram 100 gramas de chocolate durante 15 dias, diminuíram sua resistência à insulina. O pó de cacau instantâneo, com teor elevado de flavonol, reduz o risco de doenças cardíacas em pacientes diabéticos, quando consumido três vezes ao dia, como indicou outra pesquisa. A função dos vasos sanguíneos foi de extremamente prejudicadas a normal, em apenas um mês.
Acredita-se que a melhora vascular é causada em sua maioria pelo aumento da fabricação de óxido nítrico, relaxador dos vasos sanguíneos. O progresso “foi tão grande quanto o observado com exercícios e muitas medicações comuns para diabetes." É bom observar que a bebida aqui referida possui uma quantidade muito maior de flavonoides (321 miligramas por porção) do que as encontradas em mercados locais.
“A mensagem passada pela pesquisa não é que as pessoas com diabete devam ingerir cacau, mas sim que a dieta rica em flavonoides são ótimas como prevenção a doenças cardíacas.” Conforme apontado pelo autor principal Malte Kelm, professor e presidente de cardiologia, pneumologia e medicina vascular no University Hospital Aachen, na Alemanha.
“Claro que é possível, diabéticos, tipo 2, inserirem o chocolate de forma saudável em suas dietas, mas não é disso que o estudo se trata. O tópico principal do estudo está no verdadeiro cerne da reflexão sobre 'chocolate saudável' — é sobre' flavonoides de cacau, substâncias que ocorrem naturalmente no cacau.
Nossos resultados demonstram, embora necessitemos aprofundar mais a pesquisa, que os flavonoides podem ter um impacto extremamente benéfico como parte de uma dieta saudável, na prevenção de complicações cardiovasculares em pessoas diabéticas.”
O cacau e bom-humor
O cacau também possui compostos químicos que melhoram o humor. Segundo o estudo de polifenóis, publicado em 2013, a bebida de chocolate amargo auxiliou na redução da ansiedade e induziu uma sensação de calma, quando ingerida durante um mês.
Os participantes ingeriram uma bebida placebo sem teor de polifenóis, ou uma bebida de cacau padronizada para conter 500 miligramas ou 250 miligramas de polifenóis. Aqueles que receberam a bebida verdadeira durante 30 dias, relataram mais calma e concentração, comparados aqueles que ingeriram placebos. Nenhum efeito importante foi relatado naqueles que receberam a dosagem menor (250 miligramas).
Chocolate saudável e não-saudável, entenda a diferença
Embora muitos desejem que o chocolate ao leite contenha os benefícios que as pesquisas apontam sobre o chocolate amargo, é importante perceber que isso não é possível. Os flavonoides são a fonte primária de benefícios, ou seja, quanto mais escuro o chocolate, mais cacau ele possui, e mais benéfico ele é.
O chocolate ao leite com muito açúcar apenas aumentará a resistência a insulina, por possuírem pouco valor. O processo de fabricação do chocolate faz com que seus benefícios sejam ainda menores, pois o processo destrói entre um quarto, até a metade dos antioxidantes.
Ainda é recomendado obter antioxidantes de frutas e vegetais, mas, caso opte pelo chocolate, recomendo o consumo do orgânico amargo, que contém mais flavonoide, em detrimento dos chocolates ao leite. Os nibs de cacau cru, são relativamente amargos e altamente recomendados, porque não contém açúcar.
Acima de tudo, consuma o chocolate com moderação, mesmo o amargo, principalmente se estiver enfrentando doenças sérias, como cânceres, que se alimentam do açúcar.
🔍Recursos e Referências
- History Channel February 13, 2014
- Science Daily March 12, 2007
- Circulation 2009 Mar 17;119(10):1433-41
- Loma Linda University Health News April 24, 2018
- Oxidative Medicine and Cellular Longevity 2012 Article ID 906252
- BMJ 2011 Aug 26;343:d4488
- Am J ClinNutr 2012 Mar;95(3):740-51
- Heart 2015; 101 1253-1255
- Journal of Nutrition 2008 Sep;138(9):1671-6
- Eurekalert May 26, 2008
- Journal of Psychopharmacology January 29, 2013