📝RESUMO DA MATÉRIA

  • Foram liberados na Flórida, nos Estados Unidos e no Texas Mosquitos com modificações genéticas (GE), uma criação da empresa de biotecnologia Oxitec
  • Pela primeira vez, com uma concessão de Licença de Uso prorrogada por dois anos pela EPA, a Oxitec recebeu a permissão de soltar mais mosquitos geneticamente modificados na Flórida e nos quatro condados da Califórnia, em março de 2022
  • Embora a EPA tenha estendido o EUP da Oxitec, tanto o Departamento de Agricultura da Flórida quanto o Departamento de Regulamentação de Pesticidas (DPR) da Califórnia devem aprovar os testes da Oxitec para que ele avance em seus estados
  • A oxitec removeu por vontade própria sua requisição de autorização para pesquisar e testar seus mosquitos modificados geneticamente na Califórnia. O DPR da Califórnia efetuou o anúncio, mesmo mediante a tendência contrária dos legisladores
  • Embora nos EUA não exista malária localmente adquirida nas últimas duas décadas, recentemente cinco casos surgiram, um no Texas e quatro na Flórida

🩺Por Dr. Mercola

Mesmo que a longo prazo a liberação de pernilongos alterados geneticamente (GE) possa resultar em um desastre, a empresa Oxitec de biotecnologia lançou-os nos EUA. Para tal experimento empírico, a Oxitec tem usado o Aedes aegpti (A. aegypti). O mosquito é conhecido pela disseminação de doenças como Zika, dengue, febre amarela, febre do nilo e uma doença parece com a dengue chamada Mayaro.

Devido a um “interruptor de morte genética”, programado pela modificação nos machos da espécie e feitas em laboratório pela Oxitec, quando são soltos e acasalam com fêmeas selvagens, os filhotes nascem com a herança genética letal e não conseguem continuar vivendo, tão pouco podem reproduzir-se no meio ambiente.

Com um nome enganador como Oxitec Friendly™, a Oxitec nos EUA, está vendendo os mosquitos, dando andamento a um projeto irresponsável que pode dar muito errado. A liberação dos mosquitos GE feita em diversos locais, será que já não é tarde demais?

Aprovação de uso experimental expandida da EPA Oxitec

Concordando que a Oxitec libertasse seus mosquitos geneticamente modificados em 6.240 acres do Condado de Monroe, Flórida, e 360 acres do Condado de Harris, Texas, em abril de 2020, a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos da América concedeu uma Licença de Uso Experimental (EUP) Primária.

A Oxitec, por volta de abril de 2021, havia liberado quase 5 milhões de Aedes aegypti em Florida Keys, isso em um período de apenas sete meses, e sem a concordância de moradores e ambientalistas. A empresa de tecnologia Oxitec recebeu da EPA, no terceiro mês de 2022, uma permissão para estender sua EUP por mais dois anos, soltando mosquitos geneticamente modificados na Flórida e, pela primeira vez, nos quatro condados da Califonia.

O Condado de Harris, no Texas, não está mais incluso como opção de local para liberação de mosquitos geneticamente modificados. Com o aumento da concessão, os pernilongos transgênicos podem ser soltos em 29.400 acres na Califórnia, nos condados de Stanislaus, Fresno, Tulare e San Bernardino, até 30 de abril de 2024, “para produzir dados de aplicabilidade em zonas climáticas variadas.”

2,5 bilhões de mosquitos transgênicos foram soltos com a extensão da EPA para o EUP da Oxitec — antes mesmo de exibir os resultados de suas testagens de campo na Flórida, em 2021. Um investimento enorme de 30 milhões de dólares foi feito pela Fundação Gates na Oxitec, para beneficiar o projeto de mosquitos geneticamente modificados. A maior parte — mais de US$ 20 milhões — é destinada às regiões dos Estados Unidos.

Para o experimento de mosquitos da GE na Califórnia Oxitec revogou a permissão.

Conforme a EPA aumentou o EUP da Oxitec, assim como o Departamento de Agricultura da Flórida, o Departamento de Regulamentação de Pesticidas (DPR) da Califórnia provavelmente aprovarão os testes da Oxitec, permitindo o avanço da pesquisa em seus estados. Membros da legislatura da Califórnia, mandaram uma carta, em novembro de 2022, “advertindo a negação” da licença para liberação de mosquitos transgênicos. Parte da carta, diz:

“Os resultados ambientais e a aptidão de gerenciar mosquitos transgênicos pode ser um grave problema de segurança e nos causa grande preocupação, portanto, acreditamos firmemente que o DPR deve rechaçar esta licença.” Para compreender as presumíveis preocupações ambientais e questões de saúde pública ligadas à soltura de um novo inseto, antes de qualquer aprovação, é necessário que se faça pesquisas aprofundadas.
É por demais apressado que a Califórnia considere a possibilidade de liberar as ações da Oxitec sem uma revisão federal minuciosa. Cremos que tal processo de revisão da EPA dos Estados Unidos está inacabado. Não há informações suficientes e tão pouco questões abordadas pela US EPA, que permitam a população conhecer a proposta e suas consequências.
… a difusão genética, não tem fim e traz muitos resultados não pretendidos. A soltura de mosquitos transgênicos na Califórnia pode ser um experimento que perigoso. Outras formas existentes com mais comprovação e menos riscos podem ser utilizadas.”

De forma voluntária, em maio de 2023, o DPR da Califórnia divulgou que a Oxitec, por livre vontade, retrocedeu no seu pedido de testar mosquitos geneticamente modificados na Califórnia. Dizendo ainda que “o DPR não divulgou nenhum parecer sobre o pedido".

“O retrocesso do aplicativo da Oxitec é uma vitória para os moradores da Califórnia e para a fauna selvagens.” Rebecca Spector, diretora da costa oeste do Center for Food Safety, expôs em seu comunicado a mídia. Nossos legisladores estaduais exigiram uma revisão mais ampla e profunda de tais mosquitos e seus impactos antes da aprovação, o que resultou nesta retirada.”

No entanto, a extensão dos estudos empíricos de campo com mosquitos geneticamente modificados, já foi aprovada pelo Departamento de Agricultura da Flórida. Concernente a isso, Barry Wray, diretor-executivo da Florida Keys Environmental Coalition, falou:

“Uma EPA que esquece a função de proteção relacionada ao seu nome do meio, proteção, deve ser motivo de um nível alto de preocupação. A Oxitec é abusiva, aproveitando-se da nossa confiança pública com sua ausência de transparência científica. Não existe comprovação alguma científica por parte da EPA demonstrando que tal mosquito não aumentará exponencialmente os problemas ao invés de resolvê-los.
Como se não considerasse o histórico fraudulento da Oxitec, a EPA comporta-se como uma parceira, concordando que um lobista se encontre com o ex-administrador da EPA, Pruitt. Liberar esses insetos é eticamente asqueroso."

Não existe inquietação por parte da EPA em relação aos insetos transgênicos no meio selvagem

Em outro de 2017, a FDA dos Estados Unidos transferiu a responsabilidade de revisar os mosquitos geneticamente modificados para a EPA, logo após categorizar tais mosquitos como pesticidas e não como drogas preventivas de doenças.

Tal transferência beneficiou muito a Oxitec, já que dentro de um ano após apresentação, a EPA é obrigada a revisar novos pesticidas, enquanto a FDA não tem tais restrições de prazo. Segundo afirmação da EPA, não há de ter "efeito adverso algum, nem para os humanos, e tão pouco para o meio ambiente".

"Para haver a concessão de Licença de Uso Experimental (EUP), assim como os pesticidas, os mosquitos transgênicos são regulamentados pela Lei Federal de Inseticidas, Fungicidas e Rodenticidas (FIFRA) e para isso, devem cumprir a exigência legal de que não haja nenhum efeito nocivo aos humanos ou ao ambiente.
A EPA fez uma vasta avaliação da ciência disponível mais evoluída, considerou a colaboração pública e consultou técnicos especializados nos Centros de Doenças dos EUA, Controle e Prevenção (CDC).antes de aprovar o EUP. Serão soltos no ambiente selvagem, apenas mosquitos machos OX5034. Eles não representam riscos a saúde, porque machos não picam humanos."

Ele também decidiu que os "efeitos" em espécies ameaçadas, pássaros, morcegos, peixes ou outros organismos seriam imperceptíveis, e que não se deve esperar que os animais sejam prejudicados com a redução potencial da população local de Aedes aegypti uma vez que os animais que predam esta espécie de mosquito, via de regra, têm uma dieta diversificada e o mosquito não é a fonte de alimento única ou crítica de nenhuma das espécies conhecidas."

Mas isso não é a história completa. Na falta da tetraciclina, administrada em laboratório para mantê-los vivos por tempo suficiente para a procriação, os mosquitos da Oxitec morrem. Uma proteção contra falhas, projetada para ter certeza que os mosquitos não permaneçam vivos na natureza, assumindo que em ambiente selvagem eles não teriam acesso a tal substância.

Antibióticos são sabidamente contaminantes de hidrovias, o que sugere que essa proteção contra falhas não é cem por cento confiável. Com a probabilidade de águas contaminadas por antibióticos, a própria EPA compreendeu que era melhor restringir a soltura dos mosquitos OX5034 próximo a esses locais.

"Como há uma possibilidade longínqua de que fontes ambientais de tetraciclina tenham tetraciclina em quantidade suficiente para agir como um contra-agente para o traço letal do mosquito feminino OX5034, para que nenhum filhote de mosquito fêmea sobreviva, a EPA se precaveu restringindo a liberação de mosquitos OX5034 a 500 metros de locais em que a presença da tetraciclina possa existir.
A liberação não pode ser efetuada a menos de 500 metros do perímetro externo de 1) locais onde se faça tratamento de águas residuais; 2) agricultura para venda de maçãs, peras, nectarinas e pêssegos; e 3) locais de comercialização de gado, aves e suínos. Uma área de 500 metros, forma uma zona de tamponamento conservada entre os pontos de soltura de OX5034 e fontes ambientais que possam conter de tetraciclina."

Mosquitos geneticamente modificados são fonte de preocupação com a segurança

Um webinar do Center for Food Safety levantou várias preocupações sobre os insetos transgênicos da Oxitec, incluindo alegações enganosas de eficácia, rebote de doenças e disseminação de bactérias resistentes a antibióticos — sem mencionar que não há consentimento informado para populações expostas a esse experimento maciço.

Alguns sinais de alertadas foram acendidos por testes anteriores. E um esforço de diminuir a população de mosquitos transmissores de doenças, em Jacobina, na Bahia, Brasil, aproximadamente 450.000 mosquitos machos geneticamente modificados foram soltos todas as semanas, durante 27 meses. “Se a letalidade for completa, a liberação dessa cepa deve apenas reduzir o tamanho da população e não afetar a genética das populações-alvo”, escreveram os pesquisadores no Scientific Reports.

Não foi o que se sucedeu, todavia. The Yale University researchers monitored the population of A. em Jacobina, para concluir se a soltura de mosquitos geneticamente modificados por meio da transferência de gene estava interferindo na genética dos mosquitos selvagens. Os mosquitos transgênicos contêm um gene de proteína fluorescente, que permite que a descendência transgênica seja detectada.

Os estudiosos descobriram, quando analisados seis, 12 e 27 a 30 meses posterior a liberação, “provas contundentes de que partes do genoma da cepa modificada foi incorporada à população-alvo”. Ou seja, agora em Jacobina (Cuba/México/Brasil) existe uma população tri-híbrida de mosquitos GM. Provavelmente por sua composição genética diferenciada, a população é ”mais preparada” do que era antes da liberação dos mosquitos transgênicos. Isso se deve ao “vigor híbrido.”

Nos EUA — Flórida e no Texas, a malária reaparece

Por pelo menos duas décadas, não havia malária adquirida localmente nos EUA. Em julho de 2023, o JAMA relatou cinco casos diagnosticados — quatro na Flórida e um no Texas nos últimos dois meses. O JAMA confirmou cinco casos em julho de 2023 — um no Texas e quatro na Flórida.

A malária, transmitida pelo mosquito Anopheles, e difere dos mosquitos usados pela Oxitec. Mas, coincidentemente, em ambos os estados onde houve liberação dos mosquitos GE, ocorreu um aumento dos casos de malária. Os EUA sendo acusados pela Rússia se de preparar para usar drones para lançar mosquitos transmissores de malária sobre soldados é espantoso.

O diagnóstico de malária está sendo considerado pelos profissionais de saúde, por recomendação do CDC, principalmente se o paciente apresentar febre de origem desconhecida e vier de áreas onde foram reportados casos recentes de malária local.

Proteção e controle naturais contra mosquitos

Para reduzir os mosquitos, pulverizar químicos ou soltar espécimes geneticamente modificadas nãos são a resposta. Os criadouros de mosquitos são latas de lixo, tigelas de animais de estimação, piscinas de animais, lixo e brinquedos infantis. Esvaziar as fontes de água são uma solução para evitar a proliferação dos mosquitos em sua casa. Para afastar os mosquitos enquanto você está no quintal, um ventilador doméstico é uma ajuda natural.

Casa de morcegos e plantação de mal-me-quer são outras opções que afastam os mosquitos. Morcegos em fase de aleitamento podem consumir até 4.500 insetos em uma noite, e pequenos morcegos ingerem até 1.000 ou mais.

Mangas longas e calça em áreas de incidência de pernilongos, ajudam a evitar picadas. Óleo de folha de canela, óleo essencial de citronela ou óleo de erva-de-gato, são repelentes naturais que podem ser utilizados quando preciso. Quando está quente, ou ao amanhecer e entardecer são quando os mosquitos estão mais ativos, tente evitar zonas de incidência nesses períodos.