📝RESUMO DA MATÉRIA
- Aspargos costumam trazer um odor diferenciado a urina, porém a capacidade de sentir tal odor varia entre pessoas e populações, ou seja, ele só pode ser detectado por alguns
- Um odor muito ruim pode advir dos metabólitos do aspargo, e existe uma co-relação entre 9 milhões de variantes genéticas e a capacidade de sentir o “buquê malcheiroso”
- Quando alguém ingere uma porção saudável de aspargos, ela consome compostos como dissulfeto de dimetila, ácido aspargúsico, metanotiol e sulfeto de dimetila, que estão presentes neste alimento
- Em síntese, nem todos produzem o odor característico após a ingestão do aspargo, e nem todos se ofendem com isso; em suma, alguns detectam o odor, enquanto outros não, e alguns produzem o odor e outros não
🩺Por Dr. Mercola
Aspargos cozidos com um pouco de sal do Himalaia e vinagre balsâmico é um acompanhamento popular, além de saboroso e crocante, e você pode até mesmo pegar alguns aspargos meio quentes para mastigar após o jantar — é muito saboroso.
O aspargo é um alimento saudável com um excelente valor nutricional. Existem tipos deste vegetal com teor nutricional variável, como as roxas (que possuem mais antocianinas e as brancas (que por conta da ausência de luz solar tem a clorofila frustrada).
Entretanto, após ingerir uma porção maior de aspargo, ele pode trazer a sua urina um odor desagradável, bem diferente de qualquer coisa que você já tenha experimentado. Há uma co-relação entre 9 milhões de variedades genéticas e a capacidade de sentir o “odor fétido”, que pode vir dos metabólitos do aspargo.
É algo antigo, porém notado por Stephen C. Desde o século XI, Mitchell, da faculdade de Medicina do Imperial College London, narrou a história dos aspargos. Segundo citação de Mecical News Today e publicação em Perspectives in Biology: “os antigos supunham que as propriedades causadoras de mau cheiro do aspargo eram prova de suas propriedades medicinais.”
Segundo citação do botânico francês que viveu no século XVIII, Louis Lémery: o aspargo causa “um cheiro desagradável na urina como todos sabem”. Até Benjamin Franklin percebeu isso. Mas, como os cientistas recentemente descobriram, nem todo mundo sabia desse fato.
Porém, como o componente responsável pelo odor ainda não havia sido descoberto em definitivo, experimentos iniciados no Harvard T.H. Chan School of Public Health em Massachusetts (como parte de dois estudos de longo prazo conhecidos como Nurses' Health Study e Health Professionals Follow-up Study) por estudiosos dos EUA e da Europa procuraram encontrar a origem do fenômeno.
Assim como no odor desagradável de ovos podres, Mitchell aponta que o enxofre geralmente é o responsável pelo fedorento mistério. No caso de uma ingestão saudável de aspargo, outras pesquisas já haviam determinado pelo menos alguns dos componentes causadores: metanotiol e o dimetil sulfeto, sendo os primeiros perceptíveis pelo odor após o cozimento dos aspargos, além do dimetil dissulfeto.
Segundo os cientistas, o odor pode ser um indício de que o cozimento pode destruí-los. Matthews aponta o ácido asparagúsico como outro composto possivelmente culpado, porque ele não se quebra quando exposto ao calor. Acredita-se que o ácido asparagúsico, chamado pelos cientistas de químico de ácido 1,2-ditiolano-4-carboxílico, é o “ingrediente ativo” que aparentemente protege os brotos de aspargo tenros dos parasitas.
De onde veio toda essa confusão sobre aspargo?
Talvez você seja um sortudo que cresceu dirigindo por estradas rurais, vendo os aspargos crescerem nos prados, margens e valas e colhendo-os para o jantar. Eles têm minúsculos e finos troncos que se assemelham a palmeiras verdes, caules verdes brilhantes, elegantes e altos, e topos muito parecidos com uma bolota de trigo verde-púrpura intumescida.
Para cortá-los para o consumo, os talos precisam ser bem enxaguados e partidos no ponto natural de quebra, que fica cerca de um quarto do talo. Para ficar macio e crocante, o ideal é refogar ou cozinhar no vapor os três quartos superiores com um pouco de sal natural. (Quanto maiores e mais encorpados ficam os caules, mais amadeirado é o gosto, é como comer um palito.)
O tempo de cozimento é faz toda diferença entre um vegetal saboroso ou ruim. A renomada chef on-line Sarah Welch, do Dinner at the Zoo, recomenda refogar até ficar macio, mas não macio demais. Essa chefe é destaque em várias agências de notícia, programas de TV e revistas de culinária com suas excelentes receitas para obter uma nutrição ideal.
Embora possa variar conforme o tamanho dos talos e temperatura de cozimento, para mim, cerca de três minutos é o ideal.
Se passar disso, a textura fica molenga, com o aspecto esverdeado, além de perder a maioria do seu valor nutricional. É importante ficar atento, pois os talos mais finos tem cozimento mais rápido do que os mais encorpados. E mais:
"Pode ser necessário aumentar o tempo de cozimento caso você esteja preparando talos mais grossos. O uso do azeite no lugar da manteiga é ideal para uma receita vegana. De vez em quando eu adiciono outros ingredientes que tenho em casa para apimentar a receita e ponho o alho ao final do cozimento para não queimar!”
Vitaminas K, B1, B2, C e E, em conjunto com cobre, selênio e folato, fazem do aspargo um vegetal extremamente rico. Mas, outras substâncias também se destacam, nomeadamente fibra, potássio, fósforo, ferro, proteína, manganês, zinco, vitaminas B3 e B6, além da vitamina A e do ácido pantotênico.
Também existe o ácido asparagúsico, que é uma substância muito reativa, por ser uma molécula ladeada por dois átomos de enxofre, o que ajuda o ácido a se decompor rapidamente, gerando o que Ben Franklin chamou de "odor desagradável" devido ao enxofre em sua composição. Segundo o pensamento dos cientistas, são os derivados que emitem o cheiro desagradável quando o aspargo é ingerido.
Alguns têm problemas com aspargos, outros não
Embora para algumas pessoas a ingestão de aspargos possa causar um cheiro estranho no xixi, nem todo mundo produz esse odor após comer aspargos, assim como nem todos conseguem sentir esse cheiro, o que torna tudo um pouco mais complexo.
Em suma, há os olfativos e não olfativos, versus os que produzem e não produzem o odor. O termo técnico, segundo explica o Medical News Today, é anosmia de aspargos para classificar os não olfativos. Já o gene que faz com que o odor seja detectável é curiosamente chamado de receptor olfativo.
Um estudo para compreender os fatores hereditários ligados à capacidade de sentir o odor dos metabólitos de aspargo, envolvendo 6.909 homens e mulheres de ascendência europeia-americana, descobriu que 60% podem ser classificados como aspargo anósmicos. A pesquisa descobriu que:
- O DNA das pessoas é que dita se seu xixi ficará ou não com odor ruim, dependendo de como cada um metaboliza o aspargo.
- Quando se trata de detectar a presença desse cheiro, também varia de pessoa para pessoa.
- Descobriu-se que uma proporção maior de mulheres não consegue sentir o cheiro, mesmo que sejam conhecidas por apresentar maior consistência e precisão na detecção de odores
Não apenas o que se ingere, mas o que se elimina, é importante
A urina tem um propósito fundamental no bem-estar e saúde. Ela é comparada a uma usina que elimina resíduos e envolve seus órgãos mais importantes: seus rins. Isso serve de filtro para aquilo que você bebe e como um purificador do sangue.
Seus rins desempenharem bem esse papel é um fator decisivo para sua saúde de modo geral. Quando você pensa em todas as toxinas eliminadas pelos seus rins e como ele impede que essas sujidades se acumulem em seu sistema, isso lhe faz apreciar ainda mais sua função e importância.
Segundo estimativas de cientistas, aproximadamente quatro milhões de litros passam pelos rins de um adulto. Sua urina eliminada é aproximadamente 95% água e 5% de ácido úrico. Tudo o que você ingere o afeta; por exemplo, se comer beterraba, seu xixi poderá sair rosa escuro, podendo apresentar um odor diferente após comer aspargos.
Pelo odor e coloração da sua urina você pode ter uma ideia do que está causando alguns de seus problemas físicos. A urina pode ficar num tom amarelo ou laranja, verde ou até mesmo turva. O cheiro da sua urina pode conter um resquício de rosas ou de xarope de bordo. Qualquer diferença significativa pode ser uma indicação de que você deve procurar um médico.
Várias coisas sobre a importância da urina podem ser ditas, mas duas simples são de suma importância: vá quando tiver que ir. Esperar pode fazer com que infecções se agravem e se tornem muito dolorosa. Sem falar na distensão, o que significa que sua bexiga pode se dilatar e não retornar ao normal. Jamais é bom reter toxinas.
É melhor colocá-las para fora quantas vezes for preciso. E o segundo conselho é sempre beber bastante água pura. A melhor forma de saber quanta água você precisa é ouvir seu corpo e deixar que a sede te guie. Você ficará surpreso com o quanto se sentirá melhor.
Peculiaridades tornam o aspargo um antioxidante anti-inflamatório
Não é surpresa que o aspargo contenha muitos fitonutrientes essenciais para a saúde de todo o seu corpo. Um dos benefícios mais importantes é ser antioxidante, porque antioxidantes combatem os radicais livres que buscam pontos vulneráveis no corpo, deixando-o propenso a doenças.
Os compostos químicos presentes no aspargo, chamados de saponinas e descritos pela Phytochemicals, são glicosídeos que formam uma espuma presente em muitos vegetais e ervas. Eles têm efeitos benéficos como redução de perda óssea, otimização do colesterol sanguíneo, impedindo sua reabsorção, estimulação do sistema imune e prevenção do crescimento de células cancerígenas.
Pesquisam demonstram que o aspargo branco, através da regulação do gene da apoptose, é decisivo para causar a morte das células de câncer de cólon, além de exercer efeitos adicionais no combate ao câncer de figado.
Extratos de aspargo também foram utilizados para a reduzir dois marcadores crônicos de estresse, corticosterona e peróxido lipídico, comprovando sua eficácia também para este fim. Segundo uma pesquisa, as raízes do aspargo são fonte principal da droga “pura” shatavari, ela auxilia na produção de leite e aumento de apetite das lactantes, melhor inflamações, lepra, epilepsia, desinteira, cegueira noturna e tumores.
Já bem conhecido na medicina ayurvédica e na farmacopeia moderna das Índias Orientais, isso introduz o termo, shatavarins, um grupo de saponinas esteroides do aspargo. Uma pesquisa aponta que o aspargo racemosus, uma espécie plantada na Índia e na Ásia, contém:
“Óleos essenciais, asparagina, arginina, tirosina, flavonoides (kaempferol, quercetina e rutina), resina e tanino. É um famoso rasayana ayurvédico que aumenta a longevidade, melhora a função mental, vigor, adiciona vitalidade ao corpo e previne o envelhecimento. É também utilizado no tratamento da dispepsia, distúrbios nervosos, inflamação, tumores, hepatopatia e neuropatia.”
Pesquisas demonstraram que os shatavarins nos aspargos possuem saponinas diferentes com um efeito benéfico na inflamação, coibindo a produção e a mensagem de citocinas, e outras análises foram além, demonstrando como os aspargos têm possível potencial na diminuição de doenças que como o mal de Alzheimer estão relacionadas à demência.
Qual a importância da habilidade de cheirar urina de espargos?
A princípios os cientistas pensaram, de acordo com estudo apresentado, que a habilidade de sentir o cheiro do xixi de aspargo, bem como produzir esse cheiro após a ingestão do vegetal, tinham a ver com fatores genéticos. Posteriormente descobriram que todos secretam o odor em algum nível, porém nem todos podem detectá-lo. Ademais, a divergência não é simplesmente sobre fatores genéticos. Segundo os mitos da genética humana:
"Ficou clara a existência da variação em duas características que diferem: a eliminação de compostos de enxofre na urina após a ingerir aspargos e a capacidade de detectar o odor de tais substâncias. Ou seja, perguntar se as pessoas sentem o odor do aspargo na própria urina após comerem tal vegetal não é uma boa opção de estudo.
A quantidade limitada de dados familiares disponíveis sugere que excretar pode ser um simples caráter de um gene, com o alelo para excretar dominante, mas mais trabalho precisa ser feito.”
🔍Recursos e Referências
- Medical News Today December 27, 2016
- Perspectives in Biology and Medicine Volume 56, Number 3, Summer 2013 pp. 341-351
- Medical News Today September 3, 2017
- BMJ December 13, 2016;355
- Sara Welch Dinner at the Zoo
- Dinner at the Zoo. Sauteed Asparagus
- Phytochemicals Saponins
- Int J Oncol.2013 Jul; 43(2): 394–404
- J Food Sci. 2014 Mar;79(3):H413-9
- Pharmacogn Rev. 2010 Jul-Dec; 4(8): 215–220
- Indo-Global Journal of Pharmaceutical Sciences, 2011, Vol 1., Issue 2: Page No. 113-120
- Asian Pac J Trop Dis. 2013 Jun; 3(3): 242–251
- Myths of Human Genetics December 8, 2011