Os inúmeros benefícios da coenzima Q10 e da ubiquinona

📝RESUMO DA MATÉRIA

• A CoQ10 desempenha uma função na produção de energia, além de ter efeitos anti-inflamatórios e ser um incrível antioxidante lipossolúvel
• Ela pode ser encontrada em todas as partes no corpo nas membranas das células, contudo, em locais como pâncreas, fígado, rins, baço, coração, pulmões e nas glândulas supra-renais, essa substância é mais abundante
• Os benefícios da Co10 são importantíssimos para a função renal, saúde do coração, enxaquecas, contra doenças hepáticas e muito mais
• Por volta dos 25 anos, a produção de Co10 atinge o pico e começa a diminuir a partir daí. Aos 65 anos o corpo produz apenas metade do que produzia na juventude
• Pessoas com doenças crônicas, idosos, e indivíduos que consomem estatinas podem usufruir dos benefícios do ubiquinol, uma versão menor e de fácil absorção da CoQ10

🩺Por Dr. Mercola

A ubiquinona, ou coenzima 10, é uma molécula lipo-solúvel que está presente em todas as células corporais. A CoQ10 é parte fundamental da cadeia que transporta elétrons, fazendo com que uma série de reações químicas ocorram nas mitocôndrias, gerando energia do tipo ATP.

A Coenzima Q10 também possui propriedades antioxidantes, em adição ao seu papel na produção energética. Ela protege as células de danos causados pela oxidação, além de neutralizar os radicais livres nocivos. Como a cadeia de elétrons pode às vezes vazar, levando a produção de radicais livres, essa co-enzima é especialmente importante nas mitocôndrias. A coenzima Q10 reduz o risco de estresse oxidativo e ajuda na prevenção desse vazamento.

Cabe a observação que a composição e qualidade dos suplementos de CoQ10 podem apresentar variações. Produtos de CoQ10 disponíveis no mercado podem ser diluídos em óleo vegetal, o que pode alterar a forma como essa coenzima interage com outras moléculas. Isso é potencialmente tóxico para as mitocôndrias, e pode ter implicações no seu sistema respiratório

Uma revisão no Journal of Pharmacy & BioAllied Sciences observa que, “a CoQ10 é vital para a saúde de todos os órgãos e tecidos humanos.” Mesmo que possa ser encontrada em todas as partes no corpo, a substância é mais prevalente nas membranas das células, em locais como pâncreas, fígado, rins, baço, coração, pulmões e nas glândulas supra-renais.

Embora seja o suplemento dietético mais consumido por sua reputação positiva na saúde e bem-estar, a CoQ10 ainda é subestimada quanto a sua relevância clínica. Igualmente, o ubiquinol, a forma rica em elétrons e reduzida da CoQ10, é produzida naturalmente no seu corpo.

Influências positivas na saúde bucal

A coenzima Q10 protege as membranas das células do estresse advindo da oxidação que os radicais livres causam. Ademais, ela possui propriedades anti-inflamatórias. Uma suplementação feita com 60 à 500mg de CoQ10, entre oito a doze semanas, pode diminuir consideravelmente as três medidas de inflamação generalizadas, fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), IL-6 e proteína C-reativa (PCR), causando impacto direto em várias doenças crônicas.

Essa coenzima também desemprenha outras funções como:

Entretanto, é pela saúde do coração que a CoQ10 é famosa. Uma grande variação de condições parecem ter raízes na disfunção mitocondrial, incluindo doenças do coração. A CoQ10 se concentra nas células cardíacas, que possuem cerca de 5.000 mitocôndrias por células. Para que se possa comparar, apenas de 3% a 8% do volume de mitocôndrias se encontram no tecido muscular esquelético, enquanto, no tecido cardíaco, elas constituem 35%.

Além disso, a redução no estresse oxidativo e a eliminação de espécies reativas de oxigênio (ROS) são parte vital para manter o funcionamento do coração, até mesmo auxiliando a impedir a fibrilação arterial.

Quando há um ritmo cardíaco anormal, geralmente mais rápido, os átrios e câmaras superiores do coração batem fora de sintonia com os ventrículos e câmaras inferiores. Isso é chamado fibrilação arterial (AFib). Fibrilação arterial é um sintoma comum em pessoas com problemas de coração.

Cento e dois pacientes foram divididos em dois grupos para um estudo. Um grupo recebeu placebo, enquanto o outro recebeu a suplementação com CoQ10. Após 1 ano, apenas três pessoas que receberam a suplementação de CoQ10 apresentaram episódios de fibrilação arterial, enquanto 12 dos pacientes tratados com placebo apresentaram episódios de fibrilação. Um marcador conhecido de estresse oxidativo chamado malondialdeído, também teve uma queda considerável no grupo CoQ10.

Baseado em meta-análise e revisão sistemática de fatores de risco de doenças cardíacas que abarcavam 884 ensaios clínicos aleatórios com 883.627 participantes, descobriu-se que a CoQ10 diminuiu eventos mortais entre todas as causas. A coQ10 também influencia em vários outros fatores ligados a saúde cardíaca, como:

• Hipertensão - A CoQ10 age de forma incisiva no seu endotélio, aumentando a largura dos vasos sanguíneos e baixando a pressão arterial. A aldosterona, hormônio que faz você reter água e sal, também diminuem com a CoQ10. Com a diminuição da aldosterona, o excesso de sal e água é expulso pelos rins, fazendo com que a pressão arterial diminua.
• AVC - Estresse oxidativo, inflamação sistêmica e danos às células nervosas demonstram ter um papel importante na ocorrência de AVC. Segundo sugere a pesquisa, os suplementos de CoQ10 podem melhorar os resultados em pacientes pós-AVC, tratados com estatinas (que diminuem os níveis de CoQ10 no corpo), além de reduzir também as lesões isquémicas.

A CoQ10 melhora enxaquecas, NAFLD, função renal, entre outros benefícios

Talvez você sofra de enxaqueca, então, vai gostar de saber que a CoQ10 pode prevenir essa condição. Foi descoberto por uma meta-análise de cinco estudos que a CoQ10 se mostrou mais eficiente que o placebo na diminuição de dias de enxaqueca por mês, assim como na duração da crise.

A coenzima Q10 pode ser muito útil em caso de lesão renal aguda causada por drogas e anti-inflamatórios não esteroides, sepse e outras causas, agindo como uma protetora dos rins. Provavelmente os benefícios advém dos “efeitos anti-inflamatórios da coenzima Q10, aumento da atividade de enzimas antioxidantes, regulação da expressão gênica, estabilização da membrana da bicamada lipídica e eliminação de radicais livres.”

A CoQ10 também é útil para doenças relacionadas à idade, devido a sua capacidade de reduzir o estresse oxidativo. Inclusive, alguns estudos sugerem o aumento da expectativa de vida em cobaias. Benefícios na fertilidade de mulheres mais velhas e redução do declínio da fertilidade masculina também foram relatados. Isso pode interromper a progressão da esteatose hepática (NAFLD).

Quarenta e quatro pacientes foram divididos em dois grupos para um estudo. Enquanto um grupo ingeriu placebo, o outro recebeu 100 mg de antocianinas de mirtilos todos os dias. O grupo que ingeriu a suplementação após quatro semanas perdeu peso e baixou os níveis de um marcador chamado AST, que indica danos ou doenças no fígado.

A diminuição dos níveis de CoQ10 com a idade

Embora seu corpo possa produzir CoQ10 naturalmente, fatores como envelhecimento, estresse oxidativo, alterações genéticas no metabolismo, condições crônicas e má alimentação podem causar deficiência da CoQ10 ou até interferir em sua produção.

Embora a dosagem ideal diária da CoQ10 seja desconhecida, estima-se cerca de 500 mg por dia. A maior parte precisa ser sintetizada em seu corpo, pois somente 5mg vêm da alimentação. Aos 25 anos de idade, a produção de CoQ10 atinge seu pico e começa a decair. Quando atinge a idade de 65 anos, seu corpo passa a produzir apenas a metade do que produzia aos 25 anos.

O combate dos antioxidantes contra o estresse oxidativo causado pelos radicais livres é um dos vários efeitos negativos causados pela deficiência de CoQ10 Segundo pesquisadores da Liverpool John Moores University, no Reino Unido:

“Como consequência de suas altas demandas energéticas, o cérebro, músculos e tecidos renais são os principais afetados pela deficiência primária de CoQ10, embora ela possa afetar qualquer parte do corpo. A duração e gravidade dos sintomas são variáveis. Na infância pode-se notar sintomas mais graves, já sintomas mais leves talvez não apareçam antes dos 60 anos.”

Em conjunto com sintomas neurológicos, a deficiência de CoQ10 pode trazer consigo problemas de coordenação e equilíbrio conhecidos com ataxia. A falta de CoQ10 pode causar enfraquecimento do músculo cardíaco, parecida com a cardiomiopatia, enquanto nos rins, pode causar disfunção. Mais ainda, a equipe do Reino Unido explicou:

“Doenças cardiovasculares, diabetes tipo II, doença renal crônica, doença hepática e doenças críticas, são deficiências secundárias de CoQ10 que ocorrem normalmente nas miopatias mitocondriais. A insuficiência cardíaca, por exemplo, resulta do comprometimento do perfil de antioxidantes na célula da disfunção mitocondrial. Esses problemas podem ser rastreados até os baixos níveis de CoQ10."

Se você recorre a medicamentos que contenham estatinas para reduzir o colesterol, saiba que ele tem efeito bloqueador na HMG coenzima A redutase no fígado, que é como diminuem o colesterol. Ela torna a depleção provável, já que é a mesma enzima que produz CoQ10.

Frequentemente atribuídos a medicamentos que contenham estatinas, a deficiência de CoQ10 pode ser responsável pelos efeitos colaterais relacionados ao controle muscular. Foi sugerido que a diminuição da CoQ10 entre pacientes que usam estatinas está relacionada à diminuição do LDL, que, por sua vez, é o principal transportador de CoQ10 na circulação.

CoQ10 e ubiquinol: qual a diferença?

O ubiquinol é a versão reduzida da CoQ10, também conhecida como ubiquinona. Quando a CoQ10 perde dois elétrons, ela é reduzida e se transforma no chamado ubiquinol. Dentro do seu corpo, mais precisamente nas mitocôndrias, que são os motores das células, essa transformação acontece milhares de vezes por segundo.

O processo redox que transforma alimentos em energia ocorre devido à alternância dessas duas formas moleculares. Para os idosos, o uso do ubiquinol é mais recomendado, pois ele é absorvido na hora. Já os jovens conseguem fazer um melhor uso da suplementação de CoQ10. A alimentação também é uma fonte de CoQ10. Salmão selvagem, sardinha, cavala, carnes orgânicas e ovos são algumas dessas fontes alimentares.

A conversão de CoQ10 em ubiquinol em seu corpo também pode ser melhorada através da exposição ao sol e ingestão de vegetais carregados de clorofila.

Dosagem de Ubiquinol e CoQ10

Se você planeja fazer esse tipo de suplementação, antes, certifique-se de que o suplemento não contenha óleo vegetal, pois a CoQ10 não funcionará de maneira eficaz, já que a gordura insaturada danifica a coenzima.

Sua própria produção de CoQ10 é suficiente. No entanto, se a produção do seu corpo está decaindo devido à idade ou ao uso de estatinas, você pode se beneficiar da suplementação. A dosagem pode variar de acordo com sua a situação e suas necessidades individuais.

Caso esteja iniciando a suplementação, comece ingerindo entre 200 e 300 mg ao dia. Seu nível de plasma atingirá o ideal em três semanas. Depois, pode ser diminuído para 100mg ao dia, como dose de manutenção. Para pessoas saudáveis, essa dosagem costumas ser o bastante. Caso esteja sob muito estresse, faça muitos exercícios físicos ou tenha uma vida extremamente agitada, você pode aumentar a dosagem para 200 ou 300 mg ao dia.

Você também deve fazer a suplementação de 100 a 200 mg de ubiquinol por dia, caso esteja usando estatina. Pacientes que sofrem de diabete, fadiga crônica, autismo, problemas cardíacos ou esclerose lateral amiotrófica, bem como outras doenças crônicas, podem se beneficiar do uso da CoQ10 ou ubiquinol. Ao invés de tomar a dosagem completa de uma única vez, dividi-la em duas ou três vezes ao dia é o ideal, pois a dose única causará níveis sanguíneos altos.

Conversando com seu médico, você descobrirá a dose ideal para suas necessidades. Para a absorção ideal, vale lembrar que a CoQ10 é um antioxidante solúvel em gordura, portanto sua ingestão deve ser aliada a uma fonte de gordura saudável.