📝RESUMO DA MATÉRIA

  • A perda auditiva, inerente à idade, pode estar relacionada com a perda do colesterol no ouvido interno — para auxiliar a resolvê-la, os fitoesteróis podem ser eficazes
  • Com a estrutura semelhante ao colesterol, os fitoesteróis, ajudaram a amplificar os sons, levando a melhora das células ciladas externas do ouvido interno
  • Como uma estratégia para prevenir ou atrasar a perda da audição, essa substância ode ajudar a equilibrar o colesterol no ouvido interno
  • Os fitoesteróis, por fim, também têm atividades anticancerígenas, anti-inflamatórias e podem ter como alvo a neurodegeneração e a neuroinflamação
  • A dieta moderna dos EUA é muito deficiente em fitoesteróis, enquanto os primeiros humanos consumiam até 1 grama por dia

🩺Por Dr. Mercola

A perda auditiva, inerente à idade, pode estar relacionada com a perda do colesterol no ouvido interno — para auxiliar a resolvê-la, os fitoesteróis podem ser eficazes. A equipe sugere que a descoberta publicada na PLOS Biology, pode ser “uma inovadora estratégia terapêutica no retardamento e/ou prevenção da perda da audição”.

Também conhecida como presbiacusia, a perda auditiva ligada à idade afeta um em cada três adultos nos EUA, com idades entre 65 e 74 anos. Quase metade dos adultos pode ter problemas de audição aos 75 anos. Como a perda da audição é gradual, você pode não perceber até que se torne algo grave. A perda da audição pode estar relacionada ao envelhecimento, e os fitoesteróis possuem uma função parecida ao colesterol, e podem ser uma opção para atrasar essa perda.

Problemas auditivos relacionados ao baixo colesterol no ouvido

O colesterol desempenha um papel essencial nas proteínas associadas e na função das membranas neurais. Ele está envolvido nas interações entre as células e na sinalização intracelular, pois, liga-se e condiciona múltiplos complexos proteicos e, no sistema nervoso central, onde está envolvido nas sinapses. Portanto, a manutenção de níveis ideias de colesterol no cérebro está intimamente ligara a saúde do mesmo. Segundo o estudo da PLOS Biology:

“Como o colesterol periférico não consegue transpor a barreira hematoencefálica, é importante salientar que todo o colesterol no SNC é sintetizado no seu lugar de origem. A perturbação da homeostase do colesterol no cérebro tem sido ligada à disfunção cognitiva e aos desenvolvimento de doenças neurodegenerativas, porque o colesterol precisa ser rigorosamente regulado no cérebro.”

A função celular pode ser afetada pela diminuição dos níveis de colesterol no hipocampo do cérebro com a idade. Com isso, os pesquisadores levantaram a hipótese de que a essa baixa de colesterol no ouvido pode também ter efeitos nocivos.

Para amplificar os sons, as (OHCs) células ciliadas externas no ouvido interno, usam eletromototilidade para alterar seu comprimento. A eletromotilidade envolve a proteína motora prestin, porém as CCEs podem não se esticar de forma adequada quando ocorrem sons com o passar da idade, contribuindo para a dificuldade de audição, impedindo a amplificação sonora. A falta de colesterol forneceria uma explicação:

“Como contém um nível de colesterol fortemente regulado, a organização da parede lateral das CCE é exclusiva entre células ciliadas e outros tipos de células de mamíferos. As alterações no conteúdo de colesterol na parede lateral das CCE podem modular a distribuição e/ou função da prestina, no interior da membrana plasmática, segundo foi postulado.”

A equipe mediu em camundongos a quantidade de colesterol 24-hidroxilase (CYP46A1), uma enzima do cérebro específica na decomposição de colesterol, nas OHCs do ouvido interno de camundongos, achando menos colesterol em camundongos mais velhos e mais em camundongos mais jovens. Além disso, em ratos jovens, quando o CTP46A1 foi superativado com o antirretroviral efavirenz, usado no tratamento do HIV, também levou à perda da audição.

Os pesquisadores dizem que, “Os resultados mostram que os níveis de colesterol do ouvido interno diminui durante o envelhecimento, e que tal efeito está ligado ao aumento do colesterol 24-hidroxilase (CYP46A1), a principal enzima que renova o colesterol cerebral.”

A perda auditiva revertida pelos fitoesteóis

Será que o aumento do colesterol no cérebro poderia reverter a perda da audição causada pelo medicamento ativados do CYP46A1? A equipe quis descobrir. Os pesquisadores deram fitoesteróis a camundongos jovens, porque possuem estrutura semelhante ao colesterol e podem atravessar a BHE, enquanto o colesterol não consegue atravessá-la.

As cobaias que receberam os fitoesteróis e a droga ativadora do CYP46A1 durante 3 semanas, apresentaram melhora na função da OHC. A equipe explicou: “A suplementação de fitoesteróis aumentos, surpreendentemente, os níveis de prestis nas CCEs, com uma recuperação aparente da distribuição normal de prestin na parede lateral”.

“Pela primeira vez, nossas descobertas demonstram a importância da homeostase do colesterol no ouvido interno como estratégia farmacoterapêutica para retardar e/ou prevenir a perda auditiva.”

Os fitoesteróis têm efeitos anticancerígenos e anti-inflamatórios

Os fitoesteróis têm atividades anti-inflamatórias e podem ter como alvo a neurodegeneração e a neuro inflamação, além de influenciar as taxas de absorção, biossíntese e excreção do colesterol.

Em uma revisão de 2019 do Código de Regulamentações Federais, o FDA dos EUA endossa que o consumo de fitosteróis “demonstram que dietas que incluem ésteres de estanol/ esteróis vegetais, podem reduzir o risco de doença cardíaca coronariana.”

E, estima-se que a ingestão de uma dieta rica em fitosteróis pode reduzir o risco de câncer em 20%, ou seja, eles também podem ter efeitos anticancerígenos. Os fitoesteróis podem atuar como agentes anticancerígenos naturais, como demonstra uma revisão publicada na Biomedicine & Pharmacotherapy:

"Ao afetar os sistemas do hospedeiro, os fitoesteróis podem afetar o crescimento do tumor endócrino dependente de hormônios e pela modulação de biossíntese de esterol, permitindo respostas antitumorais e melhorando o reconhecimento da resposta do sistema imune ao câncer. Além disso, os fitoesteróis demonstraram propriedades que coíbem de forma direta o crescimento do tumor, incluindo a inibição de metástase tumoral, indução de apoptose e redução da progressão do ciclo celular."

A dieta moderna dos EUA é muito deficiente em fitoesteróis, enquanto os primeiros humanos consumiam até 1 grama por dia desse componente derivado de lantas extremamente benéfico. 15Estima-se que dependendo da dieta, os humanos modernos consomem de 150 a 450 mg de fitoesteróis por dia.

Uma vez que fitoesteróis são encontrados em todos os alimentos de origem vegetal, seus níveis de ingestão são mais elevados em pessoas vegetarianas ou veganas. 16 Incluem boas fontes de fitoesteróis alimentos como:

Laranja

Couve de Bruxelas

Romãs e óleo de semente de romã

Salsão

Brócolis

Cebola

Tangerinas

Mangas

Couve-flor

Alface romana

Ervilha

A demência está ligada a perda auditiva relacionada à idade

A perda auditiva devido à idade, não existe em uma bolha. Ela está fortemente ligada ao declínio cognitivo acelerado e ao risco de demência em adultos mais velhos. O que pode ter a ver com o baixo colesterol. Segundo o estudo da PLOS Biology:

“A redução nos níveis de colesterol no hipocampo durante o envelhecimento, leva a um profundo efeito da membrana plasmática na função celular, como demonstram vários trabalhos. Também foi relatado em amostras de cérebro humano um conteúdo com menos colesterol em doenças neurodegenerativas e no cérebro envelhecido.
Foi proposto um aumento nos níveis da enzima hidroxiliadora de colesterol CYP46A1 no hipocampo, associado ao acúmulo de estresse oxidativo, diante da perda de colesterol ligada a idade… De forma curiosa, restaurar os níveis de colesterol no cérebro pode resgatar bioquímicos, cognitivos e sinápticos déficits de ratos idosos em um modelo de rato com doença de Huntington.”

Assim como uso das estatinas para baixar o colesterol, níveis mais baixos de LDL também estão associados a um maior risco de demência. Segundo os dados, em comparação com aqueles que não utilizavam estatinas, os indivíduos com comprometimento cognitivo leve precoce, com níveis de colesterol baixos a moderados e que utilizavam estatinas lipofílicas tinham mais que o dobro do risco de demência.

As estatinas lipofílicas, como sivastatina (zocor), lovastatina (altoprev), fluovastatina (Lescol) e atorvastatuna (Lipitor), se dissolvem de maneira mais fácil nas gorduras e podem ser distribuídas por todo o coro ao penetrar nas células.

Os indivíduos também tiveram um declínio significativo no metabolismo da região cerebral que diminui significativamente no início da doença de Alzheimer, o córtex cingulado posterior do cérebro. A saúde do cérebro está ligada de muitas maneiras ao colesterol:

  • Com a demência ocorre a atrofia cerebral, que pode estar ligada a diminuição dos níveis de colesterol em idosos
  • O LDL elevado pode produzir bons efeitos, ajudando, por exemplo, a reparar neurônios lesionados e reduzindo as deficiências dos neurônios
  • Quando os neurônios tiveram falta de colesterol celular ou suprimento de colesterol, ocorreu a neurodegeneração
  • Hormônios esteróides e vitaminas lipossolúveis, e são importantes para a integridade sináptica e a neurotransmissão, e o colesterol desempenha um papel importante na síntese de ambos

O mais pode causar a perda da audição?

O colesterol é apenas um dos fatores que podem estar envolvidos na audição. Também desempenham um papel importante outros nutrientes e a falta de vitaminas A,B,C,D e E, assim como selênio, magnésio e zinco. Na revista Nutrients, pesquisadores da Universidade Hanyang, na Coréia, explicaram:

“A prevenção e tratamento da PA (perda auditiva), pode ser influenciada por antioxidantes como as vitaminas, que inibem a formação de radicais livres. Vários estudos foram relatados, portanto, sobre a ligação entre vitaminas A,C e E e a PA em humanos. O magnésio também reduz a PA através de efeitos conjuntos com vitaminas, segundo relatado.
Estas descobertas sugerem que as vitaminas A,C e E, atuam em conjunto com o magnésio, ambos, eliminadores de radicais livres, para reduzir alterações nos limiares da audição de forma mais confiável do que o tratamento de um único agente. Portanto, uma maior ingestão de antioxidantes e/ou magnésio pode estar associada a um menor risco de PA. O selênio (Se) também pode desempenhar um papel na audição. Foi relatado, além disso, que a falta de vitamina B aumenta o risco da perda auditiva.”

Incluindo a poluição sonora, a exposição a ruídos altos ao longo do tempo, também contribuiu para a PA. A exposição a ruídos altos durante uma vida inteira agrava e pode desencadear perda auditiva relacionada à idade, explicou a equipe da PLOS Biology. “A presbiacusia é uma junção de estresse auditivo adquirido devido ao alto nível de exposição ao ruído da sociedade moderna, trauma e doença otológica sobre um processo intrínseco de envelhecimento.”

Práticas atuais aumentam o risco de perda auditiva, como o uso inseguro de fones de ouvido e o costume de frequentar locais com som alto. Estima-se, mediante um estudo, que 1 bilhão de pessoas de 12 a 34 anos será afetado em todo o mundo.

Outro fator de risco comum vem da poluição sonora, que pode vir de sopradores de folhas, tráfego intenso, música alta, máquinas de construção, entre outras inúmeras fontes. Devido à poluição sonora ou traumas relacionados ao ruído, estima-se que 10 milhões de americanos desenvolvam PA.

Você pode proteger sua audição e prevenir a perda auditiva relacionada à idade, evitando ruídos altos, reduzindo sua exposição a sons como música alta, usando tampões de ouvido ao lidar com máquinas barulhentas como cortador de grama, além de consumir uma dieta rica em nutrientes e fitoesterol.