📝RESUMO DA MATÉRIA

  • Estudos demonstraram o potencial impressionante do óleo de semente preta para ajudar na proteção contra o cancêr, assim como outras doenças como diabetes, asma e até doenças respiratórias.
  • A timoquinona (TQ), principal componente bioativo do óleo de semente preta, é o principal composto responsável por seus muitos benefícios. Essa molécula de monoterpeno ajuda a alterar certas vias moleculares e de sinalização relacionadas ao câncer e outras doenças inflamatórias e degenerativas.
  • A timoquinona ajuda a reduzir o risco de câncer, inibindo a proliferação celular, desencadeando a apoptose (morte das células cancerígenas) e prevenindo a migração das células cancerígenas, sem prejudicar as células saudáveis.
  • O óleo de semente preta contém 1,7 gramas de ácido linoleico por colher de chá, portanto, tome-o apenas como suplemento.

🩺Por Dr. Mercola

Os óleos herbais têm uma longa história de uso na medicina tradicional, e um exemplo particular que resistiu ao teste do tempo é o óleo de semente preta. Ele não deve ser confundido com cominho preto (Bunium bulbocastanum). O óleo de semente preta vem da planta Nigella sativa (N. sativa), que cresce no sul da Europa, no sudoeste da Ásia e no Oriente Médio. As sementes têm o formato de minúsculas castanhas-do-pará e são escuras como carvão (como o nome indica).

O óleo de semente preta é reconhecido por seu potencial para ajudar a proteger contra doenças e curar enfermidades – possui propriedades antidiabéticas, analgésicas, anti-inflamatórias, antimicrobianas e antioxidantes, para citar algumas. Estudos também demonstraram seu impressionante potencial para ajudar na proteção contra o câncer.

Estudos demonstram os efeitos anticancerígenos do óleo de semente preta

Em seu artigo no Substack COVID Intel, o médico canadense William Makis publicou um resumo de cinco artigos que enfocam o potencial anticancerígeno do óleo de semente preta. Segundo os estudos, a N. sativa pode ajudar a proteger contra diferentes tipos de câncer em humanos, incluindo:

  • Câncer de mama - Um estudo na Fitoterapia descobriu que a combinação dos fitoquímicos timoquinona (TQ), carvacrol e transanetol no óleo de semente preta, mesmo em pequenas doses, foi mais eficiente na prevenção da propagação das células de câncer de mama, em comparação ao uso individual de concentrações mais altas desses produtos químicos.
  • Câncer de pâncreas - Publicado na revista Frontiers of Oncology, o estudo observa que a timoquinona “regula a ocorrência e o desenvolvimento do câncer de pâncreas em múltiplos níveis e através de múltiplos alvos que se comunicam entre si”.
  • Câncer colorretal - Os pesquisadores observaram que as TQ-LNCs (nanocápsulas lipídicas de timoquinona) ajudaram a reduzir o tamanho do tumor em camundongos com câncer colorretal.
  • Câncer de próstata e cólon - Segundo o estudo, o óleo de N. sativa ajudou a retardar o crescimento das células cancerígenas da próstata e do cólon, sobretudo quando doses mais altas de timoquinona foram administradas.
  • Câncer hepático, câncer cervical, leucemia e mais - Usando a nanotecnologia, os pesquisadores observaram a eficácia anticancerígena da TQ isolada ou quando combinada com outros tratamentos contra o câncer.

Os cinco estudos destacam o principal componente bioativo do óleo de semente preta, a timoquinona (TQ), como o principal composto responsável pelos seus benefícios anticancerígenos.

Mecanismo de ação da timoquinona

Quimicamente conhecida como 2-metil-5-isopropil-1, 4-benzoquinona, a timoquinona é uma molécula de monoterpeno que altera certas vias moleculares e de sinalização relacionadas ao câncer e a outras doenças inflamatórias e degenerativas.

De acordo com a pesquisa apresentada, a timoquinona ajuda a reduzir o risco de câncer ao inibir a proliferação celular, desencadeando a apoptose (morte das células cancerígenas) e prevenindo a migração das células cancerígenas, sem prejudicar as células saudáveis.De acordo com um estudo:

"A TQ [timoquinona] é o principal constituinte bioativo da N. sativa que tem sido investigada in vitro e in vivo de forma intensa, demonstrando possuir diversas propriedades terapêuticas, incluindo atividade anticancerígena. A sua eficácia no câncer é demonstrada em estudos com modelos murinos nos quais a TQ aumenta as taxas de sobrevivência mais elevadas, reduz o volume do tumor, diminui as moléculas pró-cancerígenas e eleva os biomarcadores anti-tumorigênese.
Enquanto isso, em estudos in vitro, a TQ demonstrou a capacidade de inibir o estágio do câncer, como migração, proliferação e invasão ou indução de apoptose, reprimindo a ativação de vias vitais, como JAK/STAT e PI3K/AKT/mTOR”.

No artigo em destaque, Makis resume os mecanismos de ação da timoquinona, explicando que a característica única desse fitoquímico é a sua capacidade de ativar certas proteínas que impedem a formação de tumores. Ela também desativa os oncogenes, que são genes que promovem o crescimento do câncer.

Considerando que o cancêr é hoje a principal causa de morte em todo o mundo – com 10 milhões de pessoas morrendo em 2020 devido a essa doença, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) – o aumento de intervenções naturais como o óleo de semente preta é uma vantagem, pois os tratamentos convencionais contra o câncer hoje estão repletos de efeitos colaterais. 

“O câncer continua ameaçando [sic] de forma mortal junto com a comunidade científica com crescente entendimento. A maioria dos esforços direcionados para controlar o câncer, como a radioterapia ou a quimioterapia, sempre tiveram o custo de efeitos colaterais graves.
Os compostos bioativos derivados de plantas, por outro lado, carregam uma vantagem inevitável de serem mais seguros, biodisponíveis e menos tóxicos em comparação com os quimioterápicos contemporâneos”, relatou um dos estudos.

O óleo de semente preta também é capaz de proteger contra COVID-19

Durante o auge da pandemia de COVID-19, descobriu-se que a N. sativa foi considerada um dos remédios naturais que poderiam ser benéficos contra a infecção viral.Um estudo publicado em 2021 revisou os ingredientes ativos do óleo de semente preta, sobretudo a timoquinona, α-hederina e nigelidina, e descobriu que eles podem ajudar no combate ao COVID-19.

Além de ter efeitos anti-histamínicos significativos, esses compostos do óleo de semente preta ajudam a regular negativamente a ativação do fator regulador do interferon-3, que é essencial nas respostas imunes bacterianas e virais inatas.

A timoquinona também pode ajudar a promover a autofagia, que é o mecanismo do corpo para eliminar células danificadas. Um estudo de 2018 descobriu que a timoquinona pode ajudar a promover a autofagia no músculo cardíaco. Isto é crucial, pois descobriu-se que a COVID-19 suprime a autofagia; portanto, os efeitos da timoquinona na autofagia são indicativos do seu potencial antiviral.

Além disso, os pesquisadores observaram que a timoquinona pode ajudar a inibir enzimas que produzem leucotrienos e prostaglandinas, ambos agentes inflamatórios.

“Considerando as ações anti-inflamatórias da semente de N. sativa e seus diferentes extratos, estes podem ser utilizados para a prevenção e cura da infecção viral SARS-CoV-2," relatam os pesquisadores.

O óleo de semente preta está listado como um dos tratamentos de primeira linha recomendados pela Front Line COVID-19 Critical Care Alliance (FLCCC) para COVID-19, junto com ivermectina, hidroxicloroquina (HCQ) e zinco.

O que mais o óleo de semente preta pode fazer por você?

Em diferentes culturas, a N. sativa tem sido usada há séculos para ajudar a aliviar doenças.Os indianos consideram a N. sativa um elemento importante nos seus sistemas de medicina tradicional Unani e Ayurvédica. Enquanto isso, os muçulmanos a valorizam como uma das “maiores formas de medicina curativa”. Na verdade, o Hadith Profético – as compilações dos ensinamentos de Maomé – referem-se à semente preta como “o remédio para todas as doenças, exceto a morte”.

Para lhe dar uma ideia de quão útil é o óleo de semente preta, aqui está uma lista de maneiras pelas quais ele pode beneficiar sua saúde:

•Ajuda a aliviar a asma e outros problemas respiratórios — A difusão do óleo pode ajudar a aliviar os ataques de asma.Um estudo de 2019 observou seu potencial no tratamento de alergias e doenças pulmonares obstrutivas.

•Promove níveis normais de pressão arterial – Um experimento duplo-cego e randomizado publicado na Phytotherapy Research descobriu que os participantes que receberam óleo de semente preta todos os dias apresentaram níveis reduzidos de pressão arterial sistólica e diastólica em comparação com aqueles que receberam apenas placebo.

•Pode ajudar no controle do diabetes – Um estudo da Malásia analisou a capacidade da N. sativa de reparar danos pancreáticos relacionados ao diabetes tipo 1 em animais. Eles descobriram que aqueles que receberam o óleo aumentaram os níveis séricos de insulina e reduziram os níveis de glicose no sangue.

•Ajuda a proteger contra os efeitos tóxicos das aflatoxinas — Substâncias produzidas por certos tipos de fungos, sobretudo o Aspergillus flavus e Aspergillus parasiticus.A exposição à aflatoxina pode aumentar o risco de câncer de fígado.

Em um estudo publicado no International Journal of Health Sciences, animais que foram expostos a aflatoxinas e receberam óleo de semente preta tiveram efeitos reduzidos nos rins e no fígado, mostrando os seus efeitos citoprotetores.

O óleo de semente preta também pode ajudar em condições dermatológicas

O óleo de N. sativa também pode ajudar com doenças de pele e promover uma tez mais saudável. Uma revisão da literatura publicada no Journal of Dermatology and Dermatologic Surgery, descobriu que o óleo de semente preta ajuda a estimular a cicatrização de feridas em animais de fazenda, além de reduzir os efeitos do vitiligo em lagartos.

“Em um estudo clínico duplo-cego randomizado, os pacientes que aplicaram N. sativa em lesões de vitiligo duas vezes ao dia durante 6 meses tiveram uma diminuição significativa no índice de pontuação da área de vitiligo sem efeitos colaterais significativos", observaram os pesquisadores.

Outro estudo clínico, desta vez em humanos, descobriu que uma loção de óleo de semente preta a 10% reduziu a acne vulgaris após dois meses de uso, sobretudo devido às suas propriedades anti-inflamatórias, imunomoduladoras e antimicrobianas. O estudo afirma que 67% dos pacientes estavam “totalmente satisfeitos” e 28% estavam “pouco satisfeitos” com o tratamento.

“A loção de óleo de Nigella sativa a 10% não apresentou efeitos colaterais e pode ser considerada muito segura quando comparada com outras terapias tópicas como tretinoína e peróxido de benzoíla, que são associadas a efeitos colaterais locais e sistêmicos, como irritação local, sensação de queimação, ressecamento da pele, descamação e efeitos teratogênicos.
O presente estudo recomenda o uso de loção de óleo de Nigella sativa a 10% como terapia tópica para acne vulgaris, por se tratar de um extrato natural de planta", concluem os pesquisadores.

No entanto, lembre-se de que o óleo de semente preta ainda pode ter alguns efeitos colaterais em indivíduos sensíveis quando aplicado na pele. Um estudo observa que o óleo causou dermatite de contato em duas pessoas. No entanto, nenhum efeito adverso foi relatado quando o óleo foi usado por via oral.Para estar seguro, dilua o óleo de semente preta puro com um óleo carreador seguro e aplique uma pequena quantidade na pele para verificar se há qualquer reação adversa. 

O óleo de semente preta contém ácido linoleico, portanto, esteja atento à dosagem

Por ser um óleo de semente, a N. sativa contém ácidos graxos insaturados, sendo o ácido linoléico (LA) o constituinte primário, representando 50% a 60%. Outros ácidos graxos incluem ácido oleico (20%), ácido eicosadienóico (3%) e ácido dihomolinoleico (10%).

Embora seja aconselhável evitar gorduras ômega-6, em especial o LA, você não deve se preocupar se estiver usando apenas óleo de semente preta como suplemento (em vez de consumir alimentos ultraprocessados ​​ou alimentos fritos em óleos de sementes, o que expõe você a quantidades excessivamente altas de LA).

Cada colher de chá de óleo de semente preta contém cerca de 1,7 gramas de LA, portanto evite consumir quantidades maiores que isso.O ideal é você limitar a ingestão de LA para 5 gramas por dia ou menos, o que está mais próximo do que nossos ancestrais costumavam ingerir. O óleo de semente preta também contém ácido oleico, que é quase tão prejudicial quanto o LA.

Use uma ferramenta online como Cronometer.com para ajudá-lo a monitorar sua alimentação e ingestão de LA. O segredo é usar uma balança digital para pesar a comida com cuidado, para que você possa inserir a quantidade exata com unidade de grama.

Após inserir o alimento do dia, vá para a seção "Lipídios" no canto inferior esquerdo.Para descobrir quanto LA está em sua dieta naquele dia, basta observar quantos gramas de ômega-6 estão presentes. Cerca de 90% do ômega-6 que você ingere é LA.


🔍Recursos e Referências