📝RESUMO DA MATÉRIA

  • A ventosaterapia é uma das técnicas de cura mais antigas utilizadas até hoje. Embora ela possa ter várias origens culturais, uma coisa é certa: o seu principal objetivo é ajudar os pacientes a se sentirem melhor.
  • A sucção é o mecanismo central da ventosaterapia. Depois que a ventosa é colocada sobre a pele, o ar dentro dela é aspirado por vários meios, puxando a pele e a fáscia para cima, para dentro da ventosa.
  • Segundo a Medicina Tradicional Chinesa, a sucção ascendente da pele pode ajudar a reequilibrar a energia dentro dos seus meridianos, facilitando a cura.
  • Pesquisas publicadas sugerem que a ventosaterapia pode ser usada para tratar doenças como dores musculares, osteoartrite de joelho, dor lombar e síndrome do túnel do carpo.

🩺Por Dr. Mercola

Você já notou as marcas circulares nas costas de alguns atletas? Se você tem acompanhado alguns deles e notou esses hematomas estranhos, é provável que eles tenham passado por uma sessão de ventosaterapia. Esta prática terapêutica antiga ganhou atenção mundial quando o nadador olímpico Michael Phelps foi visto com marcas de ventosas no ombro enquanto competia nas Olimpíadas de 2016.

Mas o que é a ventosaterapia? De acordo com The Hearty Soul, é uma técnica em que ventosas são colocadas nas costas ou em outras partes do corpo. Em seguida, o ar é aspirado das ventosas, sugando a pele e a fáscia para dentro da ventosa. Isso deixa as icônicas marcas circulares, mas elas não são tão dolorosas quanto parecem. Na verdade, é a sucção que facilita a cura.

A rica história da ventosaterapia

As origens não são claras, mas os historiadores acreditam que a ventosaterapia se originou em diversos locais da Ásia e da África. Registros que datam 5.500 anos atrás notaram que os egípcios a praticavam e mais tarde a apresentaram aos gregos.

Hipócrates, aclamado como o pai da medicina moderna, foi um notável defensor da ventosaterapia. Ele era conhecido por usar duas ventosas – a primeira tinha uma abertura estreita e alça longa, usada para líquidos acumulados. A segunda ventosa tinha uma abertura ampla, que servia para o controle da dor.

A ventosaterapia também tem forte presença nas culturas islâmicas. Conhecido como “hijama” em árabe, ela continua popular até hoje devido ao seu significado religioso. De acordo com os ensinamentos muçulmanos, o profeta Maomé incentivou a ventosaterapia devido às suas propriedades curativas.

Além disso, a ventosaterapia tem sido associada à Medicina Tradicional Chinesa (MTC). Aqui está um relato da história da ventosaterapia na China, de acordo com um estudo8 publicado em 2011:

“Este antigo remédio tem profundas raízes históricas na civilização chinesa e tem sido parte integrante da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) durante séculos. Os primeiros registros de ventosas na China são encontrados em Bo Shu, um livro escrito em seda, descoberto em uma antiga tumba da Dinastia Han. Um ditado popular na China diz: 'Acupuntura e ventosas, mais da metade dos males são curados'”.

Apesar das diferentes histórias, uma coisa é certa: a Ventosaterapia tem sido utilizada de maneira ampla para ajudar os pacientes a melhorar.

Diferentes métodos de ventosaterapia

À medida que a ventosaterapia se espalhava, mais praticantes a refinavam, criando novas variações para atender a diferentes aplicações. De acordo com um estudo publicado no Journal of Acupuncture & Meridian Studies, as primeiras formas de ventosaterapia foram separadas em apenas dois tipos – ventosas úmidas e secas. Mas à medida que mais informações foram disponibilizadas, os pesquisadores aprenderam que isso se aplicava de diferentes maneiras. Aqui está uma descrição de todas as categorias conhecidas:


Tipos técnicos

Ventosaterapia seca

Ventosaterapia rápida

Ventosaterapia úmida

Massagem com ventosas

Tipos de força relacionados à sucção

Ventosaterapia leve

Ventosaterapia média

Ventosaterapia forte

Ventosaterapia pulsátil

Tipos de métodos relacionados à sucção

Ventosaterapia com fogo

Ventosaterapia com sucção manual

Ventosaterapia com sucção automática

Tipos adicionais relacionados à terapia

Ventosaterapia com agulha

Ventosaterapia com moxa

Ventosaterapia com ervas

Ventosaterapia magnética

Ventosaterapia a laser

Ventosaterapia elétrica

Ventosaterapia com água

Ventosaterapia aquática

Tipos relacionados à condição e área tratada

Ventosaterapia estética

Ventosaterapia esportiva

Ventosaterapia podal

Ventosaterapia abdominal

Ventosaterapia facial

Ventosaterapia feminina

Ventosaterapia masculina

Crédito da imagem: Journal of Acupuncture and Meridian Studies Volume 11, Edição 3, junho de 2018, páginas 83-87, Figura 1

Como você pode ver, a miríade de categorias torna difícil se familiarizar com todos os métodos de ventosaterapia disponíveis. Mas para iniciantes, The Hearty Soul recomenda seguir os quatro métodos principais de ventosaterapia:

  • Ventosa seca - A forma básica de ventosaterapia em que uma ventosa é colocada sobre a pele por cerca de 10 minutos, fazendo com que os vasos sanguíneos se expandam e fiquem vermelhos. Em geral são usadas ​​ventosas de vidro.
  • Ventosaterapia úmida - Esta é uma segunda sessão de ventosaterapia após a primeira sessão de ventosaterapia seca. Depois que uma marca de ventosaterapia aparece, um bisturi (ou agulha) é usado para fazer pequenas incisões ou perfurações na pele. Em seguida, outra rodada de ventosas é administrada para retirar o sangue das incisões. A filosofia por trás disso é que as toxinas são expelidas à medida que o sangue é extraído.
  • Ventosaterapia com fogo - Uma bola de algodão é embebida em uma solução de álcool e depois mantida com uma pinça sob uma ventosa de vidro. À medida que a ventosa aquece, um vácuo é criado dentro dela. A bola de algodão é retirada e a ventosa colocada de maneira rápida sobre a pele. Este é o método mais arriscado, pois gotas acidentais de álcool dentro ou na borda podem causar queimaduras quando colocadas na pele. Isso só deve ser feito por um praticante experiente de MTC.
  • Ventosaterapia móvel - Primeiro, o óleo é aplicado sobre a pele. Em seguida, é criada a sucção em uma ventosa, que desliza pelo corpo, atuando como uma forma de massagem terapêutica. No geral, ventosas de silicone são usadas ​​para permitir movimentos mais suaves sobre a pele.

Como a ventosaterapia pode ajudar na cura

A sucção é o coração da terapia com ventosas e é o que promove a cura. Segundo um relatório do South China Morning Post:

“Acredita-se que as ventosas estimulam o fluxo de qi, a energia vital ou 'força da vida' que, segundo a MTC, circula pelo nosso corpo. Praticantes de MTC acreditam que quando nosso qi é interrompido ou perturbado, 'bloqueios' ou desequilíbrios podem ocorrer no corpo. O objetivo da ventosaterapia é remover esses bloqueios e restaurar o fluxo dessa energia vital”.

Aqui está um resumo do processo básico, de acordo com a praticante da MTC Ruth Lee:

  1. Um vácuo é criado dentro da ventosa, seja pela queima do oxigênio dentro de uma ventosa de vidro ou pela sucção do ar no topo de uma ventosa de plástico.
  2. A ventosa é então colocada de forma rápida em pontos de acupuntura selecionados na pele do paciente, e o vácuo puxa a pele até a ventosa.
  3. A baixa pressão dentro da ventosa mobiliza o fluxo livre de qi e sangue pelo corpo através de canais conhecidos como meridianos. Esse processo facilita a remoção de toxinas e, em por fim, restaura o equilíbrio do corpo.
  4. O efeito de sucção rompe os pequenos vasos sanguíneos sob a pele, resultando em uma leve descoloração da área.

Na MTC, acredita-se que seu corpo foi projetado para funcionar como um organismo inteiro, uma noção reforçada ainda mais pelo conceito de meridianos. Essas vias estão espalhadas por todo o corpo, conectando órgãos, articulações e extremidades. Através da terapia com ventosas, o Yin-Yang do seu corpo (duas energias opostas) alcança o equilíbrio, permitindo que o qi flua de forma livre e melhorando a saúde.

Onde a ventosaterapia pode ser usada?

Conforme mencionado antes, a longevidade e a reputação da ventosaterapia reside na sua capacidade de ajudar a tratar uma série de condições. Ao aplicar métodos investigativos modernos, os pesquisadores puderam observar como a ventosaterapia pode trazer cura às seguintes condições:

Ansiedade - A ventosaterapia tem sido usada para ajudar a controlar condições mentais que podem diminuir a qualidade de vida. Em um relato de caso publicado em 2018, um homem de 39 anos sofria de transtorno de pânico há cinco anos e tomava medicamentos para sua condição.

Nos 15 meses seguintes, ele fez sete sessões de terapia com ventosas úmidas. Já na primeira semana, ele havia notado uma redução dos sintomas do transtorno do pânico. Ao final do estudo, ele já havia parado de usar a medicação e não teve crises. Os pesquisadores concluíram que a ventosaterapia pode ajudar nos transtornos de ansiedade.

Recuperação atlética - Com um ressurgimento atribuído aos atletas, a ventosaterapia tem sido estudada e os resultados sugerem que as suas alegações podem ter algum mérito. De acordo com um estudo de 2022, ela pode “diminuir a rigidez muscular sob intensidades de ventosas apropriadas, o que pode melhorar o desempenho esportivo e reduzir a fadiga e a dor muscular”.

Dor na região lombar - A dor lombar crônica é uma das queixas médicas mais comuns, não apenas na América, mas em todo o mundo. De acordo com um estudo de 2020, existem mais de 500 milhões de casos de dor lombar em todo o mundo. Até 2050, prevê-se que esse número alcance os 800 milhões.

Se você estiver sentindo dor lombar, considere tentar a ventosaterapia para obter alívio. Em um estudo de 2018, os pesquisadores recrutaram 60 participantes que sofriam de dor lombar crônica por mais de três meses e receberam uma única sessão de ventosaterapia. Após uma semana, os participantes relataram mudanças positivas na intensidade da dor e na incapacidade, bem como melhor qualidade do sono.

Outro estudo, uma meta-análise publicada no Brasil, mostrou resultados semelhantes. De um total de 26 artigos publicados, a ventosaterapia mostrou ter um efeito positivo na dor lombar crônica.

Síndrome do túnel do carpo (STC) – Uma condição ortopédica causada pela pressão no nervo meridiano do pulso, a STC causa fraqueza nas mãos, fazendo com que você deixe cair objetos. Também podem ocorrer sensação de formigamento e dormência. Para aqueles que sofrem dessa condição, a ventosaterapia pode ser um tratamento viável.

Em estudo publicado em 2019, os pesquisadores selecionaram 56 mãos de pessoas com diagnóstico de STC, dividindo-as em dois grupos – o grupo controle, que recebeu apenas fisioterapia, e o grupo teste, que recebeu fisioterapia junto com ventosaterapia.

Os resultados indicaram que o grupo teste teve melhora significativa nos sintomas, junto com uma melhor latência sensorial distal, que é um teste que determina o tempo que o pulso leva para reagir após ser estimulado, no geral por um eletrodo.

Osteoartrite do joelho – Esta doença degenerativa em geral ocorre devido ao desgaste da cartilagem. Em outros casos, a articulação do joelho pode se deteriorar devido a fatores como acidentes ou artrite reumatóide. De qualquer forma, os sintomas característicos incluem dor na articulação do joelho, além de rigidez e inchaço.

De acordo com uma meta-análise publicada na Complementary Therapies in Clinical Practice, apesar das evidências limitadas, a ventosaterapia ainda pode ser uma opção viável para pacientes com diagnóstico de osteoartrite de joelho.

Herpes zoster - Também conhecida como cobreiro, esta doença é causada pelo vírus varicela-zoster reativado, também responsável pela catapora. Como tal, é mais provável que você o contraia se já teve varicela antes.

O herpes zoster causa bolhas em uma pequena área da pele, mas evidências publicadas sugerem que a ventosaterapia, em específico a abordagem úmida, pode proporcionar alívio. Em uma meta-análise abrangendo oito ensaios clínicos randomizados com um total de 651 pacientes envolvidos, a ventosaterapia úmida mostrou benefícios promissores para pessoas com diagnóstico de herpes zoster.

Para testar os efeitos de cura, as lesões foram antes picadas com agulhas seguidas de uma sessão de ventosaterapia. Os pesquisadores concluíram que a ventosa úmida pode ser uma alternativa melhor em comparação à medicação para tratamento, pois ajudou a controlar melhor a dor e os sintomas do que os medicamentos.

Lembretes de segurança para ventosaterapia

Se você quiser experimentar a ventosaterapia, pode ficar apreensivo ao ver manchas da pele puxadas para cima, deixando marcas circulares. Mas não desanime, pois estudos confirmam que a ventosaterapia é no geral segura para adultos, desde que feita de maneira adequada.

No entanto, também existem alguns lembretes de segurança a se ter em mente. Segundo o praticante da MTC, Dr. Troy Sing, as ventosas não devem ser aplicadas em áreas com pele danificada, sobre artérias, veias, gânglios linfáticos, olhos, orifícios ou fraturas. Se feita de forma correta, a sucção deixada desaparecerá em 24 horas. No entanto, se você perceber que está desmaiando, com hematomas, suando ou sentindo tonturas, interrompa a sessão de imediato.

Sing aconselha buscar um profissional treinado e especializado na arte da ventosaterapia. Além disso, é melhor evitar a terapia com ventosas se alguma das seguintes situações se aplicar a você:

Em gestação

Idosos

Diagnosticado com hemofilia

Tomando medicamentos anticoagulantes

Distúrbios sanguíneos

Edema, que é o acúmulo de líquido sob a pele

Diagnosticado com câncer

Insuficiência de órgãos


🔍Recursos e Referências