📝RESUMO DA MATÉRIA

  • As taxas de autismo aumentaram de forma significativa desde 2000. 1 em cada 36 crianças agora é diagnosticada com essa condição. A exposição a campos eletromagnéticos pode desempenhar um papel na ativação de canais de cálcio regulados por voltagem, levando ao excesso de cálcio intracelular.
  • O excesso de cálcio intracelular interfere em seis mecanismos neuronais, afetando a sinaptogênese, incluindo migração neuronal, crescimento dendrítico, formação de sinapses, maturação e poda.
  • Mulheres grávidas são aconselhadas a minimizar a exposição aos CEMs para proteger seus bebês ainda não nascidos. As recomendações incluem evitar celulares, campos de Wi-Fi e usar materiais de blindagem.
  • A exposição a produtos químicos tóxicos, incluindo mercúrio, chumbo, ftalatos e pesticidas, também pode contribuir para o desenvolvimento do autismo ao interferir na atividade do receptor NMDA e aumentar o cálcio intracelular.
  • Estratégias para reduzir a exposição a CEM incluem identificar as principais fontes, limitar o uso de dispositivos sem fio, utilizar conexões de internet com fio e evitar aparelhos "smart". Consumir alimentos ricos em magnésio e que aumentam o Nrf2 pode ajudar a mitigar os danos causados pelos CEMs.

🩺Por Dr. Mercola

As taxas de transtorno do espectro autista, abreviado para TEA ou autismo, continuam aumentando entre os jovens americanos. De acordo com a Autism Parenting Magazine, cerca de 1 em cada 36 crianças são diagnosticadas com essa condição. Para dar uma outra perspectiva, a frequência do autismo é agora 241% maior do que as estatísticas registradas em 2000.

Como a exposição a CEM contribui para o autismo

No estudo de Pall, publicado na Brain Sciences, ele apresenta "um modelo causal que explica os mecanismos neurodesenvolvimentais, fisiológicos, bioquímicos, ambientais e genéticos dos TEAs".

Segundo Pall, o autismo pode ocorrer devido a disfunções na sinaptogênese nos cérebros em desenvolvimento das crianças. O mecanismo central por trás desse fenômeno é a ativação dos CCVs exacerbada pela exposição a CEM. Isso aumenta o [Ca2+]i, também conhecido como cálcio intracelular, causando autismo.

Para quem não conhece, sinaptogênese é outro termo para formação de sinapses. Sinapses são locais onde os neurônios se comunicam entre si, semelhante a um cabo telefônico conectando dois telefones. À medida que seu filho interage com o ambiente, seu cérebro forma novas conexões (sinaptogênese). "Resumindo, o cérebro do seu filho está se adaptando ao ambiente único dele e aprendendo a processá-lo de forma mais eficiente", de acordo com a Yale Baby School.

Os CEMs indutores de autismo mencionados ao longo da pesquisa de Pall são de origem artificial, o que significa que são gerados por correntes elétricas. Ele se refere a eles como CEMs "coerentes", que são "emitidos em uma direção vetorial específica, com uma frequência, polaridade e fase determinadas".

Por outro lado, ele se refere aos CEMs naturais como "incoerentes", pois são compostos de fótons emitidos em várias direções, polaridades e fases. Devido a essa incoerência, eles criam apenas uma quantidade minúscula de força magnética que provavelmente não representará uma ameaça à sua saúde.

Seis mecanismos nervosos afetados pelo excesso de cálcio intracelular

Pall destaca que, durante o período perinatal (antes e depois do nascimento), há seis mecanismos neuronais que impactam a sinaptogênese, e a causa provável é, como você pode ter imaginado, o excesso de cálcio intracelular. Em suas palavras, a inundação de cálcio "causa uma regulação anormal de cada um dos seis mecanismos", descritos abaixo:

Migração neuronal — Um processo que ocorre durante o desenvolvimento embrionário, os eventos de migração são essenciais para estabelecer as lâminas do córtex.

Crescimento dendrítico — Células curtas, estreitas e altamente ramificadas que funcionam como porções receptoras ou de entrada de um neurônio.

Formação de sinapses — Ocorre após o nascimento e desempenha um papel na criação de redes neurais.

Maturação da sinapse — O processo que modela uma sinapse para que ela possa atingir um estado de pleno funcionamento.

Poda sináptica — Aos 6 anos de idade, o cérebro do seu filho terá a capacidade de eliminar conexões neuronais menos importantes em troca de conexões de alta qualidade.

Função MeCP2 — Isso se refere ao gene que ajuda a manter as sinapses.

Quando as funções desses seis mecanismos são prejudicadas, ocorre a disfunção da sinaptogênese, o que pode resultar em autismo. De acordo com Martin:

"A disfunção da sinaptogênese produz alterações na conectividade dos tecidos no cérebro do autismo/TEA, que, por sua vez, são consideradas responsáveis por muitos sintomas do autismo. Ela pode atuar, em parte, para interromper e alterar a formação da rede neural, um possível mecanismo causal central do autismo/TEA".

Pall afirma que os seis mecanismos "demonstraram ser anormais em pacientes com autismo/TEA". Como, para ser exato? Mais uma vez, as evidências apontam para o excesso de cálcio intracelular por meio dos CCVs. Seu artigo cita dois estudos anteriores, publicados em 2007 e 2009, mostrando que o cálcio intracelular tem uma forte ligação com o autismo.

Para contextualizar, os CCVs, encontrados em altas concentrações no cérebro, desempenham um papel em processos intracelulares, como a liberação de neurotransmissores. Uma vez expostos aos CEMs, o cálcio invade as células, o que, com base na pesquisa coletada por Pall, pode causar uma disfunção sináptica, resultando em autismo.

Em outro estudo, resultados semelhantes foram observados. De acordo com os pesquisadores, os CEMs coerentes "podem causar uma ativação irregular de canais iônicos eletrossensíveis ou VGICs nas membranas celulares", o que pode levar a danos no DNA, resultando em infertilidade e câncer. Assim como Pall, esses pesquisadores também observaram que CEMs incoerentes, independente da intensidade, não causam problemas de saúde.

Bebês já correm risco de autismo antes mesmo de nascerem

Com base nos seis mecanismos afetados descritos por Pall, parece que o autismo pode começar antes mesmo do nascimento da criança. Em sua revisão, ele encontrou um estudo que comparava os níveis de exposição a CEM de mulheres que deram à luz bebês diagnosticados com autismo em relação a controles normais. A partir daí, ele observou que bebês nascidos com autismo corriam risco por causa do local onde a mãe dormia durante a gravidez, bem como o local onde o bebê dormia nos meses após o nascimento.

Se você estiver grávida, seria sensato minimizar sua exposição aos CEMs, pois isso é fundamental para proteger a saúde do seu filho ainda não nascido. Pall enfatiza as seguintes recomendações:

"Mulheres grávidas não devem usar celulares e telefones sem fio, devem evitar campos de Wi-Fi e usar conexões de internet com fio, evitar Bluetooth, não passar tempo perto de medidores smart, torres de telefonia celular, evitar linhas de alta tensão, etc.
Mulheres grávidas devem evitar ficar em prédios com muita eletricidade suja nas linhas de energia elétrica. Evitar tudo isso é muito desafiador. Uma segunda opção é usar uma blindagem para proteger o feto e o bebê após o nascimento.
Você pode comprar camisetas grandes e blindadas para proteger o feto, vestindo uma camiseta de tecido comum por baixo para minimizar o contato direto com o corpo. Esses materiais de blindagem têm um grande número de fibras metálicas (em geral de prata). Acredito que a blindagem atua sobretudo interrompendo a coerência dos CEMs, reduzindo de maneira significativa qualquer força elétrica ou magnética".

Outra opção é aplicar tinta de proteção nas paredes da sua casa. Elas costumam vir na cor preta e podem ser pintadas por cima após secarem para que você possa manter o design original da sua casa. Mais importante ainda, a tinta de blindagem protege sua casa de fontes de CEM dos seus vizinhos, algo sobre o qual você pode ter pouco controle. Pall também aconselha comprar um medidor de CEM para identificar os pontos críticos em sua casa.

NMDA-R e produtos químicos tóxicos — Outro caminho potencial para o autismo

O estudo de Pall também destaca o papel da exposição a produtos químicos tóxicos no desenvolvimento do autismo. Em específico, eles interferem na atividade do receptor NMDA (NMDA-R), aumentando assim o cálcio intracelular. O NMDA-R é o receptor de glutamato, que é o principal neurotransmissor excitatório do cérebro e também é importante para a plasticidade sináptica. Os produtos químicos mencionados na análise da Pall incluem:

Mercúrio

Chumbo

Cádmio

Arsênico

Ftalatos

Bisfenol A (BPA)

Substâncias polifluoroalquílicas (PFAS) ou "produtos químicos eternos"

Bifenilos policlorados (PCBs)

Pesticidas (organofosforados, carbamatos, organoclorados e piretroides)

Glifosato

Cada um desses produtos químicos possui mecanismos que podem estimular a atividade do NDMA-R, levando ao aumento do cálcio intracelular. Por exemplo, foi demonstrado que o BPA reduz a densidade da espinha dendrítica em modelos de teste em animais, o que é "consistente com os efeitos que produzem disfunção da sinaptogênese". Enquanto isso, a exposição ao paracetamol pode causar hepatotoxicidade e encefalopatia tóxica. Isso resulta em excesso de amônia que aumenta a atividade do NDMA-R, levando ao autismo.

Se esses produtos químicos estão presentes nos alimentos e no meio ambiente, o que você pode fazer para proteger você e seus filhos? Pall recomenda uma dieta orgânica para minimizar a exposição o máximo possível.

Estratégias adicionais para proteger sua família de CEMs

Não há dúvida de que a exposição a CEM é um risco significativo à saúde que precisa ser abordado em nível público. No entanto, a recente implementação do 5G e de outras tecnologias sem fio avançadas pode dificultar isso. Portanto, seria sensato focar em se proteger por enquanto.

Além das recomendações mencionadas por Pall, aqui está um resumo mais completo de estratégias de redução de CEM que você pode implementar:

Identifique as principais fontes de CEMs, como seu celular, telefones sem fio, roteadores Wi-Fi, fones de ouvido Bluetooth e outros itens equipados com Bluetooth, mouses sem fio, teclados, termostatos inteligentes, babás eletrônicas, medidores inteligentes e o micro-ondas da sua cozinha. O ideal é lidar com cada fonte e determinar como limitar melhor o uso delas.

Exceto em caso de emergência com risco de vida, não dê ao seu filho um celular ou qualquer tipo de dispositivo sem fio. As crianças são muito mais vulneráveis à radiação dos celulares do que os adultos, por terem os ossos do crânio mais finos. Pesquisas também demonstram que bebês de até 25 meses não aprendem a linguagem de maneira efetiva por meio de vídeos, e que eles aprendem melhor quando são ensinados por meio de interação pessoal.

Conecte seu computador à internet por meio de uma conexão Ethernet com fio e certifique-se de colocá-lo no modo avião. Além disso, evite teclados sem fio, trackballs, mouses, sistemas de jogos, impressoras e celulares. Opte pelas opções com fio.

Se você precisa utilizar Wi-Fi, desligue quando não estiver usando, sobretudo durante a noite quando você estiver dormindo. Para ter conexões físicas com a internet e poder eliminar o Wi-Fi, se possível, tente cabear sua casa com fios. Se o seu notebook não tem nenhuma porta Ethernet, você pode fazer a conexão física usando um cabo com adaptador USB para Ethernet.

Evite recarregar seu celular com carregadores sem fio, pois estes aumentam os campos eletromagnéticos pela casa. O carregamento sem fio também é muito menos eficiente em termos de energia do que usar um carregador comum, pois ele consome energia contínua (e emite CEMs), independente de você usá-lo ou não.

Desligue as fontes de eletricidade do seu quarto durante a noite. Isso funciona em geral para reduzir os campos elétricos provenientes dos fios nas paredes, a menos que exista alguma área adjacente ao lado do seu quarto. Se for o caso, talvez seja preciso usar um medidor para saber se também é preciso desligar a eletricidade no cômodo adjacente.

Use um despertador à pilha que, de preferência, não emita nenhuma luminosidade.

Considere a possibilidade de substituir o micro-ondas por um forno convencional, porque ele aquece de maneira segura e tão rápido quanto o micro-ondas.

Termostatos e eletrodomésticos "inteligentes" que dependem de sinais sem fio, devem ser evitados. Incluindo todas as "smart" TVs. Ao contrário do seu computador, nesses casos a emissão de sinais via Wi-Fi não podem ser desligada quando se trata destes dispositivos, os quais são chamados de inteligentes, porque emitem Wi-Fi próprio. Já que ele não emite sinais de Wi-Fi, considere a possibilidade de usar um monitor de computador grande no lugar da TV, em vez disso.

Se possível, recuse um medidor inteligente em sua casa. Se um medidor inteligente for inevitável, você pode instalar uma proteção sobre ele.

Em vez de usar uma babá eletrônica sem fio, considere a possibilidade de colocar o berço do bebê no seu quarto. Como alternativa, use um modelo de babá eletrônica com fio para monitorar o bebê.

Substitua as lâmpadas fluorescentes por lâmpadas incandescentes. Além de transferirem corrente elétrica para o seu corpo se você estiver perto das lâmpadas, elas emitem uma luz que não é saudável.

Evite carregar seu celular no corpo, a menos que esteja no modo avião, e nunca durma com ele no seu quarto, a menos que esteja no modo avião. Mesmo assim, ele pode emitir sinais, e é por isso que eu coloco meu celular em uma bolsa de Faraday.

Ao usar seu celular, use o viva-voz e mantenha o aparelho a pelo menos 1m de distância. Reduza ao máximo o tempo que você passa no celular. Em vez disso, use um software VoIP que você possa utilizar enquanto estiver conectado à internet por meio de uma conexão com fio.

Evite usar seu celular e outros dispositivos eletrônicos pelo menos uma hora (de preferência várias) antes de dormir, pois a luz azul da tela e os campos eletromagnéticos inibem a produção de melatonina. De acordo com a Sleep Foundation, a luz azul emitida pelo uso de computadores e celulares aumenta o tempo que você leva para adormecer.

Os bloqueadores dos canais de cálcio reduzem os efeitos dos campos eletromagnéticos. Portanto, certifique-se de ingerir magnésio suficiente. A maioria das pessoas tem deficiência de magnésio, o que piora o impacto dos campos eletromagnéticos. De acordo com o estudo de Pall, "a deficiência de magnésio é encontrada com frequência em pacientes com autismo e suplementos de sal de magnésio têm se mostrado úteis no tratamento do autismo".

Aumentar o Nrf2, um agente hormético biológico que aumenta a superóxido dismutase, a catalase e todos os outros antioxidantes intercelulares benéficos, também é útil, sobretudo porque reduz a inflamação, melhora a função mitocondrial e estimula a biogênese mitocondrial, entre outros benefícios.

Você pode ativar o Nrf2 consumindo compostos alimentares que aumentam o Nrf2, como o sulforafano presente em vegetais crucíferos, alimentos ricos em antioxidantes fenólicos, gorduras ômega-3 de cadeia longa DHA e EPA, carotenoides (em especial o licopeno), compostos sulfurados de vegetais allium, isotiocianatos do grupo do repolho e alimentos ricos em terpenoides.

Foi demonstrado que o hidrogênio molecular atua contra radicais livres produzidos em resposta à radiação.


🔍Recursos e Referências