RESUMO DA MATÉRIA
- Uma análise destinada a estimar a mudança potencial nas emissões de carbono e no uso de água de uma única substituição alimentar, descobriu que a substituição de uma refeição de carne bovina por peru poderia reduzir as emissões de carbono em 9,6% e o uso de água em 5,9%
- Um segundo anúncio na indústria de alimentos falsos, revelou que pesquisadores de Israel podem produzir leite de vaca sem a necessidade de animais, a partir de um processo de "fermentação de precisão" utilizando microflora. A peça de precisão é impulsionada pela inserção de DNA gerado por IA nos microrganismos
- Os defensores de alimentos falsos promovem a ideia de que o mesmo cria uma fonte de alimento sustentável. Mas o processo é mais sobre a criação de um ganho financeiro inesperado para aqueles que o possuem ou de fato investem, permitindo que alguns controlem as populações através da produção central e distribuição de alimentos
Por Dr. Mercola
Um estudo publicado no American Journal of Clinical Nutrition, procurou estimar o impacto potencial nos recursos de carbono e água quando uma única substituição alimentar foi feita no plano de dieta de uma pessoa. Pesquisadores analisaram diversos itens alimentares e descobriram que os alimentos de maior impacto podem reduzir a pegada de carbono e o uso de água. No entanto, as substituições sugeridas podem ter desafios de saúde adicionais.
Muitas das substituições de alimentos que os pesquisadores querem que você experimente também possuem níveis mais elevados de ácidos graxos ômega-6 na forma de ácido linoleico (LA). As gorduras ômega-6 são fundamentais para uma boa saúde. No entanto, uma dieta ocidental possui uma abundância de gorduras ômega-6 e poucas quantidades de ômega-3.
Essas duas gorduras devem ser equilibradas em uma proporção o mais próxima possível de 1 para 1. Considero o LA um dos contribuintes mais significativos para a disfunção metabólica. Em minha opinião, esse veneno metabólico é o principal contribuinte para o aumento das taxas de doenças crônicas.
O LA leva a disfunção mitocondrial grave, diminuição dos níveis de NAD +, obesidade, resistência à insulina e uma redução radical na capacidade de gerar energia. Ao considerar as substituições sugeridas pelos pesquisadores, considere também o teor de nutrientes dos produtos alimentares e o impacto a longo prazo que isso provoca na sua saúde. Em vez disso, existem melhores opções.
Substituir um único alimento pode reduzir a pegada (emissão) de carbono
Em janeiro de 2022, pesquisadores da Universidade de Tulane publicaram uma análise das informações de recordatório alimentar de 24 horas coletadas da Pesquisa Nacional de Exame de Saúde e Nutrição (NHANES) realizada de 2005 a 2010. A análise procurava estimar a possível mudança na pegada de carbono ou no uso de água, se uma única substituição alimentar foi realizada no grupo de 16.800 adultos pesquisados.
Os pesquisadores utilizaram o Índice de Alimentação Saudável (HEI) para avaliar a qualidade de cada dieta e, em seguida, colocaram os alimentos com maior impacto nas emissões de gases de efeito estufa no topo da lista. A pegada de carbono dos participantes foi calculada com base em sua dieta atual e outra vez com uma substituição hipotética de alimentos.
Os dados mostraram que o alimento com maior impacto nas emissões de gases de efeito estufa é a carne bovina produzida de modo convencional. O gado é criado em operações de alimentação animal concentrada (CAFO), sendo muito conhecido devido à produção de grandes quantidades de carbono e metano. Problemas adicionais com CAFOs foram observados em um estudo publicado pela Johns Hopkins em 2019:
- CAFOs são subsidiados pelo dinheiro do contribuinte
- Alimentos produzidos utilizam 12 vezes a energia necessária para produzir alimentos fora de uma CAFO
- Existem quase 20.000 CAFOs nos EUA, onde mais de 9 bilhões de animais são criados e abatidos todos os anos
- CAFOs são encontrados com mais frequência em comunidades de baixa renda
Animais criados em CAFO também são nutridos com alimentos que não consumiriam de modo natural, o que pode afetar a carne. Pesquisadores sugeriram que trocar um item alimentar de alto impacto por outro com pontuação semelhante no IES, poderia ter um impacto mensurável nas emissões de gases de efeito estufa. A intenção era fornecer uma substituição que não alterasse a qualidade da dieta que o participante havia escolhido.
Quase 20% dos entrevistados relataram consumir no mínimo uma porção de carne bovina por dia. Pesquisadores estimaram que, se esses 20% trocassem coletivamente uma porção de carne bovina por uma de peru moído, o impacto da emissão de gases de efeito estufa poderia sofrer em média 48% de redução e o uso de água poderia ser reduzido em 30%.
Pesquisadores analisaram o efeito geral que isso teria, se apenas 20% das pessoas que consumiam carne bovina todos os dias substituíssem uma refeição de carne bovina todos os dias. Dados mostraram que poderia reduzir a pegada de carbono em 9,6% e o uso de água em 5,9%.
Diego Rose, professor de nutrição e segurança alimentar da Escola de Saúde Pública e Medicina Tropical da Universidade de Tulane, comentou que seus dados mostraram que até mesmo etapas simples podem ajudar a fazer a diferença nas mudanças climáticas. Outra de suas recomendações é substituir o leite de vaca por produtos lácteos à base de soja.
Leite falso agora é possível
Um segundo anúncio de notícias falsas a respeito de alimentos, também foi feito em fevereiro de 2022. Após 15 anos de pesquisa na Universidade de Tel Aviv, a Imagindairy anunciou uma nova maneira de produzir proteínas à base de leite sem a necessidade de animais. Está sendo apresentado como “leite real completo, com proteínas lácteas. Mas sem nenhuma vaca.”
Quinze anos de trabalho produziram o processo, que a empresa Imagindairy utilizou para fechar um investimento de US$ 13 milhões (cerca de R$ 63,00 milhões) em sementes para comercializar a produção de proteínas lácteas sem a necessidade de animais. O CEO da empresa acredita que o mercado está em busca de mais alimentos falsos baseados em proteínas de origem animal.
A produção usa microorganismos em um processo que eles chamam de “fermentação de precisão”. Os cientistas afirmam que o processo produz soro de leite e caseína, sendo esses dois dos principais componentes do leite de vaca responsáveis por propriedades específicas, como sabor e textura. Os cientistas utilizam a microflora para desenvolver a caseína e soro de leite, após fornecer aos microrganismos a sequência de DNA para produzir essas proteínas.
A empresa possui esse processo específico sem a necessidade de uma vaca. Em vez disso, o projeto de DNA dado aos microorganismos é produzido através de um software. A microflora é adicionada a um tanque com água, nutrientes e açúcar. Como os organismos têm o DNA blueprint, durante a fermentação eles produzem as duas proteínas.
Os cientistas então separam as proteínas da microflora, após o que são filtradas, purificadas e secas. O pó resultante pode ser utilizado para fazer leite, cream cheese, iogurte e queijo. A empresa está promovendo a diferença nas emissões de gases de efeito estufa entre a produção de leite falso e a produção de gado leiteiro CAFO.
Sorvete cultivado em laboratório feito de fungos GE
Em um movimento semelhante, a empresa Perfect Day recebeu aprovação regulatória para desenvolver sorvete em 2019 utilizando proteína sem a necessidade de animais, feita de fungos geneticamente modificados. O processo de produção de proteínas do leite cultivadas em laboratório está longe de ser natural, porém a Perfect Day tentou contornar isso descrevendo o processo como “colaboração com a natureza”, que é outra maneira de descrever a manipulação do DNA dentro dos microrganismos.
A empresa Perfect Day, está impulsionando um futuro de alimentos falsos ao “trazer novos produtos para o mercado”. Eles criaram a Urgent Company como “a própria personificação do senso de urgência de nossa geração… de utilizar a ciência e a tecnologia para fazer coisas melhores e mais sustentáveis para todos nós.”
A FDA concedeu às proteínas GM o status reconhecido como seguro (GRAS), embora não se saiba quais serão as consequências a longo prazo do consumo desse falso alimento. A Perfect Day, também afirma que as proteínas utilizadas para fazer seus produtos são “algumas das proteínas mais puras da indústria alimentícia.”
A indústria de alimentos falsos traz proteínas cultivadas em laboratório, apontando o óbvio, que a produção de laticínios convencional e industrial, além da produção de carne bovina não são boas para os animais ou para o planeta. No entanto, a sugestão de que a única alternativa é criar alimentos sintéticos em laboratório está longe de ser verdade.
Práticas de Agricultura Regenerativa Conduzem a um Ambiente Limpo
O estudo da Universidade de Tulane, não considerou os danos gerais ao meio ambiente e à saúde humana, pois buscavam encontrar substitutos de alimentos. Em outras palavras, eles substituíram a carne cultivada com CAFO por frango ou peru cultivado com CAFO e leite de vaca por leite de soja.
A Impossible Foods, fabricante de carne, peixe e laticínios de plantas, procurou provar que tinha uma pegada de carbono melhor do que as fazendas de animais. Eles contrataram a Quantis para fazer uma análise, sendo essa um grupo de cientistas e estrategistas que ajudam seus clientes a agir com base em evidências científicas. Conforme o sumário executivo, seu produto reduz o impacto ambiental entre 87% e 96% nas categorias estudadas.
Esses incluíram o potencial de aquecimento global, ocupação do solo e consumo de água, dois dos fatores considerados no estudo da Universidade de Tulane. A Impossible Foods comparou o produto de carne falsa com a carne produzida em CAFOs, enquanto uma escolha mais saudável e sustentável é a carne produzida por vacas alimentadas com capim. No entanto, existe uma escolha mais limpa e saudável para a sua saúde e para o meio ambiente.
A White Oak Pastures em Bluffton, Geórgia, produz produtos alimentados com capim de alta qualidade através de práticas de pastoreio regenerativo. Eles encomendaram a mesma análise à Quantis e publicaram seu estudo de 33 páginas, demonstrando a comparação das emissões da White Oak Pastures com a produção convencional de carne bovina CAFO.
Enquanto a fabricação de carne falsa reduziu a pegada de carbono em 96% em algumas categorias, a White Oaks teve uma emissão total líquida em números negativos em comparação com a carne produzida pela CAFO. Além disso, a carne bovina a pasto de pastagens de White Oak teve uma pegada de carbono 111% menor do que uma típica CAFO dos EUA e seu sistema regenerativo capturou o carbono do solo de maneira efetiva.
A indústria de alimentos falsos também depende muito da produção de monocultura de soja, que prejudica o meio ambiente. Vale a pena notar que muito disso é soja transgênica que contém o ingrediente Roundup glifosato.
Além da soja, a pesquisa também alertou que o óleo de soja, que é um dos óleos de cozinha mais consumidos nos Estados Unidos, pode causar alterações neurológicas e metabólicas associadas ao autismo, doença de Alzheimer, diabetes tipo 2 e obesidade.
Recursos e Referências
- American Journal of Clinical Nutrition, 2022;115(2)
- Biomedicine and Pharmacotherapy, 2002;56(8)
- Science Daily, January 13, 2022
- US Department of Agriculture Food and Nutrition Service
- Action for the Climate Emergency, August 6, 2021
- Johns Hopkins, December 10, 2019
- Alliance for Natural Health, September 3, 2020
- Food Safety News, February 21, 2022
- Food Safety News, February 21, 2022, para 5
- Food Ingredients, June 9, 2021, para 1 above company history
- Popular Science December 2, 2020 Perfect Day
- Perfect Day Foods, Process
- Perfect Day, The Future Can't Wait
- Perfect Day, Urgent Company
- Food Safety News, February 21, 2022, What about food safety
- Impossible Foods, July 22, 2021 Mission
- Impossible Food, Environmental Life Cycle Analysis: Impossible Burger 2.0, March 20th, 2019 Table 1
- White Oaks Pastures
- Quantis, Carbon Footprint Evaluation of Regenerative Grazing at White Oaks Pastures
- One Green Planet, How the Growth of Monoculture Crops Is Destroying our Planet and Still Leaving us Hungry
- FDA, February 17, 2022
- Neuroscience News, January 17, 2020
- UC Riverside News, January 17, 2020
- The Financial Times, Lab-Grown Meat Isn't About Sustainability, It's Big Business
- TechCrunch, March 23, 2021
- The Guardian, April 5, 2021
- MIT Technology Review, February 14, 2021
- Business Today, February 23, 2021
- Forbes, March 22, 2021
- New York Post, February 27, 2021
- Organic Consumers Association, September 20, 2021